Jornalista Ricardo Kotscho diz que onda de manifestações
vai-se esvaziando, a cada dia de forma mais melancólica, mostrando que a
maioria da população brasileira, que ama o futebol e não mistura seleção com
política, não quer mais saber de baderna
28 de Maio de 2014 às 08:44
247 – O jornalista Ricardo Kotscho diz que os protestos
ficaram patéticos, “mostrando que a maioria da população brasileira, que ama o
futebol e não mistura seleção com política, não quer mais saber de baderna”.
Leia:
Vamos ter Copa, sim, e protestos agora ficaram patéticos
Com apenas um protesto contra a Copa marcado para esta
terça-feira, em Brasília, a onda de manifestações vai-se esvaziando, a cada dia
de forma mais melancólica, mostrando que a maioria da população brasileira, que
ama o futebol e não mistura seleção com política, não quer mais saber de
baderna.
Vamos ter Copa do Mundo no Brasil, sim, apesar da urubuzada
que sobrevoou o país nestes últimos meses e infernizou a vida de quem mora nas
grandes cidades. Felipão e seus 23 convocados já estão concentrados na Granja
Comary, em Teresópolis, só esperando o início jogo de estreia do Brasil contra
a Croácia, no Itaquerão, daqui a 16 dias.
Foram patéticos os últimos protestos organizados pela turma
do quanto pior, melhor, cada vez menores e mais radicais, a ponto de tentarem
impedir a saída do ônibus da seleção que seguiu ontem do Rio para Teresópolis
e, depois, a sua entrada na Granja Comari.
Empunhando bandeiras do Sindicato dos Profissionais de
Educação e de partidos radicais da esquerda sem votos, um grupo de 200
professores xingou os jogadores que saiam do hotel próximo ao Galeão e chutaram
o ônibus aos gritos de "pode acreditar, educador vale mais do que o
Neymar". O que tem uma coisa a ver com a outra? Que direito estes vândalos
travestidos de educadores têm de impedir a passagem de quem quer que seja?
Outros 30 gatos pingados e irados se postaram diante dos portões da
concentração em Teresópolis.
No último final de semana, em São Paulo, tivemos duas
marchas que, mais uma vez, fecharam a avenida Paulista. Não são mais
necessárias multidões nem grandes causas populares para interditar a principal
via da maior cidade do país. De manhã, no sábado, foi a vez da autodenominada
"marcha das vadias", em que mulheres desfilaram com os seios nus
apesar do frio e da garoa; à tarde, apareceu um bando contra a Copa e contra
tudo, que fez o mesmo trajeto, interditando ruas em direção ao centro. Em cada
uma, não havia mais do que 300 "protestantes" nesta cidade de mais de
10 milhões de habitantes. Quem essa gente representa?
Diante do fracasso das manifestações anunciadas em larga
escala pela mídia grande, ficamos sabendo que, há duas semanas, veio até um
reforço do exterior. "Um grupo de cerca de cem ativistas, entre eles
barbudos, mocinhas universitárias, skatistas e até rapazes com cara de advogado
assistiam sem piscar à palestra do moço magrinho que tentava ensinar como mudar
o mundo", relata Silas Martí, da "Folha".
O moço magrinho era um tal de Sean Dagohoy, do coletivo
americano Yes Man, que deu uma "oficina de ativismo" no Centro
Cultural de São Paulo, para ensinar os nativos, durante três horas, a
"pensar em ações de protesto contra o Mundial de futebol". Dagohoy
ainda advertiu seus alunos que não poderia se responsabilizar pela
"eventual brutalidade daqueles que estão no poder".
Era preciso informar ao ativista gringo que as maiores
brutalidades a que assistimos nos últimos meses não partiram dos que estão no
poder, mas de grupos de black blocs e outros celerados que se aproveitavam das
"manifestações pacíficas" para afrontar a polícia, depredar
patrimônio público e privado, saquear lojas, tacar fogo em ônibus.
Derrotados, eles podem voltar a qualquer momento, e todo
cuidado é pouco. Que a bola comece logo a rolar para a gente poder mudar de
assunto. Os nobres parlamentares brasileiros, por exemplo, já estão dando sua
contribuição, ao anunciar que só vão trabalhar durante seis dias durante toda a
Copa. Menos mal.
Agora é com você, Felipão!
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