“Sustentabilidade”, “recuperar a credibilidade”, “desarranjo
fiscal” – um dicionário de conteúdos vazios.
O ansioso blogueiro, com o elevado intuito de ajudar os
colonistas (*) do PiG (**), hoje
totalmente desacreditados, elaborou uma espécie de “Dicionário do Conteúdo
Vazio”: um resumo das expressões que, com ou sem chapéus, eles inevitavelmente
empregarão neste Ano Santo de 2014.
Tempestade – é a combinação de: as agências de risco dão
nota zero ao Brasil; a Petrobras vai à falência; o Pão de Açúcar afundará na
Baia de Guanabara; o pré-sal se revelará só-sal; e a presidenta Dilma Rousseff
renunciará para aderir ao zen-budismo. Isso tudo acontecerá ao mesmo tempo em
que China parar de importar soja.
Sustentabilidade – é a forma de alguns empresários
predadores conseguirem pregar no sono: arrancam o couro dos empregados durante
o dia e plantam uma muda de salsinha na mansão em Trancoso; só no Brasil a
causa da Ecologia se associou à Big House, ao 1%; sem o Itaú, a Rede da
“sustentabilidade“ não passava de uma loja maçônica.
Agregar – é a forma elegante de colonistas e economistas de
bancos – são a mesma coisa – exibirem sofisticação e modernismo. “Agregar’”
seguido de “Valor” significa exatamente isso: NADA ! Trata-se, apenas, de um
substituto de “somar”, “adicionar” , mas, de forma pedante, indica que o
colonista frequentou os cursos de MBA de Harvard (e quebrou a empresa do
Papai).
Padrão FIFA – Antigamente se dizia “do Primeiro Mundo”. Tem
o mesmo significado de “o Brasil é uma
m…”.
Imagine na Copa – Veja verbete “padrão FIFA”. Nesse caso, há
um componente interessante: é a previsão da catástrofe. Nas profundezas do
Colonizado há, permanentemente, a esperança de que vá tudo para o Inferno. E só
a Big House, porque fica no alto da colina, se salvará. Na Copa, vai tudo para
o Inverno. Menos …
Dá pra fazer mais … – Entrou para dicionário do PiG por
conta do Dudu, que traiu a Dilma e o Lula da forma mas desinibida. Claro que dá
para fazer mais ! Sempre dá. Só um governante não pode ser acusado de ter feito
“de menos”: Deus. E mesmo assim há controvérsias. Jó que o diga …
Transparência – É o que os colonistas do PiG exigem dos
governos trabalhistas. Mas, o conceito não se aplica às dívidas das empresas do
PiG com a Receita Federal. Trata-se de mais um americanismo imposto à ideologia
da Big House. “Transparência”, mesmo, quem deve é o Padim Pade Cerra, que, até
hoje, não mostrou o diploma de engenheiro ou economista, e ninguém sabe do que vive. “Transparência” é
o que falta ao Príncipe de Privataria, para explicar como conseguiu a reeleição
a R$ 200 mil a cabeça, no Acre ! No Acre ! Isso é que é “intransparência” !
Tripé – É uma das contribuições da Bláblárina ao pensamento
Conservador. (Uma das últimas proezas dela, na Folha (***), foi demonstrar que
Hannah Arendt era Congregada Mariana, devota de Nossa Senhora de Fátima.)
Bláblá foi a primeira a dizer que a Dilma tinha perdido o “tripé” do Fernando
Henrique. Provavelmente ela se referia ao “tripé” das três visitas do FHC ao
FMI. “Tripé” na “lógica” da Bláblá significa “mais juros”…
Instinto animal, é preciso despertar o … – Despertar o
instinto animal foi uma especialidade do Príncipe da Privataria. Com a ajuda do
Ricardo Sergio, do André Lara Resende e do Luiz Caros Mendonça de Barros, ele
despertou o “instinto animal” do Daniel Dantas na hora “privatizar” as teles.
“Despertar o instinto animal” significa “entregar a rapadura”. Permitir que os
empresários que concorrem aos leiloes da Dilma determinem a TIR (“taxa interna
de retorno”), ou seja, quanto vão levar pra casa. Diz-se que a Dilma não
“desperta o instinto animal” dos empresários, como se o Estado fosse aquele
funcionário do zoológico que leva a carne à jaula do tigre. Na verdade, o que
se quer é o bom e velho “Estado-Mãe!”. Esse é mais do Estado-Polícia do Marx. É
o Estado que os neolibelês (****)
instalaram na América Latina. E sonham por instalar, de novo – clique aqui para ler “o Aécio roda, roda, roda e cai no colo dos americanos”.
Choque de gestão – é uma ficção inventada pelos tucanos. Os
professores públicos de Minas sabem o que isso significa. Os policiais do
Paraná, também. Contra o que chamam de “aparelhamento” do Estado pelo PT, os
tucanos tiram o couro do funcionário público – especialmente professores , para
facilitar o serviço das escolas privadas -
e aplicam o “choque”. Não tem a mesma eficácia do choque elétrico da
“cadeira do dragão”, mas a fonte de energia é a mesma.
Desarranjo fiscal – não tem nada a ver com diarreia. Tem
mais a ver com Inês de castro: aquela que nunca foi Rainha. Como se sabe, a Dilma atingiu em 2013 os objetivos previstos num programa de austeridade fiscal. Os governos trabalhistas têm cumprido as metas de inflação – o FHC não
cumpriu nenhuma – e respeitam os tripés, quadriláteros, octaedros e o diabo que
for, em matéria de higidez. Mas, como diz o Ministro Mantega, os nervosinhos
não se acalmam. Estão sempre lá os economistas de bancos e colonistas do PiG –
são da mesma natureza – a dizer que dessa vez passa, mas … ano que vem (vá ao
verbete Imagina na Copa, que trata dos profetas do Apocalipse). O desarranjo é
uma das esperanças da oposição. Como está mais difícil antecipar o desemprego
maciço, o jeito é prever a disenteria orçamentaria. Pois, não é que a Oposição
acabou trancada no “reservado” ?
Recuperar a credibilidade – é um exercício desprovido de
qualquer conteúdo. Qual a “credibilidade” a ser recuperada ? A do Governo que
foi três vezes ao FMI ? Que comprou uma reeleição ? Que tinha como Maestro o
Sergio Motta, o trator que levou para o túmulo o log-in das operações do PSDB ?
O Cerra, por exemplo: de que vive ele ? Qual a “credibilidade” que ele pode
cobrar ? E o pessoal capturado no trensalão ? E o marido da Bláblá, que não
larga o osso do Governo do PT no Acre ? No fundo, no fundo, “recuperar a
credibilidade” significa trazer o Consenso de Washington de volta ao centro do
programa de Governo. Não tem nada a ver com a Ética ou com a Eficiência. Muito
menos com a Justiça Social. Tem a ver com o cofre da Big House. Parte aqui,
parte em Cayman.
Paulo Henrique Amorim
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG
(**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se
comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver
origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil
é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse
pessoal aí.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais
conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única
rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram
num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(***) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler,
porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista
Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação;
da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom
caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e
depois o ressuscitou; e que é o que é,
porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos
torturadores.
(****) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso
blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero
ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros
conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam
Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.
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