Por Dedé Rodrigues
Foto da mesa de debate
No dia 08 de dezembro de 2017, ocorreu o II Fórum Intermunicipal do Meio Ambiente na
Escola Técnica de São José do Egito ETE, com os temas: Resíduos Sólidos,
Sustentabilidade e Consciência Ambiental. O Fórum foi palco de uma série de projetos produzidos pelos alunos
e professores daquela instituição, seguido de uma Mesa de Debate com uma dezena
de participantes, mediada pelo Diretor da ETE, Niedson Amorim. Além do tema proposto, o mediador fez a
seguinte pergunta para provocar os debatedores:
POR QUE É TÃO DIFÍCIL REALIZAR
AÇÕES CONCRETAS EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE? Cada debatedor procurou responder a
questão apontando algumas causas como: o modo de produção capitalista, a falta
de recursos para os gestores, falta de compromisso das gestões com o meio
ambiente, a falta de educação ambiental e por aí vai. O tempo que os
debatedores tiveram para responder essa questão tão profunda e complexa, apesar
da tolerância do mediador, foi pouco, daí porque decidi escrever essa matéria
reproduzindo parte do debate e a nossa opinião como militante das causas sociais para a reflexão do leitor.
A Mesa de Debate foi composta por Claudevan Filho, Vereador
de São José do Egito, Adilson
Alves, Diaconia – Afogados da Ingazeira, João Simões, AASP, Niedson Amorim, ETE e mediador dos debates, Urbano Batista,
Secretário de Agricultura de Teixeira, PB, Adriano Dantas, secretaria de
Agricultura de São J. do Egito, Luiza
Tenório Técnica do Meio Ambiente, Sônia Barros, Centro Vida Nordeste e Dedé
Rodrigues, Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura de Tabira, entre outros
que não estão na minha lista de presença.
Comungo da ideia, reforçada por boa parte dos
presentes, que o modo de produção
capitalista, irracional e predatório, é a principal causa da destruição do meio
ambiente. Conforme Ademar Bogo, em (Identidade e Luta de Classes, 2010), de
1500 a 1850, nós matávamos um espécie viva a cada 10 anos. De 1850 a 1950
matamos uma espécie por dia. Em 1990, já
matávamos 10 espécies por dia e no ano 2000 matávamos uma espécie por
hora. Novos estudos apontam que nós
matamos 90 mil espécies vivas por ano e cada espécie leva com ela pelo menos 30
outras, que dependem também dela. Evidente que em uma sociedade dividida em
classes sociais com a produção predatória na busca cega pelo lucro, esse “nós”
recai bem mais sobre a burguesia financista e empresarial com os seus mega empreendimentos
de mercado e concentração de renda.
Vivendo em um mundo onde cerca de 1 bilhão de “animais
racionais” passam necessidades por que vivem em situação de pobreza. A pobreza
não é culpa dos pobres, como acreditam ou divulgam os defensores da burguesia,
a principal causa dela é a concentração de renda no mundo onde 1% por cento tem mais riqueza do que os outros
99% e, no Brasil, onde 6 super ricaços tem mais renda do que 100 milhões de
pessoas. Um mundo onde o consumismo virou uma doença que provoca outra doença
como a depressão. Um mundo, no qual o principal dirigente da nação mais
poluidora, os Estados Unidos, Donald Trump,
se recusa a cumprir o acordo de Paris, onde nesse país só se recicla 11% do seu lixo, mas pelo tratado de Kioto era para reduzir o Co2 de
lá para 8%, mas fez foi aumentar para
35%. O governante principal desse país acaba
de reduzir as reservas ambientais para
agradar o loby dos grandes produtores e ainda pode jogar a humanidade no meio de uma guerra nuclear
devastadora do meio ambiente, ameaçando invadir e destruir a Coreia do Norte e
defendendo a Palestina, como capital de
Israel, cuja decisão, pode botar fogo no
Oriente Médio. Se esse país não é seguro, o mundo com essas medidas de Trump, torna-se também um lugar muito perigoso para se viver.
Com base nisso pode-se afirmar que está
na política e na economia os principais problemas ambientais ou sua própria
solução. Se pensarmos em outro modo de produção; é no socialismo que está a
saída para a humanidade, haja vista que esse modelo de sociedade tem outros
valores humanistas e a China socialista tirou 500 milhões de pessoas da
pobreza nas últimas décadas e está se esforçando por todos os meios
possíveis para cumprir o acordo de paris.
