Por Dedé Rodrigues
No dia do professor “É preciso entender que sem professoras e professores não há escola de qualidade. Porque máquinas não socializam o conhecimento. Máquinas não entendem os problemas dos alunos e máquinas não solucionam acontecimentos imprevistos, máquinas não amam”. Professora Francisca, Portal Vermelho, São Paulo, 2023.
Desde cedo os pais enviam os filhos ou filhas para a escola com a expectativa de que eles mudem de vida e superem, inclusive aquilo que eles não conseguiram ser. Eles torcem para que aprendam as lições, os conceitos de humanas, as fórmulas de matemática, as regras de português etc. A intenção é que passem no ENEM, em um concurso público e enfim melhorem de vida. É fato que pais e professores se preocupam com o futuro dos filhos e dos alunos.
Mas o que tem ocorrido em sala de aula? Como estamos usando o tempo pedagógico do aluno? Muitas vezes os alunos terminam as tarefas antes de tocar e passam a conversar sobre assuntos alheios ao conteúdo trabalhado pelo professor. Outras vezes alguns brincam com os colegas atrapalhando aqueles que ainda não terminaram a tarefa. Alguns alunos, mesmo sendo uma minoria, fazem barulhos na sala de aula prejudicando os que ainda estão pesquisando.
Nos meu trabalho como docente percebi que poucos alunos realmente se preocupam com o tempo pedagógico. Quando perdemos a paciência e aplicamos alguma medida disciplinar, aquele(a) aluno(a) indisciplinado(a) saem chateado(as), por vezes até xingando o professor ou a professora. Quando o professor ou a professora preenche esse tempo pedagógico com uma atividade suplementar boa parte dos alunos e das alunas não gostam, acham chato, alegam que estão cansados de tantas atividades. O que fazer?
Diante disso constatei também que muita coisa precisa mudar na nossa prática pedagógica em sala de aula. Metodologias de ensino, critérios de avaliações, relação professor(a) - aluno(a), mais afetividade, diálogo, contrato didático, inovações tecnológicas, etc. A tarefa com essa nova geração não está sendo fácil. Porém, penso que mesmo sendo necessário algumas punições, reprimir não pode ser o único e melhor caminho utilizado pela escola e pelos docentes.
As causas da indisciplina são múltiplas e complexas. Situação política, econômica, social, psicológica, familiar, metodológica, tecnológica etc. Muitos de nós, pais e professores(as) estamos criando e educando uma geração individualista, desprovida de valores humanistas, valores coletivos, valores afetivos, solidários etc. Nosso paradigma político, econômico e social, o neoliberalismo, fracassou nessa tarefa. E somos nós, pais, docentes e discentes, que estamos construindo ou desconstruindo esse modelo de sociedade que temos. Percebam que a tarefa é coletiva.
Se os problemas são coletivos, múltiplos e
complexos, soluções simples e meramente punitivas, também não vão resolver. Um tecido
social desgastado, rasgado, não se resolve só tapando ou costurando alguns
buracos, pois as causas dos buracos estão no próprio tecido desgastado, no
próprio sistema. Tapamos um, abre-se dois. É preciso mudar o tecido velho por
outro novo. Mudar o modelo de sociedade que temos.
Mas como a mudança de um paradigma social
requer muita luta e muito tempo, precisamos ter paciência, ir “tapando os
buracos” com a perspectiva da mudança mais profunda, da realização do nosso
sonho, da nossa utopia: um paradigma socialmente mais justo, solidário,
inclusivo e democrático. Mas como fazer isso?
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