E o Globo procura os blogueiros que entrevistaram Lula em
busca de informações para uma reportagem que mostre a razão de terem sido
convidados.
O Globo parece fugir da resposta mais simples: é que fazem
um jornalismo menos viciado do que o do Globo.
Para Kiko, vieram poucas perguntas. Mas vejo agora que para
Conceição Lemes, que representou o Viomundo, foi uma série infindável de
perguntas, como se fosse um interrogatório.
Ela as publicou, com as respostas – dadas não ao Globo, mas
aos leitores do Viomundo.
Chegaram a perguntar a ela se recebera dinheiro para se
deslocar até o Instituto Lula, em São Paulo, onde foi feita a entrevista.
Conceição disse que não. Pagou o táxi com suas próprias
posses. Não fez o que o Globo fez quando foi cobrir uma palestra de Joaquim
Barbosa na Costa Rica.
O contribuinte pagou a conta da jornalista do Globo que
acompanhou JB – aliás num jato da FAB.
Mas a questão que mais me chamou a atenção no interrogatório
do Globo foi o que Conceição achava da ideia de Lula incluir entre os
convidados “blogueiros de oposição”, como Reinaldo Azevedo.
Azevedo foi citado nominalmente, e então peço pausa para
rir.
Seria de fato uma grande ideia. Tão boa que o próprio Globo
poderia adotar e convidar Paulo Henrique Amorim para uma futura entrevista que
os irmãos Marinhos concedam, de preferência ao vivo, como foi o caso de Lula.
Outra possibilidade é Miguel do Rosário, para discutirem o
caso da sonegação bilionária da Globo na Copa de 2002. Foi um furo de Miguel,
com seu Cafezinho.
Os Marinhos ficariam certamente felizes de ver, na
entrevista, Fernando Brito, do Tijolaço. Fernando poderia perguntar sobre o
direito de resposta de Brizola, na voz de Cid Moreira no Jornal Nacional.
Brito, soube-se recentemente, foi o autor do texto de Brizola.
De volta a Lula.
Reinaldo Azevedo começaria se dirigindo a Lula,
respeitosamente, por “Apedeuta”. O Brasil, para cuja autoestima ele tanto
colabora, seria tratado como “Banânia”. E os petistas seriam, claro, os
“petralhas”, uma palavra da qual ele se orgulha como se tivesse criado não ela,
mas Guerra e Paz.
A bancada de entrevistadores de Lula poderia ser reforçada
com outros nomes, na linha sugerida pelo Globo.
Diogo Mainardi poderia enriquecer, de Veneza, por Skype, a
entrevista. Ele trataria Lula, com a devida deferência, como “Anta”. E levaria
também as saudações de seu pai, Ênio, que fraternalmente vive pedindo a Deus
que traga de volta o câncer a Lula.
Augusto Nunes é outro nome que deveria estar na bancada. Com
sua habitual elegância, e com seu apreço pelos brasileiros do Nordeste, Nunes
batizou Lula de “presidente retirante”.
Outras maneiras de Nunes se referir a Lula variam,
britanicamente, de “Molusco” a “Cachaceiro”, de “Afanador” a “Burro”.
Podemos ver Nunes pedir a “Molusco” que envie lembranças a
“Dois Neurônios”, como ele chama carinhosamente Dilma.
Num gesto de extrema civilidade, ele poderia entregar a Lula
a capa emoldurada da Veja na qual “Molusco” leva um chute no traseiro.
Para seguirmos na excelente ideia do Globo, jornalistas da
casa deveriam estar presentes também.
Merval Pereira, por exemplo, teria boas contribuições ao
indagar Lula sobre o lulopetismo, o lulodilmismo e o lulobolivarianismo. Merval
embelezaria a ocasião se se apresentasse engalanado com sua farda de Imortal.
Jabor é outro que não poderia ser esquecido. Ele
compartilharia com Lula suas ponderadas reflexões sobre a bolchevização
comunoestalinista do Brasil pelo PT. Ali Kamel poderia ser incumbido de fazer a
edição do vídeo, ele que entrou para a história com o Caso do Atentado da Bolinha
de Papel, que quase vitimou José Serra.
Realmente, uma grande ideia a do Globo.
Caso Lula saiba dela, tenho certeza de que ele em breve
convocará uma outra entrevista, com os grandes jornalistas listados acima e
mais alguns outros de igual grandeza.
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