Publicado 15/12/2020 20:45
A posição do Brasil
em 2019 no cálculo para as colocações no ranking mundial de Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud) merece reflexões. Pelos critérios adotados – que
abrangem saúde, renda e escolaridade e medem o bem-estar da população – o país
está em 84º lugar entre 189 nações. A ONU destaca a falta de avanços na
educação como responsável pelo índice brasileiro, além de alertar para a alta
desigualdade de renda e de gênero.
Essa posição indica
que o Brasil caiu cinco posições, com uma evolução de 0,003 em relação a 2018,
considerado pelo Pnud como crescimento lento, ultrapassado por outros países
que tiveram melhor desempenho. De acordo com o relatório, o período de
permanência das pessoas na escola ainda é o mesmo de 2016, de 15,4 anos.
A média de anos de
estudo teve uma pequena alta, de 7,8 anos em 2018 para 8 anos em 2019. Outro
dado relevante é que o país ocupa a 6º posição entre os países da América do
Sul, atrás de Chile, Argentina, Uruguai, Peru e Colômbia – os dois últimos
estavam abaixo e empatados com o Brasil no ranking de 2018.
Quando são
incluídos índices relacionados à desigualdade, o Brasil tem uma queda ainda
maior, perdendo 20 posições. O IDH brasileiro, que é de 0,765, cai para 0,570,
uma redução de 25,5%. Na questão de gênero, o país também amarga posição
crítica, ficando na 95ª posição do Índice de Desigualdade de Gênero (IDG), um
ranking que inclui 162 nações.
São dados que
refletem o crônico problema social brasileiro. O país sempre foi caracterizado
por políticas públicas tímidas e insuficientes, mas a força da ideologia
neoliberal à brasileira, com fortes traços escravocratas, acentuou essa
tendência. Questões como saúde, segurança, educação e infraestrutura são sempre
subordinadas à função do Estado como ente gerenciador do mercado financeiro
especulativo, a velha e ineficiente teoria de que um governo com rígidos
controles fiscais garante investimentos privados em profusão.
A política
monetária definida por metas arbitrárias de inflação, câmbio e juros ignora o
potencial de uma economia, cheia de riquezas naturais e de industrialização
média. Baseada em teses ditas únicas, desde que apareceu no país os resultados
foram melancólicos. Mais uma vez, os frutos desse desastre aparecem por toda
parte – desemprego em massa, quebradeira de empresas e precariedade dos
serviços públicos.
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