Há bons empregos à frente, diz a publicação; capa desta
semana pode representar um momento de inflexão de uma empresa mergulhada em
profunda crise econômica; comandada por Fábio Barbosa, editora colocou à venda
Abril Educação para tentar salvar a área de revistas; recentemente, Barbosa
também esteve em Brasília, pediu socorro oficial e não foi atendido; migração
da publicidade para plataformas digitais atinge duramente a Abril, que estuda
fechar revistas e concentrar seus esforços apenas nas marcas mais importantes,
como Veja e Exame; o Brasil vai bem, a Abril vai mal
22 de Fevereiro de 2014 às 08:09
247 - A capa deste fim de semana da revista Veja surpreende
um leitor acostumado a receber da publicação, quase sempre, uma imagem negativa
do País. Veja pede ao leitor que sorria. E mais: afirma que existem bons
empregos à frente. Num país em pleno emprego, que fechou janeiro com a menor
taxa de desocupação da história, com apenas 4,8% das pessoas em idade ativa
fora do mercado do trabalho, Veja se
curva ao óbvio: o Brasil vai bem, obrigado.
O que não significa, porém, que a Editora Abril, que edita
Veja, esteja em boa saúde. Ao contrário. Mergulhada em profunda crise
financeira, a empresa da família Civita colocou à venda sua "galinha dos
ovos de ouro", a Abril Educação, que reúne sistemas de ensino e escolas de
inglês como o Red Balloon e a Wise Up - esta última, comprada por valores
exorbitantes, é uma das causas da crise. Com esses recursos, a Abril pretende
socorrer suas divisão de revistas, que sofre com a migração da publicidade de
meios impressos para publicações digitais.
Com a capa desta semana, Veja transmite uma mensagem ao
poder. Talvez, uma bandeira branca, ao reconhecer que a situação econômica do
País não é desastrosa como foi pintado em capas recentes da revista - quem não
se lembra, por exemplo, da célebre "Dilma pisou no tomate"?
O esforço de diplomacia é uma das estratégias de Fábio
Barbosa, executivo que comanda a gestão da empresa. Recentemente, ele foi a
Brasília e pediu ajuda de bancos oficiais para uma operação que ajudaria a
recuperar a saúde financeira da companhia. A resposta foi negativa. Ao que tudo
indica, a Abril terá que se virar com as próprias pernas.
Mas há uma clara inflexão editorial nas páginas de Veja,
cujo objetivo parece ser o de transmitir sinais de uma possível pacificação. O
que se torna ainda mais necessário num momento em pesquisas mostram o
enfraquecimento das revistas num mundo em que as pessoas se informam cada vez
mais por outros meios - especialmente a internet.
Fábio Barbosa estendeu a bandeira branca. Resta saber se
será atendido e até quando irá durar a trégua.
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