ENÍNSULA COREANA
O líder da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), Kim Jong Un, fez nesta segunda-feira (1º) um pronunciamento por ocasião do Ano Novo, no qual renovou as esperanças e expectativas do Partido e do Estado, e evocou as conquistas do ano passado, “frutos do diligente e digno trabalho e sinceros esforços do povo de todo o país”.
O dirigente transmitiu “sinceros agradecimentos e cordiais saudações pelo ano novo, em nome do Partido do Trabajo da Coreia e do governo da República, a todos os civis e militares que, ao apoiar as decisões do Partido com o mesmo propósito e pensamento nos árduos e gloriosos dias de combate, colheram vitórias portentosas que serão registradas com letras maiúsculas nos anais da história nacional de cinco milênios”.
Kim saudou também os compatriotas no Sul e no exterior “que lutam pela reunificação da pátria, e os povos progressistas e amigos de distintas latitudes do mundo que se opõem à agressão e à guerra e se solidarizaram com a nossa justa causa”.
No pronunciamento, o dirigente da Coreia Popular destacou que 2017 foi um ano de “heroica luta” e “grande triunfo”, com fatos marcantes “para a história da edificação da potência socialista”.
Kim Jong Un destacou que no ano passado “chegaram ao extremo as manobras dos Estados Unidos e seus seguidores para isolar e asfixiar nossa República, e nossa revolução se deparou com desafios sem precedentes”. Contudo, “em meio à situação criada e às duríssimas provas que impediam nosso avanço, o Partido confiou no povo e este o defendeu resolutamente, transformando a adversidade em circunstância favorável e conseguindo êxitos em todos os domínios da construção da potência socialista”.
Kim Jong Un destacou a “inquebrantável vontade” de “seguir no caminho do socialismo”.
Assinalou que o êxito “mais relevante” do Partido, do Estado e do povo no ano passado foi “atingir a grande causa histórica do aperfeiçoamento das forças armadas nucleares do país”.
Kim enfatizou que “as forças armadas nucleares de nosso Estado podem neutralizar e responder a qualquer ameaça nuclear dos EUA e são poderosos dissuasivos que o contêm, para que desista do aventureiro brinquedo com fogo”. E pontuou: “Esse país jamais poderá provocar a guerra nem a mim nem a nosso Estado”.
“Todo o território norte-americano está ao alcance de nosso ataque nuclear e a qualquer momento está à minha disposição o botão nuclear em minha mesa de trabalho. Isto é uma realidade, jamais uma ameaça, que tenham clareza disso”, arrematou Kim.
O máximo dirigente do Partido do Trabalho da Coreia e do Estado discorreu também sobre os êxitos alcançados no ano passado no desenvolvimento econômico, apesar das dificuldades impostas pelo bloqueio e as sanções e destacou que a tarefa fundamental da economia socialista em 2018 é fortalecer “o caráter independente e autóctone da economia nacional de acordo com a exigência da estratégia da resposta revolucionária apresentada no segundo Pleno do sétimo período do Comitê Central do Partido e elevar o nível de vida da população”. No pronuniacmento Kim traçou diretrizes sobre os diferentes aspectos do desenvolvimento social e cultural do país.
Relações com a Coreia do Sul
O dirigente da Coreia Popular discorreu longamente sobre as relações com a Coreia do Sul e a situação tensa na Península Coreana:
“No ano passado, como em outros, nosso povo batalhou com dinamismo por defender a paz e conseguir a reunificação do país o quanto antes, em correspondência com a aspiração e o imperativo da nação. Contudo, os Estados Unidos e seus seguidores recorreram às draconianas medidas de sanção e pressão e demenciais manobras de provocação da guerra para impedir o crescimento das forças de dissuasão nuclear de nossa República levando a situação da Península Coreana a uma tensão sem precedentes e pondo maiores obstáculos e dificuldades para a reunificação do país”.
“As relações Norte-Sul seguem em seu estado anterior, mesmo depois da queda do ‘governo’ conservador que persistia na política fascista e de enfrentamento fratricida, e a presença de outro novo poder no Sul devido à enérgica resistência dos diferentes setores da população. As novas autoridades sul-coreanas, contra o anseio da nação pela reunificação, aliam-se com os Estados Unidos que se aferram à política de hostilidade contra a RPDC piorando a situação, agravando a tensão e levando a desconfiança e o enfrentamento a tal ponto que é difícil resolver o problema Norte-Sul. Se não acabarmos com o atual estado anormal, não poderemos alcançar a reunificação nem muito menos evitar a catastrófica guerra nuclear que as forças estranhas tentam nos impor”.
“A situação exige que o Norte e o Sul, livres da velha posição, adotem medidas decisivas para melhorar suas relações e abrir o caminho para a reunificação independente do país. Se não dermos ouvidos a esta cara voz da época, não poderemos, seja quem for, apresentar-nos com a fronte erguida perante a nação”.
“Este ano será de júbilo para ambas as partes pois no Norte vai ser comemorado como uma grande festa o 70º aniversário da fundação de sua República e no Sul serão realizados os jogos olímpicos de inverno. Para assegurar com êxito esses acontecimentos transcendentais e demonstrar plenamente o espírito e a dignidade da nação, cabe a nós melhorar as congeladas relações Norte-Sul de modo que este ano seja de relevância histórica para a nação”.
“É preciso, antes de tudo, aliviar a aguda tensão militar entre as duas partes e preparar as condições propícias para a paz na Península Coreana”.
