Governador tucano pressionou pessoalmente o ex-executivo, em
Amsterdam, para beneficiar a espanhola CAF; as empresas disputavam licitação da
CPTM para aquisição de 320 vagões; multinacional alemã foi forçada a desistir
de recurso administrativo e medidas judiciais, segundo depoimento de seis
páginas de Nelson Branco Marchetti, ex-diretor técnico da Divisão de
Transportes; “O então governador do Estado (José Serra) e seus secretários
fizeram de tudo para defender a CAF", afirma
17 de Novembro de 2013 às 10:36
247 - Depoimento do engenheiro Nelson Branco Marchetti,
ex-diretor técnico da Divisão de Transportes da Siemens, à Polícia Federal
revela que em 2008 o então governador José Serra (PSDB) pressionou pessoalmente
a multinacional alemã a desistir de uma licitação na Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos (CPTM). Objetivo era permitir que a empresa espanhola CAF
saísse vitoriosa em certame para a aquisição de 320 vagões. A Siemens teve de
retirar recurso administrativo e medidas judiciais que questionavam a escolha
da concorrente, que não tinha as qualificações necessárias. A denúncia é do
jornal O Estado de S. Paulo.
Marchetti relatou um encontro que teve com Serra e o
secretário estadual dos Transportes Metropolitanos na época, José Luiz
Portella, "em meio a esse período de pressão", durante evento em
Amsterdã da International Union of Railways (UIC). "Aproveitei para dizer
que entendia que minha empresa estava certa e que não tinha intenção de
desistir de recorrer." Em resposta, assegurou, "foi informado por
Serra que, se a CAF fosse desqualificada em razão do mandado de segurança
impetrado pela Siemens, o governo iria cancelar a licitação ".
Segundo Marchetti, que assinou acordo de leniência com o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para revelar a ação de
carteis no setor metroferroviário paulista, no edital havia exigência de um
capital social integralizado que a CAF não possuía. “Mesmo assim, o então
governador do Estado (Serra) e seus secretários fizeram de tudo para defender a
CAF", afirma o ex-executivo da Siemens. O depoimento de 5 de novembro.
Para demover a Siemens do plano de contestar a qualificação
da CAF, segundo o relato de Marchetti, Portella sugeriu que a multi deveria
fazer um contrato de subfornecimento.
Marchetti reforçou que houve sim uma "tentativa de
formação de cartel com a Alstom". Revelou combinações de preços, ajustes
prévios, reuniões reservadas, além de grande empenho de autoridades do governo
paulista, na ocasião, em fechar contrato com a CAF. Alega ter explicado a
Portella que a Siemens tinha condições de prosseguir sozinha no projeto, não
tinha motivos para desistir da licitação. "A CAF foi qualificada e a
Siemens apresentou recurso administrativo, que foi negado."
Em um depoimento de seis páginas, Marchetti diz que ocupou o
cargo na Siemens entre fevereiro de 2007 e dezembro de 2008. Que era
encarregado de manter contato com agentes públicos. Tinha encontros frequentes
com Portella e seu vice, João Paulo de Jesus Lopes. Na CPTM, tinha acesso direto
ao então presidente, Sérgio Avelleda, que depois se tornou presidente do Metrô,
bem como com diretores da CPTM.
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