* Por Dedé Rodrigues
Última parte
A dinâmica vivenciada em cada sala de aula por Professores e
alunos na Escola Arnaldo Alves Cavalcanti no final do mês de março, por iniciativa da Igreja Católica nesta época
da Páscoa, foi uma
reflexão muito importante para os dias atuais. O fato de cada aluno ser provocado a desenhar
um circulo e colocar o que ou quem
dentro e fora dele e, em seguida, ter sido feito a leitura do texto “Qual o tamanho de seu circulo”, provocou um debate entre alunos e
professores sobre as relações do
indivíduo no mundo atual que faço questão de descrever o que vi e ouvi opinando
também sobre o resultado da dinâmica. Um trecho da dinâmica diz: “Quanto maior o circulo, maior a pessoa.
E quanto menor o circulo, mais mesquinha é a pessoa. A pessoa forte não tem
medo de pessoas diferentes dela, a pessoa sábia a acolhe com prazer. Se nada
mais sabe, ela sabe que os seres humanos não têm onde viver, a não ser na terra
e, que se não quisermos morrer juntos, teremos que aprender a viver juntos”. Leia mais e veja abaixo também mais fotos do evento.


A dinâmica vivenciada em cada sala de aula por Professores e alunos na Escola Arnaldo Alves Cavalcanti no final do mês de março, por iniciativa da Igreja Católica nesta época da Páscoa, foi uma reflexão muito importante para os dias atuais. O fato de cada aluno ser provocado a desenhar um circulo e colocar o que ou quem dentro e fora dele e, em seguida, feito a leitura do texto “Qual o tamanho de seu circulo”, provocou um debate entre alunos e professores sobre as relações do indivíduo no mundo atual que faço questão de descrever o que vi e ouvi opinando também sobre o resultado da dinâmica, que diz em parte: “Quanto maior o circulo, maior a pessoa. E quanto menor o circulo, mais mesquinha é a pessoa. A pessoa forte não tem medo de pessoas diferentes dela, a pessoa sábia a acolhe com prazer. Se nada mais sabe, ela sabe que os seres humanos não têm onde viver, a não ser na terra e, que se não quisermos morrer juntos, teremos que aprender a viver juntos”. Mais fotos do evento abaixo.
A leitura do texto “ Qual o tamanho do seu circulo”? Aborda o
quanto gastamos do tempo da nossa vida mantendo as pessoas fora do
nosso circulo e da nossa propriedade privada. Mesmo que a gente precise de
nosso circulo particular, da nossa individualidade, o tamanho do nosso circulo
tem relação direta com a nossa visão de mundo. Aprendemos nesta
sociedade capitalista a ser individualista, daí porque, a
maior parte dos nossos alunos não incluir nos seus círculos mais pessoas e mais
valores humanos. Foram escritos por uma boa parte deles, dentro do
circulo, vocábulos como paz, amor, justiça, igualdade namorado(a),
irmãos, família, etc. Fora do circulo estavam os inimigos, a falsidade, as
brigas etc.
Mesmo com a Irmã Luzitânia tendo trabalhado conosco a música dos Titãs
que nos ensina que “é preciso saber viver” e , que, “
toda pedra do caminho você pode retirar,” não tem sido nada
fácil para pais, alunos e professores esta tarefa. Talvez esta realidade
e a falta dos nomes dos professores na maioria dos círculos dos nossos alunos
nos remeta a uma reflexão sobre a nossa prática pedagógica. Estamos ensinando
os nossos alunos a pensar mais no coletivo ou no individualismo? Estamos
ensinando mais a solidariedade e o amor ao próximo, ou estamos
ensinando só os conteúdos isolados do contexto social para que eles, na disputa
por uma vaga no mercado de trabalho, possam derrotar os outros para conseguir
um emprego? Estamos nos relacionando com eles com mais respeito ou estamos
tratando os nossos alunos com indiferença e até com arrogância?
Exigimos deles os cumprimentos dos deveres, mas estamos respeitando todos os
seus direitos constitucionais? Estamos ensinando a eles a cidadania ativa ou
estamos ensinando só a cidadania passiva, presa na teoria e
distante da prática social? Talvez encontrando as respostas
para estas questões a gente possa melhorar a nossa
prática pedagógica e elevar a nossa a visão de mundo e a
dos nossos alunos, pois somos cidadãos do mundo e, devemos está a
serviço dele e do próximo.
É claro que o professor sozinho não tem como dar conta de tamanha tarefa
de formar cidadão no mundo e para o mundo, por isto “Em meio às angústias,
vitórias e lidas,no palco do mundo onde a história se faz, sonhei uma Igreja a
serviço da vida, eu fiz do meu povo os atores da paz”. Quero uma
Igreja solidária, servidora e missionária que anuncia e saiba
ouvir”. “ A lutar por humildade justiça e igualdade, pois eu vim para servir.
