O instituto Datafolha até que dava para enganar um pouco
enquanto estava se limitando a falar em queda da popularidade. Em momento de
alarmismo seria possível muita gente que avalia a gestão Dilma como Boa passar
a responder Regular. E voltar a responder "Boa" de novo após a poeira
baixar.
Agora que o instituto divulgou essa pesquisa de intenção de
voto, nem dá mais para levar a sério, tamanha a falta de lógica dos números.
Segundo o Datafolha, as intenções de voto em Dilma teria
caído a 30%. Isso é exatamente igual ao que o instituto diz ser a avaliação de
Ótimo/bom. Ninguém respondeu regular ?
Me parece impossível. Vá lá que nesse momento, quase de histeria no noticiário,
Dilma tenha perdido alguns pontos, mas não deve ser tanto assim. É preciso
aguardar outras pesquisas mais confiáveis.
Marina Silva ter subido na pesquisa (de 16% para 23%) não
deixa de ser previsível, apesar do número parecer inflado. Ela está apostando
na negação da política, e este pode ter sido seu melhor momento.
O que queima o filme do Datafolha de vez, e não dá para
acreditar, é que Aécio Neves (PSDB-MG), tenha subido (de 14% para 17%). Aécio é
político tradicional e profissional. Ele nunca trabalhou em outra coisa na
vida. Só em cargos nomeados por políticos, depois foi deputado, governador e
agora senador. Tem imagem associada aos privilégios daquele tipo de político
que ganha muito, usufrui das mamatas dos cargos, de nepotismo e trabalha pouco.
Ele vem de família oligárquica política há pelo menos três gerações. Tem a
imagem nítida do político rejeitado nas passeatas recentes. Não tem a minima
chance do tucano subir nas pesquisas
neste momento.
Além disso, como explicar as passeatas em Belo Horizonte
estare entre as maiores e mais violentas? As críticas que estão tentando
direcionar apenas para Dilma, atinge em maior grau Aécio. O que ele fez pela
saúde e educação em Minas, quando foi governador? Em vez de construir hospitais
e escolas fez um palácio bilionário em
um centro administrativo. E foi ele quem
controlou a licitação e contrato para reformas no Mineirão, e é o responsável
por aceitar e pagar os custos das obras.
Aliás, em uma pesquisa feita apenas entre os manifestantes
durante em Belo Horizonte, Aécio ficou
em quarto lugar entre os presidenciaveis.
Por fim, ele não mostrou liderança durante os protestos,
para se favorecer. Esperou a presidenta se manifestar para apenas rebater, e
ainda foi na contramão da opinião pública, indo contra o plebiscito para a
reforma política, coisa que conta com amplo apoio popular.
Então não dá para engolir esse estória de Aécio subido na
pesquisa.
Eduardo Campos também subiu neste Datafolha sinistro (de 4%
para 7%). É outro mistério. Ele também tem um perfil de político próximo ao de
Aécio.
A lógica indica que nenhum político tradicional saiu
propriamente bem na fita nestes protestos. Todos precisam dar respostas à
população. Se Dilma realmente tivesse caído muito, a pesquisa deveria indicar
queda de todos, ou então, pela lógica, a pesquisa não está honesta.
O Datafolha tem um histórico de soltar pesquisas, digamos,
anormais, e favoráveis aos tucanos, em períodos distantes das eleições. Em maio
de 2010, quando todos os outros institutos já mostravam Dilma ultrapassando
Serra, o Datafolha destoava, e continuou mostrando Serra na frente até julho.
Em agosto, o Datafolha se ajustou aos números dos demais institutos (Figura
abaixo).
Por tudo isso não dá
para levar essa pesquisa a sério. Temos que aguardar outras. Isso sem
negligenciar a voz das ruas
Em tempo:
Um ingrediente a mais foi esse testemunho do jornalista
Gilberto Nascimento, publicado no dia 21, no Viomundo:
Há cerca de uma hora, na esquina de casa, vi uma mulher
abordando outra para perguntar o que achava das manifestações e quebra-quebra
no País e se era a favor do que vinha acontecendo.
Como o assunto me interessou, parei e fiquei um pouco
próximo para ouvir do que se tratava. A mulher que perguntava tinha um crachá
branco e azul, com o nome do Datafolha.
Minha surpresa foi quando a pesquisadora indagou em quem a
mulher votava e se ela gostava da Dilma e do Lula. A entrevistada respondeu que
votava e continuaria votando no PT.
Aí, a tal pesquisadora respondeu: “Fala baixo, você pode
apanhar”. Cheguei perto e questionei: “como pesquisadora, a senhora não pode
interferir nas respostas”. A suposta representante do Datafolha disse que só
estava avisando “porque gente do PT estava apanhando ontem na Paulista”.
Respondi novamente: “a senhora quer amedrontar a
entrevistada? Quer que ela mude de opinião?”. Peguei o nome da entrevistadora
no crachá e disse que iria informar o instituto.
Pelo visto, é assim que se colhe a opinião do povo nas ruas.
E preparem-se: nas próximas horas pode sair uma nova pesquisa dizendo que o
povo não quer mais a Dilma e o PT no poder.
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