O panelaço murchou e pifou, como os protestos do dia 12 de
abril.
Por sugestão de Miro Borges, o Conversa Afiada reproduz
artigo de Paulo Nogueira, extraído do Diário do Centro do Mundo:
Lula deu uma surra no Panelaço
Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
A direita não deve ter ficado muito feliz ontem.
Porque o fato é: Lula surrou o Panelaço.
Aconteceu com o Panelaço o mesmo que ocorrera com o Protesto
de 12 de abril: murchou, pifou, depois de uma primeira edição
surpreendentemente bem sucedida.
O duplo fracasso – do Panelaço e do Protesto – traz uma
verdade doída para os interessados na derrubada de Dilma: seu momento passou.
Passou primeiro porque é simplesmente uma estupidez querer
cassar 54 milhões de votos sob pretextos cínicos, falsos e vis.
Segundo porque o governo Dilma e o PT retomaram a
iniciativa.
Ficou claro, por exemplo, que ao contrário do que a imprensa
vinha tentando propagar os problemas econômicos do país não são exclusividade
nacional. Fazem parte de um drama mundial.
Foi grande o esforço dos comentaristas das corporações de
mídia em levar os inocentes a crer que o dólar alto era um fenômeno apenas do
Brasil.
Mentira.
Houve também uma mobilização conservadora para retratar uma
Petrobras aos pedaços.
Outra mentira.
As ações da Petrobras não param de subir, e investimentos
bilionários na empresa feitos pela China e pela Shell mostram que a mídia
brasileira definitivamente não é levada a sério fora do seu quadrado de
atuação.
E então chegamos a Lula, a grande estrela do programa do PT
que foi ao ar ontem em rede nacional.
Para desespero da oposição, Lula demonstrou que é o Lula de
sempre. Não apenas exibe vigor físico como continua a dominar a arte de falar e
convencer.
É um caso único de poder de retórica no universo político brasileiro.
Lula reúne simplicidade e profundidade em seu discurso, e transmite sinceridade
mesmo quando fala alguma bobagem.
Comparemos.
Aécio fala com pedantismo, com ares de político da Velha
República, um Tancredo com implante de cabelo e dentes artificialmente brancos.
FHC é aquele professor que repete a mesma coisa há meio
século, e que ninguém aguenta mais escutar. Alckmin é uma mistura de Frontal
com Dormonid.
E Dilma pensa melhor que fala, muito melhor. Usa frases
longas e repete expressões que acabam com qualquer estilo. (Acredito que etc
etc, por exemplo.)
Dilma poderia – deveria – ter treinado a arte de falar em
público, mas é preciso reconhecer que mesmo com todas as suas limitações neste
terreno ela não teve maiores problemas em lidar com Serra e Aécio.
As circunstâncias precipitaram os debates sobre 2018, e Lula
aparentemente leva muita vantagem sobre seus eventuais oponentes.
A direita talvez se preocupe com o tom incisivo de Lula nos
últimos tempos, mas não há razões para pânico.
Lula está mobilizando a militância do PT com seu discurso
ligeiramente radicalizado, o mesmo grupo que provavelmente o levará ao Planalto
em 2018.
Depois, seu espírito conciliador, de sindicalista acostumado
a negociar, prevalecerá.
Num país tão polarizado, tão dividido, tão cheio de ódio, um
conciliador pode devolver o sentimento perdido de unidade.
Até por isso Lula sobra, desde já, para 2018.
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