(Mc. 10,45) “Os grandes oprimem, exploram o povo, Deus ama o pequeno e despreza
o poder” .(cf, mc 10,42-45). Estas frases retiradas da Palestra sobre o Tema e
o Lema da Campanha da Fraternidade de 2015, mostram que há um
esforço da Igreja Católica para nos ajudar a formar cidadãos do mundo
preocupados com o próximo. Mas este poder dos grandes, vai além dos nossos
governantes, aliás, temos governantes no Brasil que se
encaixam também nestas preocupações. O problema maior, a meu
ver, é o Império americano que vive de guerras em guerras no mundo
atual. O poder mundial está nas mãos de poucas pessoas que mandam nos governos
e nos países. Segundo pesquisa recente da Oxfan 1% de ricaços detém em torno de
50% da riqueza mundial. Como estão os outros 99%? Como podemos pensar em futuro
sem mudar esta realidade mundial a partir do nosso país? E o mais
importante: o que estamos fazendo para mudar esta realidade mundial?
Na peleja de São Francisco “onde houver discórdia que eu leve a
união”, “onde houver erro que eu leve a verdade”, Onde
houver desespero que eu leve a esperança”, onde houver tristeza que eu leve a
alegria e onde houver trevas que eu leve a luz”. Num mundo dividido em classes
sociais por interesses de poder tão gigantesco, esta mensagem não atinge os
magnatas do capital financeiro internacional. Afinal, o deus deles é
o dinheiro\capital investido nas bolsas de valores e altos investimentos
especulativos a procura de lucros e mais lucros, sem produzirem um
pé de coentro e nem pagarem os impostos devidos e necessários.
Mas a esperança não pode morrer e, neste caso, precisamos ser parceiros
da Igreja Católica progressista. Na música A Paz ( Roupa Nova),
também vivenciada pela Irmã Luzitânia, “É preciso pensar um pouco nas pessoas
que ainda vêm”. “Nas crianças”. “A gente tem que arrumar um jeito de achar para
eles um lugar melhor”. “Para os nossos filhos e para os filhos dos
nossos filhos”. “Deixe que este canto lave o pranto pra trazer perdão e dividir
o pão”. “ Se o amor muda o que já se fez e a força da paz junta todos outra
vez”. Venha já é hora de acender a chama da vida e fazer a terra inteira
feliz”. Nada mais urgente do que este desejo, pois é
preciso sonhar e pensar nas novas gerações. O difícil mesmo é
esperar que a elite do topo da pirâmide econômica mundial se arrependa do mal
que vem causando ao mundo, com guerras, misérias, violência, destruição do meio
ambiente, etc. Pedir perdão ao proletariado e, pasmem
senhores, repartir o pão! Aí estaria a solução de todos
os nossos problemas terrenos. Mas isto a história tem mostrado que, a depender
desta elite neste modo de produção capitalista, individualista, predatório e
irracional, isto é utopia no sentido literal da palavra, é um sonho
irrealizável.
No entanto, meus queridos leitores, a última música “Nova Civilização”
fala de uma terra que não tenha mais fronteiras, mãos que unidas no mundo
formarão uma corrente mais forte que a guerra e que a morte. Uma pátria mais
justa e mais fraterna, onde juntos construiremos a unidade e ninguém é desprezado
por que todos são chamados. Nós sabemos, o caminho é o amor”. Concordo
plenamente que os trabalhadores precisam formar uma corrente forte que vença a
guerra e a morte. Mas para isto é preciso uma ação mundial de povos e países
contra as guerras do Império americano e contra a concentração absurda da
riqueza nas mãos de pouco. Penso que não existe prova de amor maior pelo irmão
do que lutar para mudar este poder imperial que nos oprime.
Quanto ao país, penso também que estamos construindo um outro
Brasil que caminha nesta direção, apesar das dificuldades momentâneas que o
governo Dilma está enfrentando. O problema agora para que “ninguém seja
desprezado”, é que no Brasil há uma elite conservadora que despreza os pobres e
os nordestinos. Pior do que isto, ela quer a volta da ditadura
militar. Ela quer derrubar a presidenta para tentar fazer a roda da
história voltar para trás. Nem o pouco de “repartição do pão” que se
conseguiu com Lula e Dilma ela aceita. Diante disto, só resta para
os cristãos progressistas, as pessoas de bem, os democratas, os comunistas, os
socialistas e os liberais enfrentar esta parada que ocorre atualmente
pela luta luta de ideias nas redes sociais e nas grandes
mobilizações de ruas. O amor passivo, por mais importante que ele
seja, o perdão para uma elite que não quer nem saber de
religião, não mudará a nossa realidade. A elite branca da
“Avenida Paulista” detesta a democracia, a justiça social e os
pobres.
O Brasil, ao contrário de retroceder como quer a direita
reacionária, precisa avançar com mais democracia e mais mudanças estruturais
como prega a esquerda consequente. Precisamos reformar a
política para acabar com a corrupção generalizada. Precismos reformar a terra
para atender milhões de sem terras. Precisamos desconcentrar e
reformar a mídia para que ela cumpra um papel educativo que reforce os nossos
valores cristãos e humanos. Precisamos de uma reforma tributária que cobre
imposto também dos que tem mais, daqueles que vão para a Avenida Paulista pedir
o retrocesso político, pois hoje quem mais paga imposto é o
consumidor. Enfim, precisamos destas e de outras reformas
estruturais para que o amor saia das nossas bocas e faça parte realmente das
nossas vidas. Para que fora do nosso circulo seja escrito tudo que
atrapalha este novo mundo e este novo país e dentro dos nossos círculos
caibam, não só os cristãos e a humanidade como um todo, mas todo o planeta terra, no qual a vida corre o risco de ser extinta no
capitalismo.










0 comentários :
Postar um comentário