Na manhã de 7 de novembro de 1938, segunda-feira, Herschel Grynszpan, judeu de
17 anos, foi à embaixada alemã em Paris e pediu para falar com um oficial
responsável; depois de confirmar que seus familiares na Polônia e Alemanha
haviam sido presos e deportados, alvejou o diplomata com cinco tiros.
TERROR JUSTIFICANDO MAIS TERROR
Hitler, imediatamente após o atentado, turbinou o fato na mídia nazista,
apresentando seu correligionário como vítima inocente do terrorismo; despachou
imediatamente para Paris seu médico pessoal, Dr. Brandt, e o Dr. Magnus, famoso
cirurgião, para tentar salvar vom Rath – no que não tiveram sucesso.
Em consequência do ato do jovem Grynszpan, os judeus – antes já cruelmente
perseguidos pelos nazistas – foram apontados como “terroristas”, agentes do
“comunismo internacional”, e a onda de violência antijudaica virou tsunami nos
dias seguintes ao atentado, aprofundando a política de espoliação e extermínio.
Ao ser confirmada a morte de Ernst Eduard vom Rath, os nazistas, de forma
organizada, desencadearam a violenta campanha conhecida como “Kristallnacht” (Noite
dos Cristais), com a famigerada SA invadindo áreas judaicas de moradia e
comércio, destruindo, prendendo, batendo e matando.
TERROR DA NOITE DOS CRISTAIS
Reichskristallnacht (Noite dos Cristais do Reich), Reichspogromnacht (Noite
do Pogrom do Reich), são termos usados também para definir o ataque aos judeus
na noite de 9 de novembro de 1938, terror que se estendeu por mais um dia de
destruições, mortes e humilhações nas principais cidades do III Reich.
Vingando a morte de um único nazista, os nazistas mataram oficialmente (apenas
na Noite dos Cristais) 91 judeus. Se estima que 30 mil pessoas de origem
hebraica foram enviadas para campos de concentração como castigo pelo ato de
Herschel Grynszpan, e destes não se sabe quantos foram assassinados.
Óbvio que a vingança dos nazistas nada teve de emocional, nem nada justifica o
“placar inicial” de 1x91. O atentado cometido pelo jovem judeu – como
resposta violenta às repetidas violências que sua família e seu povo estavam
sofrendo – foi utilizado pelo verdadeiro algoz para se passar por vítima.
Há 85 anos, o “direito de autodefesa” – cinicamente – “justificou” o
esmagamento de uma população vulnerável: “um de vocês me arranhou, e por isso
vou massacrá-los e tomar os bens que lhes restam”. Os nazistas fizeram isso em
1938 contra os judeus, e – desde 1948 – os israelenses repetem essa lição
contra os palestinos.
*Arquiteto, jornalista, cartunista e ilustrador
O mundo gira. Saiba mais https://bit.ly/3Ye45TD
Postado por Luciano Siqueira às 14:06 Nenhum
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