Post divulga próximos passos do Movimento dos Sem Mídia e
analisa a pesquisa Datafolha
Por Eduardo Guimarães no Blog Cidadania
Até a manhã de domingo, o post intitulado “Você vai ficar
parado assistindo o golpe prosperar?” recebeu cerca de 900 comentários de
leitores de todas as partes do Brasil e também do exterior, os quais se uniram
a este que escreve no entendimento de que os fenômenos que se produziram no
país em junho decorreram de orquestração com fins políticos.
Vale explicar a falta de precisão sobre o número de leitores
que apoiam a teoria da orquestração e o chamamento para que se unam ao
Movimento dos Sem Mídia a fim de elaborar estratégias para enfrentar um
movimento de viés fascista que buscou, desde o primeiro passo, interferir nas
eleições do ano que vem. Não há número
fechado porque esse contingente segue crescendo enquanto este texto se escreve
praticamente sozinho.
Antes de prosseguir, porém, é preciso avaliar a importância
de um contingente como esse de cidadãos romper o surto de covardia que se
abateu sobre o país e que tornou “crime de traição” discordar da nova ordem, a
“ordem das ruas”, a contaminação fascista que assola o Brasil.
Se um simples blog consegue reunir quase mil pessoas
desconfiadas do rumo dos acontecimentos em pouco mais de um dia, é de se
imaginar quanta gente, por aí, percebe que há um golpe político em andamento.
O mérito da iniciativa desta página, portanto, está sendo o
de impedir que a Onda de protestos sem causa e sem rumo que tomou o país se
torne “unanimidade” da boca das pessoas para fora, pois, como fica claro em
incontáveis depoimentos de leitores no post anterior, quem discorda está
sofrendo pressão em seus meios sociais e profissionais e, nesse processo,
sente-se intimidado e coagido a “mudar” de posição ou a se calar.
Alguns dirão que cerca de 900 pessoas (até aqui) espalhadas
pelo Brasil não são nada diante de cerca de um milhão que foram às ruas.
Contudo, antes deste post tenho certeza de que nenhuma outra página na internet
mostrou tão claramente como a desconfiança dessas manifestações é um sentimento
latente e sufocado.
Além disso, aqui não se pediu simpatia aos leitores que
aderiram ao chamamento feito, pediu-se engajamento, o que, por certo, limitou a
adesão – além, é claro, do medo de muitos de se exporem a uma discordância que
vem se tornando quase que proibida em meio a um processo catártico que está
levando as pessoas a deixaram de raciocinar e a se tornaram, em boa parte,
legitimamente fascistas ao agredirem, verbal ou fisicamente, quem discorda.
A essas pessoas que aderiram ao chamamento do Blog, informo
que já estão sendo cadastradas com base em seus nomes, cidades e Estados. O
primeiro passo, porém, será varrer o arquivo de comentários para retirar nomes
repetidos em mais de um comentário da mesma pessoa e manifestações que não são
de adesão.
Contudo, já se pode dizer que os comentários inadequados à
natureza do post não passam de algumas poucas dezenas em meio a cerca de nove
centenas de adesões.
A partir da primeira lista que for composta, um e-mail
coletivo será enviado e cada pessoa que se manifestou simpaticamente à causa do
Movimento dos Sem Mídia receberá instruções por esse meio.
Em primeiro lugar, será pedido àqueles que não informaram em
que cidade e Estado residem que complementem a informação. Anexada ao e-mail,
haverá uma ficha de inscrição em que serão pedidos dados adicionais, como
telefone, endereço etc., de forma a compor o cadastro do MSM.
O passo seguinte será separar as pessoas de São Paulo de
forma a que participem fisicamente de uma Assembleia que será feita em
auditório nesta cidade em data que será discutida após concluir a tabulação dos
dados.
Simultaneamente, pessoas de outros Estados ou mesmo de
cidades paulistas mais distantes da capital que não puderem vir a ela serão
instruídas sobre como poderão ajudar até que em suas regiões tenhamos massa
crítica para organizar um evento similar ao de São Paulo.
Este que escreve está disposto a percorrer o país para
organizar o MSM em outras regiões. Independentemente da política, pois tempos
sombrios se fazem anunciar e quando os olhos e mentes se abrirem pelo menos os
que enxergaram antes já terão se organizado de alguma forma.