“Com a atual situação instável, que não é de guerra nem de paz, o Norte e o Sul não poderiam assegurar suas atividades programadas, manter conversações frutíferas para a melhoria das relações nem tampoco avançar diretamente rumo à reunificação”.
“Compete a ambas as partes deixar de agudizar a situação e optar por ações unitárias a favor de diminuir a tensão militar e propiciar a circunstância de paz”.
“A autoridade do Sul não deve atiçar a situação aguda ao associar-se com os Estados Unidos em seu perigoso plano de provocação da guerra nuclear contra o Norte, que ameaça a existência da nação e a paz e estabilidade desta terra, mas unir-se conosco que recorremos a todos os meios possíveis para conseguir a distensão. Deve deixar de realizar todo tipo de exercícios de guerra nuclear conjuntos com as forças estrangeiras que poderiam empurrar nosso território ao mar de fogo e sangue, e deixar de introduzir armas nucleares e forças agressoras norte-americanas”.
“Os Estados Unidos, embora tratem com frenesi de provocar uma guerra esgrimindo suas armas nucleares, não poderá conseguir seu desígnio já que temos potencialidades preventivas. Se o Norte e o Sul se unirem, poderão conjurar a guerra e assegurar a distensão na Península Coreana”.
“É necessário criar um ambiente favorável para a reconciliação entre os compatriotas e a reunificação”.
“A melhoria das relações Norte-Sul é o problema de primeira ordem que interessa não só às suas autoridades mas também a todo coreano, e uma importantíssima questão que todos devemos resolver com as forças unidas. Ambas as partes promoverão contatos, viagens, cooperação e intercâmbios em diferentes setores para eliminar o malentendido e a desconfiança, cumprindo assim sua responsabilidade e desempenho como protagonistas da reunificação do país”.
“Abriremos a porta das conversações, dos contatos e viagens a todos os que desejam com sinceridade a reconciliação e a unidade da nação, incluídos não só o partido governamental mas também os opositores, organizações de distintos setores e personalidades individuais”.
“É imprescindível eliminar decisivamente os atos que ferem a outra parte e atiçam as discórdias e hostilidades entre os compatriotas. A autoridade sul-coreana deve propiciar condições e ambiente favoráveis para a reconciliação e a unidade da nação, em vez de impedir os contatos e viagens de diferentes setores e reprimir a solidariedade com o Norte a favor da reunificação, valendo-se de injustos pretextos, leis e aparatos institucionais, como fez o anterior poder conservador”.
“Para melhorar o quanto antes as relações Norte-Sul é ineludível que as autoridades do Norte e do Sul cumpram com sua responsabilidade e papel assumidos perante a época e a nação empunhando mais do que nunca a bandeira da independência nacional”.
“As relações Norte-Sul são sem dúvida um assunto interno de nossa nação e ambas as partes devem desempenhar o papel protagonista em sua solução, razão pela qual devemos manter a firme posição de resolver todos os problemas entre o Norte e o Sul atendo-nos ao princípio de que são problemas entre nós, membros da mesma nação”.
“A autoridade sul-coreana deve ter presente que se levar o problema das relações Norte-Sul a outros países para pedir a ajuda em sua solução, não poderá conseguir nada e, ao contrário, dará às forças forâneas mal intencionadas pretextos para a intervenção e complicará o problema. Não é o momento de as duas partes darem as costas uma à outra, insistindo em suas opiniões, mas de se consultar detidamente sentadas na mesa para melhorar as relações intercoreanas e abrir audazmente o caminho para a solução”.
“Os jogos olímpicos de inverno que em breve se realizarão na Coreia do Sul serão uma boa oportunidade para demonstrar a dignidade da nação e desejamos de coração sua exitosa realização. Por isso, estamos dispostos a tomar medidas pertinentes como o envio de nossa delegação e consideramos necessário um urgente contato governamental de ambas as partes. É natural que entre os compatriotas de um mesmo sangue se considere a alegria dos outros como a sua e se ajudem mutuamente”.
“No futuro também resolveremos todos os problemas entre nós, da mesma nação, empunhando a bandeira da independêcia nacional e com as forças unidas da nação frustraremos as manobras dos elementos internos e externos que se opõem à reunificação, para escrever uma nova história da reunificação da pátria”.
“Aproveitando esta oportunidade, faço chegar novamente minhas cordiais saudações a todos os compatriotas dentro e fora do país e desejo de coração que neste ano significativo tudo saia bem entre o Norte e o Sul”.
Promessa de paz
Kim Jong Un justificou as posturas internacionais da RPDC e assumiu compromissos:
“A situação internacional do ano passado comprovou que é justa a decisão e a opção estratégica de nosso Partido e Estado de só contestar com a força da justiça os agressores imperialistas que destroem a paz e a segurança no mundo e tratam de causar um holocausto nuclear à humanidade”.
“Nosso país, consciente de sua responsabilidade como potência nuclear amante da paz, não utilizará armas nucleares enquanto as forças agressivas hostis não violarem a soberania ou o interesse de nosso Estado, e tampouco ameaça com as mesmas nenhum outro país e região. Mas daremos uma resposta categórica a todo ato que destrua a paz e a segurança na Península Coreana”.
“Nosso Partido e nosso governo desenvolverão as relações de boa vizinhança e amizade com todas as nações que respeitam a soberania de nosso país e nos tratam com amizade e se esforçarão ativamente para construir um novo mundo justo e pacífico”.
Resistência, com informações do Boletim da Embaixada da RPDC no Brasil
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