Em entrevista ao jornalista Roberto D'Ávila, o interino
Michel Temer cometeu um ato falho ao explicar por que vetou o uso de um avião
presidencial pela presidente Dilma Rousseff; Temer afirmou que Dilma
"utiliza o avião, ou utilizaria, para ir fazer campanha denunciando o
golpe"; na entrevista, ele também afirmou que não irá processar Sergio
Machado, ex-presidente da Transpetro, que o acusou de pedir doações oriundas de
propina para Gabriel Chalita em 2012; "O que ele mais deseja é isso",
disse; Temer explicitou a lógica de seu governo, ao deixar claro que medidas
duras só serão tomadas após a interinidade; ele afirmou que "ainda"
não irá aumentar impostos e que uma reforma da Previdência, ampliando a idade
mínima de aposentadoria, só virá depois da consolidação do impeachment; sobre
Eduardo Cunha, ele se limitou a dizer que é um "batalhador"
22 DE JUNHO DE 2016 ÀS 04:08 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM
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247 – O interino Michel Temer concedeu uma entrevista
reveladora ao jornalista Roberto D'Ávila, na noite de ontem, na Globonews. Num
ato falou, admitiu a existência de um golpe contra a presidente Dilma Rousseff.
Numa inconfidência, revelou que só tomará medidas duras, como aumentos de
impostos e da idade mínima para a aposentadoria, após a segunda votação no
Senado. E, numa demonstração de certo receio, sinalizou que não irá processar
Sergio Machado, o ex-presidente da Transpetro que o acusa de pedir doações
oriundas de propina para a campanha de Gabriel Chalita, em 2012.
O ato falho ocorreu quanto Temer explicou por que impede que
a presidente Dilma Rousseff utilize o avião presidencial em seus deslocamentos.
Ele afirmou que ela "utiliza o avião, ou utilizaria, para ir fazer
campanha denunciando o golpe", sem falar em "suposto golpe" ou
"o que ela considera ser um golpe".
"A senhora presidente tem o palácio da Alvorada, tem o
palácio do Torto, tem avião para se locomover para o seu estado. Sim, porque,
convenhamos, ela não está no exercício da presidência, portanto não tem
atividades de natureza governamental", disse ainda Temer, que também
afirmou que "jamais faltou comida" para a presidente afastada – numa
referência ao bloqueio dos cartões de crédito do Alvorada.
Plebiscito sobre novas eleições
Temer também questionou a tese sobre novas eleições, defendida
por setores do PT e pela própria presidente Dilma Rousseff.
"Eu não acho útil para a senhora presidente. Porque, no
instante em que ela diz que aceita um plebiscito para eleições, é porque ela
deseja voltar para depois não governar. Não é útil porque, se vai voltar para
depois convocar eleições, então é porque não quer governar", disse Temer.
Na verdade, o que se busca, com o plebiscito, é apenas uma
saída democrática para o País, que devolva à população um governo com
legitimidade. A tese de novas eleições também já é defendida pela maioria do
povo brasileiro, como comprovam pesquisas de opinião já realizadas.
Reforma da previdência
Na entrevista, Temer também explicitou a lógica de seu
governo. Na interinidade, benesses para os aliados. Após o impeachment, medidas
duras, como o aumento de impostos e da idade mínima para aposentadoria.
"Então certas questões que neste momento ainda não deu
tempo de tratar, eu tratarei depois. A questão da reforma da Previdência. Acho
que eu só poderei pleitear uma reforma da Previdência se tiver a
efetivação", afirmou. Ele também disse que não pensou em elevar impostos
"ainda".
Caso Sergio Machado
Citado na delação de Sergio Machado, ex-presidente da
Transpetro que o acusa de pedir uma doação oriunda de propina para Gabriel
Chalita, Temer também disse por que não irá processar seu acusador.
"O que ele [Machado] mais deseja é isso. [...] Ele quer
polarizar com o presidente da República. Eu não vou dar esse valor a ele. Eu
não falo para baixo", afirmou o peemedebista.
Ao comentar a situação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado
de manter diversas contas no exterior, Temer disse que o correligionário
"está se defendendo como pode" e que é "batalhador no campo
político e no campo jurídico."
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