Nesse aspecto, há que fazer comentários sobre a pesquisa
Datafolha que mostrou derretimento da popularidade da presidente Dilma Rousseff
e que foi divulgada cerca de 12 horas após a publicação do post em que foi
feita a exortação aos seus leitores para que nos organizemos contra o golpe
político em curso no país.
Nas redes sociais Twitter e Facebook, em comentários aqui no
Blog, em telefonemas e e-mails que recebi, perguntaram-me se tenho bola de cristal,
pois o tom do post de convocação de pessoas assumiu grande sentido diante de
uma queda de aprovação de Dilma que ficou claro que surpreendeu a todos pela
sua profundidade.
Só ficou surpreso, porém, quem não lê este Blog ou, se lê,
não acredita nele. A queda pronunciada de popularidade da presidente já vinha
sendo avisada desde a pesquisa Datafolha anterior, que já mostrava queda de 8
pontos percentuais e que foi confirmada pelo Ibope.
Em meio à desorientação que se produziu inclusive no partido
da presidente após a divulgação da pesquisa, pois boa parte do PT deu apoio a
manifestações que agora se sabe que foram mais prejudiciais a esse partido do
que a qualquer outro, vão surgindo tentativas de edulcorar a realidade, como
comparações com a perda de popularidade de Lula durante o escândalo do
mensalão, em 2005, e suposições de que “todos os políticos” perderam aprovação.
Não é assim. Marina Silva, por exemplo, se deu muito bem.
Sua distância para Dilma nas pesquisas sobre a sucessão presidencial do ano que
vem, ficou pequena – menos de dez pontos percentuais, em alguns cenários.
Há hoje risco real de o país, ano que vem, eleger uma
presidente que flerta com o fanatismo religioso e que, além de posições
legitimamente de direita – que se aproximam das do deputado Marco Feliciano, o
presidente homofóbico e racista da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos
Deputados –, não tem um partido político de verdade por trás de si.
Aécio Neves também melhorou um pouco no Datafolha, em alguns
cenários. Mas o mais importante é que os protestos não o afetaram muito. O
grande prejuízo, portanto, foi de Dilma.
Claro que governantes estaduais e municipais de partidos que
fazem oposição ao governo federal, como o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, ou o de Minas Gerais, Antonio Anastasia, também sofreram fortes abalos
de popularidade. Contudo, nenhum deles tinha tanto a perder quanto Dilma, que
tinha uma reeleição quase garantida
O principal problema de Dilma, portanto, não é só o processo
de desmoralização em que foi atirada pelo que este blogueiro e quase mil de
seus leitores afirmam ter sido resultado de orquestração. O problema é que seus
adversários, ano que vem, terão a mídia a seu favor e, em uma situação como a
atual, esse apoio pode ser decisivo.
A mídia conservadora apoiará qualquer um que esteja mais
perto de pôr fim aos governos do PT. Eduardo Campos, Marina Silva e Aécio Neves
terão apoio contra Dilma. Quem dos três tiver mais chance, será apoiado
decididamente por Globos, Folhas, Vejas e Estadões.
Mas, em verdade, o processo político esquizofrênico em que o
país mergulhou deve, isso sim, ressuscitar José Serra. Com Dilma fraca, o
recall (lembrança) dele se tornou uma arma fortíssima para vencer a sucessão
presidencial. Aliás, esse clima a favor do tucano foi antecipado aqui no post
“Convite a Serra pra soltar rojão no Roda Morta diz tudo“.
Pior do que isso: há notícias de que o vice-presidente
Michel Temer está sendo assediado pela oposição para que comece a dar
declarações vira-casacas sobre o governo Dilma, quem alguns oposicionistas mais
exaltados e alguns meios de comunicação sonham em submeter a impeachment. A
Temer caberia iniciar o desmonte das políticas públicas petistas, sobretudo as
sociais, antes mesmo de 2015.
Dilma está morta? Lula pode se candidatar em lugar dela?
Bem, Dilma ainda tem aprovação e intenções de voto maiores
do que as que qualquer adversário tem individualmente, e Lula, nas simulações
do Datafolha, aparece quase tão forte quanto de costume. Ou seja: quem acha que
o PT está morto, está se precipitando e a chance de quebrar a cara não é
pequena.
