Mesmo sob a mira de ataques diários por parte de líderes da
oposição e da imprensa, a estatal do petróleo, junto com a CSN, foi a empresa
que mais se valorizou em abril na Bovespa; as ações ON da Petrobras fecharam o
mês com ganhos de 48,75%, cotadas a R$ 14,25, enquanto as PN dispararam 34,12%,
para R$ 13,05; com isso, a empresa fecha abril com um ganho de R$ 53,36 bilhões
de valor de mercado; noticiário ao longo do mês foi principalmente em torno da
expectativa da divulgação do balanço de 2014, que apontou prejuízo de R$ 21,6
bilhões; também ajudaram os papéis informações sobre desinvestimentos da
companhia, como a possível venda da participação na Braskem
30 de Abril de 2015 às 18:59
Por Rodrigo Tolotti Umpieres
SÃO PAULO - O Ibovespa encerra o mês de abril com forte alta
de 9,93%, aos 56.229 pontos e muito deste desempenho se deve à valorização de
duas das maiores empresas da Bolsa: a Petrobras e a Vale, que figuraram entre
os maiores ganhos do período, subindo pelo menos 30%. Dos 68 papéis do índice, 12
encerraram abril com alta de mais de 20%, enquanto 7 ativos caíram mais de 5%,
sendo que a maior queda foi de 19,59%.
Para surpresa de muitos - ou não -, as duas empresas que
mais se valorizaram em abril foram a Petrobras (PETR3; PETR4) e a CSN (CSNA3),
que há tempos têm exigido cautela dos investidores e meio a tantos problemas.
No caso da estatal, desde o início do mês o que impulsionou as ações foi o
aumento da expectativa pela divulgação do resultado, que teve início com uma
série de rumores e ganhou mais força após a companhia confirmar que iria
finalmente apresentar seu balanço.
No noticiário da companhia, além do desenrolar das
investigações da Lava Jato, informações sobre desinvestimentos também ajudaram
os papéis, como a possível venda da participação que ela detém na Braskem,
controlada pela estatal em conjunto com a Odebrecht, como parte do plano de
desinvestimentos da ordem de US$ 13,7 bilhões.
Tudo isso até a companhia realmente divulgar seu balanço no
dia 22, tirando um peso das costas e ajudando a "destravar" um pouco
as ações. A estatal teve um prejuízo de R$ 21,6 bilhões no ano passado, segundo
balanço auditado, após contabilizar perdas de R$ 6,2 bilhões por corrupção e
reduzir em mais de R$ 44 bilhões o valor de seus ativos. Este foi o primeiro
prejuízo da companhia desde 1991.
Com a combinação de fatores positivos, que não chegaram a
mudar os fundamentos da empresa, mas aliviaram o cenário, as ações ON da
estatal fecharam o mês com ganhos de 48,75%, cotadas a R$ 14,25, enquanto as PN
dispararam 34,12%, para R$ 13,05. Com isso, a Petrobras fecha abril com um
ganho de R$ 53,36 bilhões de valor de mercado.
CSN e Vale Juntas com a Petrobras, CSN (CSNA3, R$ 8,07,
+48,62%) e Vale (VALE3, R$ 22,65, +30,44%; VALE5, R$ 18,15, +22,10%) completam
o time das maiores altas do mês. Basicamente o que impulsionou os ativos das
duas empresas foi uma retomada do minério de ferro, que chegou a subir mais de
20% em abril. Como principal produto dos negócios de ambas companhias, uma
valorização da commodity acaba sendo de grande benefício para elas.
Neste ambiente, duas recentes notícias ajudaram a
impulsionar o minério. A primeira foi o anúncio do banco central da China, no
dia 19, cortando a quantia que os bancos devem manter como reservas,
acrescentando mais liquidez à segunda maior economia do mundo para ajudar a
incentivar empréstimos bancários e combater a desaceleração do
crescimento. O Banco Popular da China
abaixou a proporção de requisição de reserva (RRR) para todos os bancos em 100
pontos básicos para 18,5%.
