Publicado 30/12/2020 21:00
A definição dos
campos que disputarão a presidência da Câmara dos Deputados tem enorme
importância para os próximos passos da luta política no país. Os
encaminhamentos apontam para duas tendências, uma abertamente bolsonarista e
outra com margens para ampliação da luta democrática. Essa disputa tem sentido
estratégico. Nela estão os fundamentos do pacto democrático de 1988, a tática
de erguer barreiras para conter as investidas de Bolsonaro contra o Estado
Democrático de Direito.
Não resta dúvida de
que essa é a grande batalha do momento. Será a partir da defesa da Constituição
que outras lutas se desenvolverão, como a da soberania nacional e dos direitos
do povo. A equação que se impõe é a formação de um campo comprometido com a
institucionalidade democrática do país para que dentro dele possa haver espaços
de mediação e mesmo de enfrentamentos na defesa das conquistas sociais da
Constituição.
É importante
considerar que a Constituinte foi um passo decisivo para que se formasse um
pacto democrático que assegurasse as históricas bandeiras levantadas pelas
forças democráticas, patrióticas e progressistas. Sua consecução custou vidas,
torturas e exílios. E incorporou o sentido da luta de todos que batalharam para
que o país pudesse atingir um patamar razoável de civilização, de progresso
social e de desenvolvimento econômico.
Quando se fala da
disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, tudo isso está em questão. A
razão de ser das forças democráticas, patrióticas e progressistas é a defesa
dessas bandeiras. Após o pacto democrático de 1988, essa defesa passou por
diferentes estágios e atingiu um alto grau de agudização com a eleição de
Bolsonaro em 2018, que nunca escondeu, desde sempre, seu antagonismo com o
regime democrático. A conclusão de que a defesa da democracia é o vértice de
todas as ações políticas no país se impõe exatamente por isso.
Todas as sucessões
na presidência da Câmara dos Deputados têm grande importância. Mas essa assume
sentido estratégico por conta do projeto bolsonarista de se assenhorear do
Poder Legislativo com o objetivo de avançar com sua pauta autoritária. A
formação de um campo que se opõe a esse objetivo é a demonstração cabal de que
amplos setores políticos e ideológicos não subestimam os intentos de Bolsonaro.
E ninguém mais do que a esquerda tem interesse na soma de forças para enfrentar
o boslonarismo.
A consolidação
desse bloco, como se vê, não se dá por adesismo, tampouco pela renúncia de
princípios fundamentais das forças progressistas. Pelo contrário. Será no
âmbito dessa contradição fundamental que outras surgirão, numa condição de luta
assentada na soma de forças comprometidas com a defesa da democracia. Mesmo na
formação desse campo os setores progressistas podem avançar, como foi o caso do
Manifesto dos partidos de esquerda, dando passos decisivos para a sua unidade
inclusive para outras batalhas igualmente decisivas.
Portal Vermelho.
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