Até porque, apesar das negativas que sobrevirão por parte do
PT e de membros do governo Dilma, lembremo-nos de que Lula sempre afirmou que
se, por alguma razão, a sua afilhada política não pudesse enfrentar a sucessão
presidencial de 2014, aí, sim, ele poderia voltar.
Se Lula for disputar a sucessão de Dilma, portanto, isso só
ocorrerá na undécima hora da disputa do ano que vem, no prazo limite para
apresentação de candidaturas. Até lá, o PT, o próprio Lula e todo o governo
Dilma negarão até a morte essa possibilidade, pois, uma vez materializada ou
admitida por petistas e governistas, mataria este governo de vez.
Para animar quem já estiver mortificado, há que lembrar que
Lula não precisa construir sua candidatura. A dele está pronta. Não há
brasileiro que não o conheça e, ao contrário de Dilma, ele mantém laços
afetivos com o povo brasileiro. Só terá que arrumar um meio de justificar a
indicação de Dilma em 2010, mas a política permite “explicações” como essa.
Voltando à realidade, há que tocar na questão da economia.
Dez entre dez analistas econômicos já concluem que as manifestações produzirão
um baque econômico de proporção ainda não sabida, mas do qual a mídia
oposicionista irá se aproveitar para espalhar ainda mais o pânico entre os
investidores, os empresários e a população em geral.
O ódio ao PT é tão grande que esses criminosos não se
importam de destruir o país para derrotar o partido.
Eis que o risco-brasil, que norteia empresários e
investidores, está em torno de 180 pontos. Já é o triplo em relação a maio,
antes das manifestações. O real foi a moeda que mais perdeu valor no mundo em
junho, pelo mesmo motivo. A atividade econômica está despencando, até porque o
comércio das grandes cidades sofreu, até agora, mais de R$ 1 bilhão de
prejuízos com as depredações e saques “pacíficos”. Além do que, perdeu
incontáveis horas de trabalho. Isso sem falar nas estradas bloqueadas por
manifestantes, o que afetou a produção industrial.
Um desastre.
O que se teme, após tudo isso, é um recrudescimento do
desemprego. Entre o fim de 2008 e o começo de 2009, quando explodiu a crise
internacional, um número impressionante de empresários promoveu “demissões
preventivas” assustado pela mídia, que dizia que o país iria quebrar. Nesse
processo, perderam-se 800 mil postos de trabalho.
Recomenda-se aos eventuais demitidos que batam à porta do
PSOL, do MPL ou de qualquer outro que incensou esse delírio coletivo que
engolfou o país e peçam a eles um emprego novo…
O quadro não é bonito, meus amigos. Eis o que esses
irresponsáveis fizeram com o Brasil. Estávamos indo bem, a economia estava
reagindo, a desigualdade caindo, o nível de emprego no patamar mais alto da
história, os salários valorizados como nunca…
Não se pude dizer que tudo tenha sido destruído. Mas o que
já se perdeu, até aqui, foi imensurável. E o pior é que continuam tentando
manter o incêndio vivo. Tenho visto até petistas continuando a exaltar o MPL e
incentivando mais manifestações “pacíficas” enquanto se recusam a admitir o
erro fatal que foi apoiar essa loucura.
A grande maioria do PT, de todos os partidos, da mídia, de
jornalistas e de blogueiros sabe que houve uma orquestração do PSOL, acima de
qualquer outro. Mas quase ninguém quer dar a cara a tapa e alguns, por
interesse ou por teimosia, não querem admitir o que vai ficando cada vez mais
claro.
O Movimento dos Sem Mídia, para os despertos que frequentam
este espaço, constitui-se em uma boia salva-vidas. Ao menos do ponto de vista
moral. Não se pode deixar que as pessoas sucumbam às pressões sociais que
tentam calar discordâncias. O mais importante, neste momento, é não sucumbir à
tentação de se render.
No momento, este que escreve e seus leitores já conseguiram
uma grande vitória. As cerca de 900 pessoas que deixaram seus dados aqui e que
se dispõem a se organizar nesse movimento podem se tornar uma luz a guiar quem
quiser escapar das trevas que se abatem sobre o Brasil. É só o que nos cabe
nesse latifúndio, ao menos por enquanto.
A você que corajosamente aderiu ao chamamento deste Blog e
do Movimento dos Sem Mídia, dou as boas-vindas e aviso que logo estaremos em
contato. Parabéns por seu destemor. É de pessoas como você que o Brasil mais
precisa neste momento.
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