O critério da verdade não é a prática? Questionou recentemente o primeiro ministro
da China, Xi Jemping.
No Brasil a situação do meio ambiente está se agravando cada
vez mais por causa de um governo golpista, entreguista e ultraliberal. Em 2016
aumentamos as emissões de carbono em quase 9%, quando devíamos está reduzindo
para chegar meta de 37% em em 2025. Aumentamos o desmatamento de 2013 a 2017 em 38%. Duas grandes reservas
naturais iam ser reduzidas para agradar os ruralistas, comprando votos para as medidas anti-povo, só não
foram reduzidas graças a forte reação
popular. Mesmo assim a medida provisória
795 de Temer concede incentivos fiscais, que podem chegar a R$ 1 trilhão até
2040. Esse incentivo é para o setor do óleo e gás, principal emissor de carbono
no mundo. Para piorar só temos 8% da Nossa mata
Atlântica e dados recentes dão conta que 45% do nosso bioma Caatinga já foi
desmatado. Se essas questões ambientais
se resolvem com mais investimento público, pode-se afirmar que o meio ambiente
no Brasil com Temer ultraliberal vai piorar cada vez mais.
No Pajeú a questão ambiental está longe de ser resolvida. Segundo
Marcos Brito, com seu “estudo de caso” em São José do Egito só temos 10% da
água que tínhamos nos poços públicos.
Quanto mais se desmata, mais a água desses poços diminui. É preciso um projeto
urgente de reflorestamento da Caatinga, pois podemos não ter mais agricultura
nessa região daqui a 50 anos, dizem alguns especialistas. Conforme Adilson da Diaconia de Afogados da
Ingazeira, forte parceira do meio ambiente, só três municípios iniciaram um
trabalho de coleta seletiva, entre eles Tabira, que já tem galpão de triagem
com prensa e uma campanha iniciada em parte das escolas com a criação de
Brigadas do Meio Ambiente em cada instituição onde se implanta a campanha. Em
Tabira o trabalho desenvolvido nas escolas de coleta seletiva já dão frutos.
O II Fórum do Meio
Ambiente na ETE de São José do Egito está se tornando um ambiente propício para
educação ambiental. Boa parte dos alunos e professores já se envolvem em
projetos sobre a água da escola, sobre a flora da escola, entre outras questões
relacionadas ao meio ambiente. Mas isso tem ainda um alcance limitado. É
preciso, além de envolver mais os alunos na chamada mesa de debate, também melhorar o intercâmbio entre a escola ETE e outras escolas de São José do Egito com apresentações desses projetos, bem
como entre outras escolas dos próprios municípios do Pajeú com troca de
experiências sobre esses projetos e a pauta ambiental. Mesmo que no Fórum tenha
sido aprovada uma proposta de Marcos
Brito para realização de uma caravana multidisciplinar na nascente do Rio Pajeú
para a sensibilização do participantes e da sociedade para lutar em defesa da
revitalização do Rio, São José do Egito e a maioria dos municípios do Pajeú, também
precisam iniciar a campanha de coleta seletiva o mais rápido possível. O
problema do lixo e o reflorestamento da nossa Caatinga devem está entre as principais preocupações ambientais da Região
do Pajeú.
A partir da educação e das ações concretas que sairão dos
muros das escolas para a sociedade poderemos está dando o passo mais
importante na defesa do meio ambiente. Com essas ações acabaremos por envolver outros gestores, autoridades públicas,
organizações sociais, conselhos urbanos e rurais etc . O fio da meada para os
gestores públicos se envolverem mais em
questões ambientais passa pela mobilização da sociedade e pela educação ambiental
nas escolas. A solução está na elevação
do nível de consciência política da classe trabalhadora, organização e
participação da sociedade na temática ambiental, pois podemos já está vivenciando nessas batalhas em defesa do
meio ambiente “a guerra do fim do mundo”, como disse o especialista Marcos
Brito no fórum de São José do Egito.
Veja abaixo fotos do Laboratório da ETE - São José do Egito
Veja abaixo fotos do Laboratório da ETE - São José do Egito
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