No próximo domingo (6), os venezuelanos irão às urnas para as eleições parlamentares, quando elegerão os 277 deputados da Assembleia Nacional para o quinquênio 2021/2026.
por Wevergton Brito
Publicado 02/12/2020 19:10 | Editado 02/12/2020 21:54
Os deputados
eleitos irão assumir suas cadeiras em 5 de janeiro do próximo ano. Os EUA,
seguidos pela União Europeia e demais satélites da política externa
imperialista, não reconhecem as eleições parlamentares venezuelanas que, no
entanto, contam com o respaldo da maioria dos países que integram a Organização
das Nações Unidas e da totalidade das 120 nações que conformam o Movimento de
Países Não Alinhados.
Uma estranha
ditadura
De fato, é preciso
um forte malabarismo retórico e uma disposição para distorcer a realidade
alcunhar de “pouco democrático” um processo eleitoral no qual participarão 107
partidos, sendo 30 organizações nacionais, 53 regionais, 06 organizações
indígenas nacionais e 18 organizações indígenas regionais. Estranha ditadura
essa em que, destes 107 partidos, cerca de 90 são de oposição, que contam em
seu favor com uma mídia comercial cuja maioria faz cerrada campanha contra o
governo.
Um sistema seguro
contra a fraude reconhecido até pela oposição
Segundo informações
do jornal Brasil de Fato uma missão de verificação do Conselho
de Especialistas da América Latina (Ceela) confirmou a eficiência do sistema
eleitoral venezuelano. No dia 12 de novembro, o organismo e o Conselho Nacional
Eleitoral (CNE) assinaram um acordo. Desde então, ex-funcionários e magistrados
do poder eleitoral de distintos países latino-americanos estão em Caracas
acompanhando cada etapa do calendário eleitoral venezuelano. Gaston Soto
Vallenas é ex-diretor do Jurado Nacional Eleitoral do Peru e destaca que o
trabalho que realizam no território venezuelano é “eminentemente técnico”
e lembra que nos últimos 15 anos o Ceela acompanhou processos eleitorais em 120
países da América Latina e do mundo. “Não há a menor dúvida de que o voto
não será manipulado pelas máquinas que estão sendo adotadas. Também há uma
disposição do poder eleitoral em garantir a presença dos distintos atores
políticos nesse processo eleitoral”, explicou Soto. Isso é reconhecido até
pela oposição. De acordo com o site Prensa Latina, um dos líderes
do partido oposicionista “Soluções para a Venezuela”, Claudio Fermín, candidato
a uma cadeira na Assembleia Nacional, reconheceu nesta terça-feira (1°) que as
eleições parlamentares têm todas as garantias para que os cidadãos possam
exercer o direito de voto. “Nós, venezuelanos, temos que chegar a um
entendimento (…) Vale a pena sentar-se para legislar, e isso significa
responder às necessidades do povo”, destacou o líder oposicionista,
lembrando que foram realizadas diversas reuniões com integrantes das Forças
Armadas Nacionais Bolivarianas, responsáveis pelo Plano da República, os
reitores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e os partidos políticos, nas
quais foram discutidos diversos impasses que foram superados por consenso.
O “X” da questão
Em 2015, quando os
resultados divulgados pelo CNE apontavam para uma contundente vitória
oposicionista nas eleições da AN, Nicolás Maduro fez imediatamente um
pronunciamento reconhecendo a derrota do governo e colocando-se à disposição para
“trabalhar em conjunto com a Assembleia Nacional” em favor do povo
venezuelano. Como resposta, os líderes da oposição diziam que o “governo
Maduro acabou” e em seu primeiro discurso como presidente da Assembleia
Nacional, Henry Ramos Allup prometeu derrubar o governo legitimamente eleito da
Venezuela em seis meses. Promessa que a maioria direitista da Assembleia
Nacional perseguiu incansavelmente, inclusive usurpando poderes, visando
mergulhar o país no caos de uma crise política e institucional que justificasse
a intervenção estadunidense.
Em 5 de janeiro de
2019 Juan Guaidó assume a presidência da AN e poucos dias depois se
autoproclama “presidente interino”. É este setor, abertamente golpista e cada
vez mais ridicularizado e isolado, que está boicotando as eleições com as
bênçãos de seus amos imperialistas.
A imensa maioria da
oposição participa e desafiou o presidente Nicolás Maduro a renunciar, caso
vença as eleições. Nesta terça-feira (1°), Maduro declarou que “se a
oposição ganhar as eleições, eu não continuarei aqui. Deixo meu destino nas
mãos do povo da Venezuela”, sem esclarecer, no entanto, como sairia, se
renunciaria, se convocaria eleições antecipadas, etc.
O “X” da questão é
que o governo bolivariano já mostrou que sabe se defender em diversos campos de
luta. Venceu a imensa maioria das disputas eleitorais, tem um forte trabalho de
base, reformou e aproximou do povo as Forças Armadas, cujo comando tem sólidos
compromissos com a defesa da soberania, e se existe uma mídia comercial
oposicionista, também existem canais públicos de comunicação e uma extensa rede
de mídia comunitária que faz o contraponto.
O critério do que é
ou não é democracia
Nesta quarta-feira
(2) uma grande marcha em apoio às candidaturas defensoras da Revolução
Bolivariana ocupou as ruas de Caracas. Depois de derrotar provocações de todo o
tipo, resistir a sanções, bloqueios e mesmo a tentativas de invasões armadas,
todas as pesquisas apontam para a vitória do governo nas eleições de domingo, e
este é o critério número um da direita para definir o que é democracia: só
existe democracia se a maioria do povo escolhe para o governo os que não têm
qualquer compromisso com o próprio povo. Se o povo ousar escolher diferente,
não importa de que forma, mesmo as mais “democráticas” segundo os próprios
métodos apregoados pela direita, uma torrente de calúnias, sabotagens e
agressões irá, mais cedo ou mais tarde, desabar sobre as cabeças de quem busca
caminhos alternativos para um desenvolvimento soberano. No Brasil, aliás,
sabemos bem o que é isso.
As eleições deste
domingo serão acompanhadas por observadores ligados aos mais diversos
organismos internacionais e partidos políticos, entre eles o Partido Comunista
do Brasil (PCdoB), que estará representado pela camarada Beatriz Araújo Lopes Durval
(Bia Lopes).
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