Riqueza dos cinco mais ricos do mundo aumentou 114% desde 2020, enquanto a de 5 bilhões de pessoas diminuiu no mesmo período. Brasil persiste
por Lucas Toth
Publicado 15/01/2024 12:56 | Editado 15/01/2024 14:02
Foto: Reprodução
A riqueza dos cinco
maiores bilionários do mundo dobrou desde 2020, enquanto cerca de 5 bilhões de
pessoas, ou 60% da população global, viu sua renda diminuir no mesmo período. É
o que diz o relatório “Desigualdade S.A.”, divulgado nesta segunda (15) pela
ONG Oxfam.
O levantamento foi
publicado por ocasião do encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos, que
reúne nos Alpes suíços o topo da pirâmide política e econômica global.
O estudo revela que
a soma de bilionários do planeta está US$ 3,3 trilhões —ou 34%— mais rica do
que no início desta década de crise, e seu patrimônio cresceu o triplo do que a
inflação no período.
Enquanto isso, a
riqueza dos 60% mais pobres, que era de 2,26%, caiu para 2,23%, segundo os
dados compilados pela ONG a partir do Relatório Global de Riqueza de 2023, do
banco suíço UBS, e dos dados globais de riqueza do Credit Suisse relativos a
2019, período anterior à pandemia de coronavírus.
O estudo traz dados
que escancaram a desigualdade social também no Brasil, onde quatro dos cinco
bilionários mais ricos aumentaram em 51% sua riqueza desde 2020; ao mesmo
tempo, 129 milhões de brasileiros ficaram mais pobres.
“O G20, atualmente
sob a liderança do Brasil, deve defender um novo acordo internacional para
aumentar os impostos sobre a renda e o patrimônio dos indivíduos mais ricos do
mundo”, diz o relatório, cobrando uma iniciativa de Lula para a taxação das
grandes fortunas como forma de reduzir a desigualdade no mundo.
Segundo o
relatório, houve redução de impostos cobrados das grandes corporações nos
países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A
Oxfam ainda cita o Brasil como exemplo de país que não cobra impostos dos
lucros transferidos para acionistas das grandes empresas.
“A redução dos
impostos cobrados de empresas ocorreu juntamente com uma tributação muito baixa
dos tipos de rendimentos que elas pagam aos seus acionistas. Nos países da
OCDE, a alíquota marginal máxima média sobre dividendos diminuiu muito desde
1980, de 61% para 42%, e em alguns países, como o Brasil, eles simplesmente não
são tributados.
Além disso, a renda
recebida com a venda de ações em empresas é tributada, em média, em apenas 18%
em 123 países, muito abaixo das alíquotas mais elevadas aplicadas à renda do
trabalho (cerca de 31% nas maiores economias do mundo)”, diz o estudo.
A Oxfam liga o
aumento de patrimônio dos mais ricos a um aumento do poder das corporações e ao
crescimento do monopólio em diversos setores, o que se reflete, para a ONG, à
forte presença de presidentes-executivos de empresas entre os bilionários e
vice-versa. Segundo o relatório, 37% dos CEOs das 50 maiores empresas do mundo
estão na lista de bilionários.
Isso ocorre
especialmente no de tecnologia —3 dos 5 mais ricos do mundo advêm dessa área
(Musk, o dono da Amazon, Jeff Bezos, e o da Oracle, Larry Ellison; o segundo é
Bernard Arnault, do grupo de varejo de luxo LVMH, e o quinto é Buffett)— e
catalisa a desigualdade geográfica.
Além da
desigualdade entre pobres e ricos, com 50% dos ativos globais nas mãos de 1% da
população (ou 60%, no caso brasileiro), o estudo ressalta os abismos entre
países ricos e países pobres; a diferença de renda entre brancos e negros e a
falta de equidade entre homens e mulheres.
Em 2023, 69% da
riqueza e 74% dos bilionários se concentravam nos países mais desenvolvidos,
localizados sobretudo no hemisfério Norte e que abrigam apenas 21% da
população.
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