Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Ok, funcionou.
A falta de clareza do governo Dilma, sua abulia comunicativa
e a escolha errada dos canais de contato com a população deixaram terreno para
que as manifestações de rua – que começaram com a questão local, o aumento das
tarifas de transporte – se generalizassem, com a ajuda luxuosa dos governadores
Geraldo Alckmin e Sérgio Cabral, que mandaram descer o porrete nas pessoas e da
mídia, que logo transformou “coxinhas” como o da Veja em heróis da pátria.
E a popularidade de Dilma pagou um preço por isso, seria estúpido
negar.
Como pagou um preço pela inapetência de seus auxiliares por
qualquer confronto: a Presidenta ligava a tração nas quatro rodas e sua caixa
de marchas política – José Eduardo Cardoso, Michel Temer, Aloísio Mercadante e
outros – engatavam imediatamente a marcha-à-ré.
Tudo muito bem, tudo muito bom, mas…
Acontece que Aécio Neves continua parado na “Lei Seca” da
política, com o porre de Fernando Henrique Cardoso a embaralhar-lhe os
movimentos.
Ao ponto de o insuspeito Estadão dizer, sexta-feira, que “o
que se mais comentou no mercado financeiro após as últimas pesquisas de opinião
foi o fato de o senador Aécio Neves (MG), possível candidato do PSDB à
Presidência da República em 2014, não ter decolado nas intenções de voto após
as manifestações populares de junho, ficando bem atrás até da ex-ministra
Marina Silva”.
Aécio, considerado o candidato mais “amigável ao mercado”
(eles falam market friendly, bacana, né?) está se saindo uma decepção para a
“turma da bufunfa”.
Talvez isso explique porque a tucanagem – e ele,
especialmente – esteja tão agitada, a ponto de falar asneira sobre asneira.
O que ele usou como argumento para dizer que a presidente
Dilma Rousseff “zomba da inteligência dos brasileiros” ao comparar os dados de
seu governo com os do ex-presidente do PSDB Fernando Henrique Cardoso é,
francamente, coisa de quem faltou às aulas de matemática.
Diz ele, lá no Estadão de hoje:
“Para o tucano, o raciocínio da petista é incorreto porque
“trata apenas de números absolutos, ignorando as gigantescas diferenças entre
as conjunturas das duas épocas”.
Bom, como a conjuntura mundial é de crise profunda, vamos
falar dos números absolutos colocados no pròprio jornal:
“Na entrevista, Dilma afirmou que, em 30 meses de seu
governo, foram criados 4,4 milhões de empregos no País, ante 824.394 novos
postos de trabalho em todo o primeiro mandato de Fernando Henrique”.
Logo, mesmo desconsiderando que ainda faltam 18 meses para
Dilma completar tempo igual, já se criou um número de empregos “apenas” 434%
maior.
A segunda comparação feita por Dilma é mais cruel ainda com
a falta de raciocínio matemático de Aécio: a presidenta disse que a meta
inflacionária será cumprida pelo décimo ano consecutivo e que FHC a “estourou”
em três dos quatro anos de seu segundo governo. Como inflação é taxa, é
percentagem, não há que falar em “números absolutos”…
O senador mineiro, além do mais, não tem do que reclamar.
Quem andou se exibindo pendurado no “estorvo” foi ele mesmo, esquecendo que o
povo conhece aquela máxima do “dize-me com quem andas e te direi quem és”…
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