sábado, 2 de fevereiro de 2013

Tragédia em Santa Maria.

Mais de 70% das casas noturnas no país não respeitam normas.

As falhas da boate Kiss que resultaram na tragédia que matou, até agora, 236 pessoas em Santa Maria (RS) se repetem criminosamente em todo o Brasil.

 
Conforme levantamento feito pela Revista Isto É, mais de 70% das casas noturnas não respeitam normas mínimas de segurança e ameaçam a vida dos frequentadores.

Por todo o país, diversos proprietários negligenciam o capítulo segurança em suas casas noturnas e centenas delas foram interditadas pelas autoridades dos estados da Bahia, Amazonas, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Esses espaços de reunião – fiscalizados após a tragédia de Santa Maria – apresentavam falhas de segurança semelhantes às da Kiss. Somente em Manaus, 66 boates e bares foram interditados, inclusive a Tropical Club, uma das mais frequentadas da cidade, que leva o nome do luxuoso hotel que a abriga. Nela, as saídas de emergência estavam fechadas e os extintores de incêndio não tinham sinalização. Em Salvador, várias boates funcionavam sem alvará, uma delas – localizada no bairro boêmio do Rio Vermelho – era uma borracharia pela manhã e uma danceteria à noite.

Em Florianópolis, 31 das 47 boates irregulares não possuem planos de prevenção contra incêndio. O Corpo de Bombeiros do Ceará fechou as casas de show Kukukaya e Terraço e as boates L4 Up Club e Meet Music & Lounge, todas de Fortaleza. Lá, 70% das boates apresentam problemas. No Estado do Rio de Janeiro, a fiscalização constatou que apenas 5% dos estabelecimentos estão regulares.

Na capital paulista, de acordo com a prefeitura, 600 boates estão sem alvará de funcionamento, número três vezes maior do que as que funcionam legalmente. A culpa, admite o próprio poder público, nem sempre é do proprietário, mas sim de burocracias internas do órgão municipal. Para agravar a situação, em uma blitz do Corpo de Bombeiros realizada na semana passada em todo o Estado, de 303 casas fiscalizadas, 177 apresentaram problemas relacionados à segurança. Dessas, 66 têm o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), mas possuem falhas, como luz de emergência apagada ou extintor de incêndio vencido, e 111 nem sequer dispõem do documento. A Kiss, de Santa Maria, funcionava sem alvará desde agosto de 2012. Tanto a prefeitura quanto os bombeiros sabiam disso e fizeram vistas grossas. Agora, o prefeito e o comandante da corporação podem ser corresponsabilizados pelas mais de 200 mortes.

Em São Paulo, a Outlaws, casa de música sertaneja do músico Luan Santana, exibia até a semana passada em sua página no Facebook fotos de grupos de frequentadores – a casa comporta 800 pessoas – segurando garrafas de champanhe acopladas a artefatos pirotécnicos em ambiente fechado. De acordo com a assessoria de imprensa do local, a cena não vai mais se repetir. Outra prova de que durante muito tempo convivemos sem saber com a insegurança nos espaços de diversão é uma pesquisa divulgada pela Proteste Associação de Consumidores em 2011. O resultado do estudo, que avaliou quesitos básicos de segurança em 17 casas de São Paulo e Rio de Janeiro, já mostrava a fragilidade do cumprimento de normas de segurança à época: nenhum dos estabelecimentos cumpria todos os critérios necessários. “Vimos várias situações de risco. Nenhuma casa possuía a lotação máxima afixada na porta, algumas tinham as saídas de emergência obstruídas e outras nem sequer possuíam extintor de incêndio em lugar visível”, comenta Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste.

Com informações da Revista Isto É publicadas em Sul21.

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