Aliado a isso, uma das maiores produtoras de minério do
mundo, a BHP Billinton, que era uma das responsáveis pela queda do minério por
culpa de uma mudança de estratégia de mercado, agora também ajudou a elevar o
preço dos papéis. Na semana passada, a mineradora anunciou que adiará seus
investimentos relativos a produção de minério de ferro. "Trata-se de uma
indicação importante para mercado. Os principais produtores do mundo estão
reduzindo seus investimentos. Isso pode fazer com que o preço do minério de
ferro volte a subir", disse o analista de investimento da Elite Corretora,
Alexandre de Macedo Marques Filho.
No noticiário individual de cada companhia, destaque para a
"novela Usiminas", que envolve a CSN - que é uma das principais
minoritárias da companhia. Nas últimas semanas, a CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) decidiu que a operação de compra da participação da Previ na
Usiminas pela Ternium, anunciada em outubro, disparou a obrigação de OPA pelas
ações ordinárias da siderúrgica brasileira. A Ternium anunciou em outubro a
compra de ações, em uma operação de R$ 616,7 milhões e que envolveu 51,5
milhões de papéis.
A Ternium disse que vai interpor recurso contra
entendimento da CVM sobre a obrigatoriedade de que a companhia realize oferta
pública de aquisição de ações da Usiminas. "Reafirmamos nossa absoluta
convicção no entendimento manifestado em 2 de outubro de 2014, no sentido de
que a referida aquisição de ações não enseja a obrigação de realizar uma
OPA", acrescentou.
Já para a Vale, importante destacar seu resultado do
primeiro trimestre, divulgado nesta quinta, com a companhia reportando um
prejuízo de R$ 9,5 bilhões. Como o prejuízo se deveu, basicamente, ao impacto
não caixa da depreciação do real, que gerou uma despesa financeira líquida de
US$ 4,5 bilhões, e a receita impactada pela queda nos preços das commodities, o
mercado preferiu se atentar mais às falas do presidente da mineradora, Murilo
Ferreira, que reforçou mais cortes de custos, além do enxugamento de custos já registrado
no primeiro trimestre.
Despesas com vendas, gerais e administrativas foram
reduzidas em 30%, com pesquisa e desenvolvimento em 17%. Durante a
teleconferência sobre o balanço, Ferreira destacou ainda que considera vender
mais ativos. Isso levou os ativos da mineradora a fecharem o pregão com fortes
ganhos de 7%.
Maiores quedas Na ponta oposta do Ibovespa, o destaque ficou
com a BR Properties (BRPR3, R$ 10,51, -19,59%), que após disparar no mês
passado com notícias sobre sua OPA, desta vez afundou com um cenário que começa
a se tornar obscuro e que pode resultar no cancelamento da oferta por parte do
BTG Pactual, segundo informações do Valor Econômico. A Superintendência de Relações com
Investidores Institucionais da CVM pediu que seja realizada assembleia geral
dos cotistas do BC Fund para deliberar sobre a participação na OPA.
A recuada do dólar também foi fator importante para alguns
papéis, caso da Fibria (FIBR3, R$ 42,25, -6,53%) e da Metalúrgica Gerdau
(GOAU4, R$ 9,84, -8,97%). No caso da companhia de papel e celulose, por ter
grande parte de seu negócio focado na exportação, em um ambiente onde a moeda
americana cai quase 6% como foi em abril, seus negócios também são
prejudicados.
Já para a Gerdau, a questão envolve o fato da companhia ter
boa parte de seus negócios no mercado norte-americano, ou seja, com receita em
dólar. Como a moeda se desvalorizou, os ganhos da companhia também são
reduzidos. Por conta deste perfil, a Gerdau já havia se descolado das outras
siderúrgicas, subindo bem nos últimos meses, o que acabou resultando em uma
queda bem mais forte em abril.
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