19 de janeiro de 2024 Por Marcelo Patriota
Após a expansão observada em 2021, com uma taxa real de crescimento de 17,1%, as transferências estaduais de ICMS no Brasil sofreram um recuo de 3,3% em 2022, alcançando o montante de R$ 167,72 bilhões, sendo que no ano anterior o valor foi de R$ 173,52 bilhões. O levantamento é do anuário MultiCidades – Finanças dos Municípios do Brasil.
De acordo com a economista Tânia Villela, editora do anuário, a partir
de fevereiro de 2022, com a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, dois dos
maiores exportadores globais de petróleo e gás, iniciou-se nova escalada
inflacionária dos combustíveis. “Com isso, em 23 de junho de 2022, a fim de
conter a elevação dos preços, o Governo Federal (Bolsonaro) editou a Lei
Complementar n° 194 que classificou os combustíveis, a energia elétrica, as
comunicações e o transporte coletivo como bens e serviços essenciais para fins
de tributação. Dessa forma, o ICMS sobre esses itens passou a ter alíquotas
máximas de 17% ou 18%, variando entre os estados segundo suas próprias normas.
Antes da mudança, as tarifas da gasolina, por exemplo, situavam-se entre 23% e
34%”. Vilela explicou arrecadação que havia crescido 4,5% em termos reais no
primeiro semestre de 2022, comparado a igual período do ano anterior, sofreu um
forte revés de 10,2% no segundo semestre, fechando o ano com perda.
Quanto à distribuição por habitante, dados do MultiCidades apontam que,
em 2002, os municípios brasileiros recebiam, em média, R$ 500 de ICMS por
habitante, em valores corrigidos pelo IPCA médio de 2022. Esse valor cresceu
até atingir R$ 838 em 2022, um aumento de 67,6%. Para municípios com até 20 mil
habitantes, a cifra mais que dobrou (139%) nesses 20 anos, passando de R$ 434
para R$ 1.036.
OS 10 MAIORES ICMS
MUNICIPAIS DO PAÍS EM 2022 – Reprodução
Para a economista, a distribuição do ICMS per capita entre as grandes
regiões reflete os desníveis socioeconômicos existentes no país.
“Em 2022, o Norte e o Nordeste registraram os menores indicadores de
repasse per capita de, respectivamente, R$ 705 e R$ 509. No Centro-Oeste,
bastante forte no agronegócio e com baixos níveis populacionais, o indicador
foi de R$ 1.046, o maior entre todas as regiões. No Sudeste e no Sul, onde o
peso da indústria é maior, porém, são regiões mais populosas, os repasses per
capita de ICMS foram de R$ 990 e R$ 987, respectivamente”, ressaltou Tânia.
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