Autor: Fernando Brito
O Dr. Rodrigo Janot arquivou a acusação contra Aécio Neves
na Operação Lava-Jato, porque só o que diz Alberto Youssef não é prova para
investigar ninguém.
Coisa que a imprensa ignora solenemente quando explora a
fala de Paulo Roberto Costa, outro bandido, que diz ter mandado dar dinheiro a
Antonio Palloci via Youssef, sem qualquer objetividade, até porque o doleiro
nega ter recebido esta ordem.
Mas o Dr. Janot teve o cuidado de dizer: tragam-me provas
sobre Aécio e ele será investigado, como se lê na sua promoção, espertamente
transcrita pelo Ministro Teoria Zavascki e ignorada pela imprensa, onde os
grifos são meus:
“É que as afirmativas de Alberto Youssef são muito vagas e,
sobretudo, assentadas em circunstâncias de ter ouvido os supostos fatos por
intermédio de terceiros (um deles, inclusive, já falecido: José Janene). Outro
detalhe relevante: a referência de que existia uma suposta ‘divisão’ na
diretoria de Furnas entre o PP e o PSDB – o que poderia ensejar a suposição de
uma ilegítima repartição de valores entre as duas agremiações – não conta com
nenhuma indicação, na presente investigação, de outro elemento que a corrobore.
Dessarte, sem que se tire a credibilidade de todo o mais que foi dito – com
elementos mais detalhados e seguros – pelo colaborador em relação aos demais
pontos (daí a necessidade de análise individualizada de cada um dos fatos e dos
supostos envolvidos), fato é que, no entender do Procurador-Geral da República,
tal como realizado em detrimento a outros indicados nas delações que estão sob
análise, não há como, neste momento, em face do que se tem concretamente nos
autos, dar andamento a investigação formal em detrimento do parlamentar. De
qualquer modo, nunca é demais se frisar que não se está fazendo nenhum juízo
insuperável acerca da procedência ou não de eventual participação do
parlamentar referido no suposto fato relacionado a Furnas. O que se impõe
assentar é que, diante do que há de concreto nos autos até o presente, não há
sustentação mínima para requerimento de formal investigação. É importante
acentuar que tais conclusões prefaciais não inviabilizam que, caso surjam
ulteriormente dados minimamente objetivos que justifiquem e permitam uma
apuração em relação ao parlamentar, se retorne o procedimento próprio para tal
fim.”
Que tal, então, reunir a farta documentação existente sobre
a Lista de Furnas e depositá-la, outra vez, nas mãos do Dr. Janot?
A citação de Youssef, se sozinha não é o bastante, agora faz
parte do conjunto de indícios que, embora haja perícia indicando ser verdadeira
a lista, produz um conjunto de sinais de que Janot possa ser levado a
investigá-lo.
Porque, da leitura de sua promoção, está claro que ele diz:
por enquanto, por enquanto…
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