Levantamento junto ao Tribunal Superior Eleitoral das
doações eleitorais feitas pelas empresas investigadas na Lava Jato nos anos de
2010, quando a presidente Dilma Rousseff venceu José Serra, e de 2014, quando
ela superou Aécio Neves, revela que os valores doados por Odebrecht, Galvão,
UTC, Camargo Correa, OAS, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Iesa, Queiroz
Galvão, Engevix, Setal, GDK, Techint, Promon, MPE e Skanska aos diretórios
petistas e tucanos são praticamente equivalentes; mais: o PMDB também recebeu
valores muitos próximos; a questão é: por que as doações a alguns partidos são
consideradas propina pelo Ministério Público Federal e a outros são
classificadas como algo normal?
23 DE MARÇO DE 2015 ÀS 08:13
247 - Um dos pedidos de inquérito do procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, na Lava Jato compra a tese de que doações legais de
empreiteiras a determinados partidos políticos, na realidade, seriam propina.
Com base nesse argumento, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) chegou até a
apresentar um projeto propondo a cassação do registro de partidos que possam
ser enquadrados nessa classificação – seu alvo, obviamente, é o PT.
Para provar essa tese, o Ministério Público pretende fazer
uma varredura em R$ 62 milhões doados pelas empresas investigadas na Lava Jato
nos últimos anos (leia mais aqui).
Ocorre, no entanto, que um levantamento das doações de
campanha feitas por essas mesmas empresas em 2010 e 2014, anos das duas últimas
eleições presidenciais, mostra que os valores doados aos diretórios nacionais
de PT e PSDB foram praticamente idênticos. E mais: o PMDB também recebeu um
valor muito próximo, tendo sido o primeiro no ranking em 2010 e o terceiro em
2014.
O levantamento envolve as empresas Odebrecht, Galvão, UTC,
Camargo Correa, OAS, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Iesa, Queiroz Galvão,
Engevix, Setal, GDK, Techint, Promon, MPE e Skanska.
Eis os números de 2010:
Partido
Valor % sobre o total da
arrecadação
PMDB
32.850.000,00 24
PT
31.400.000,00 23
PSDB
27.770.000,00 20
PSB
19.515.000,00 14
PR
6.501.000,00 5
PP
4.950.000,00 4
Fonte: TSE
Os dados revelam, portanto, que, em 2010, quando a
presidente Dilma Rousseff superou José Serra na disputa presidencial, o PMDB
recebeu R$ 32,8 milhões, seguido pelo PT, com R$ 31,4 milhões e pelo PSDB, com
R$ 27,7 milhões. Nos três casos, a participação das empreiteiras sobre o total
arrecadado foi próxima a 20%.
Em 2014, quando a presidente Dilma Rousseff superou Aécio
Neves, não foi muito diferente.
Eis os números:
Partido
Valor % sobre o total da
arrecadação
PT 56.386.000,00 25
PSDB 53.730.000,00 24
PMDB 46.620.000,00 21
PSB 15.800.000,00 7
DEM 12.100.000,00 5
PP
10.255.000,00 5
Fonte: TSE
É novamente uma situação de equilíbrio entre os três maiores
partidos: PT, PSDB e PMDB. E, de novo, com a participação das empreiteiras
sobre o total arrecadado pouco superior a 20%.
Esses dados revelam a incoerência de quem pretende
demonstrar que as doações a determinados partidos são "propina",
enquanto a outros representam algum tipo de convicção ideológica ou cidadania
corporativa. (A esse respeito, vale ler, aqui, a análise de Fernando Brito,
editor do Tijolaço)
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