Em meio a discordâncias sobre carga horária e itinerários, impasse político posterga decisão sobre reforma educacional
por Bárbara Luz
Publicado 12/12/2023 16:24
Na foto, o relator do PL do Novo Ensino Médio, deputado Mendonça Filho
(União Brasil-PE) | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
O governo Lula
busca retirar a urgência na votação do projeto do Novo Ensino Médio, alegando
divergências com o texto do relator, o ex-ministro da Educação durante o
governo Temer, deputado Mendonça Filho (União-PE). A discussão na Comissão de
Educação, na semana passada, resultou em acusações mútuas, levando a um
adiamento da votação prevista para esta terça-feira (12), e apontando para uma
possível resolução somente em 2024.
Carga horária e
itinerários formativos
O embate central
entre o relator e os deputados do governo concentra-se na carga horária.
Enquanto a legislação atual estabelece um limite de 1.800 horas para a base
curricular comum, o projeto do governo propõe a inclusão de disciplinas
adicionais, ampliando para um mínimo de 2.400 horas, incluindo disciplinas como
espanhol, artes, educação física, química, biologia, história, geografia,
sociologia e filosofia.
A divergência cria
impasses, especialmente quando relacionados à formação técnica, gerando
preocupações sobre a viabilidade dessa modalidade de ensino.
O governo Lula
justificou sua proposta com base em consultas públicas, onde pais, professores
e estudantes argumentaram que a redução da carga horária comprometeria a
qualidade da formação dos alunos.
Mendonça Filho, no
entanto, argumenta que a exigência de 2.400 horas para a base comum tornaria a
formação técnica inviável, especialmente para os estados. “Duas mil e
quatrocentas horas não dá, não cabe. Para os estados, essa proposta inviabiliza
a educação técnica no Brasil”, enfatizou o relator, que propõe a redução da
formação geral comum. “O que não significa diminuir a aprendizagem”, completou.
Por outro lado,
deputados contrários à sua proposta enfatizam a fragilidade da formação básica
dos estudantes e questionam a lógica de melhorar a qualidade reduzindo a carga
horária.
Além disso, a
controvérsia se estende aos itinerários formativos. Enquanto o texto do governo
limita a organização desses itinerários, determinando a inclusão de componentes
de pelo menos três áreas de conhecimento, os sistemas de ensino atuais
desfrutam de maior autonomia nesse aspecto.
A presidenta da
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Jade Beatriz, em vídeo
publicado nas redes sociais, enfatiza a importância das 2.400 horas e propõe o
fim dos itinerários formativos, sublinhando a necessidade de preservar uma
educação universalista.
“O relator desse
projeto de lei que foi enviado ao Congresso Nacional, depois de muita luta dos
estudantes brasileiros, quer alterar todo o texto. E nós, que garantimos que a
consulta pública acontecesse, que entendemos a importância de ouvir todos os
estudantes para podermos construir uma nova proposta, acreditamos que as 2400
horas precisam permanecer e queremos o fim dos itinerários formativos”, diz
Jade.
Deputados como
Prof. Reginaldo Veras (PV-DF) e Fernanda Melchionna (Psol-RS) expressaram suas
preocupações. Veras destacou a contradição entre a intenção de melhorar a
qualidade do ensino e a redução da carga horária, enquanto Melchionna criticou
a modalidade de itinerários livres, apontando exemplos como a oferta de
disciplinas consideradas não fundamentais, “como fazer brigadeiro” e “RPG” nas
escolas brasileiras durante a pandemia.
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Com informações de
agências
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