Enfrentar e punir o golpismo bolsonarista
Publicado 17/02/2021 21:56
Democracia
A decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a ordem lavrada pelo ministro Alexandre de Moraes que determinou a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), por crimes contra o Estado Democrático de Direito, requer amplo e ativo respaldo das forças democráticas e progressistas do país.
O golpismo do
presidente Jair Bolsonaro e de seu séquito de parlamentares, milicianos,
apoiadores — a vida já demonstrou —, somente recua quando confrontado por amplas
forças políticas e sociais articuladas com o todo ou parte de Poderes da
República. Nesse sentido, a decisão dos
partidos de oposição (PT, PSB, PDT, PCdoB, PSOL e Rede) de representar,
coletivamente, no Conselho de Ética contra o deputado por
quebra de decoro ao atacar a Constituição e as instituições, é mais um passo
importante dessa batalha.
No primeiro
semestre do ano passado, o próprio presidente era presença assídua em atos de
rua que vociferavam pelo fechamento do Congresso Nacional e do STF. Esses
crimes reiterados contra a Constituição somente cessaram quando um arco amplo
de forças políticas, conjuntamente, com o Congresso Nacional e o STF, fizeram
acionar os instrumentos legais de defesa da ordem constitucional.
É impossível
dissociar as causas da prisão do deputado Daniel Silveira do projeto de poder
autoritário do bolsonarismo. Tampouco se pode ignorar que esses métodos
interagem com a realidade do país, castigado por uma crise econômica longa e
profunda, agora agravada com a pandemia. As dificuldades para se encontrar uma
saída, necessariamente política, servem de caldo de cultura para projetos
obscurantistas e reacionários, para ações de aventureiros inconsequentes.
O bolsonarismo
empurrou e encurralou o país numa situação de ruína econômica, de tragédia
social e sanitária. Não tem respostas para os dramas do povo, pelo fracasso que
representa sua agenda ultraliberal e neocolonial, e, também, porque ignora os
marcos da institucionalidade democrática.
Assim, com
frequência faz uso do estratagema de criar situações e fatos de crise
permanente, com episódios diversionistas, como este do deputado Silveira, para
tentar ocultar seu fracasso e manter mobilizado o contingente de apoiadores
mais reacionários. Em consequência, em vez de debater a da falta de vacinas,
soluções para o desemprego em massa, obrigatoriamente, o país volta a
lidar com mais uma crise insuflada pelo bolsonarismo.
A eleição de
Bolsonaro representou a continuidade dos ciclos autoritários que marcaram a
história do Brasil. Ele nunca escondeu a sua contrariedade com o regime
democrático. Para ele e seus asseclas, a solução dos problemas do país viria de
atitudes truculentas, como demonstram seus apelos a genocídios e apologias à
barbárie que reinou nos porões da ditadura militar. A conclusão dessa
contradição evidente é de que ele se elegeu fingindo cumprimento às regras
constitucionais e maquinando como montaria barricadas para atacar o regime
democrático.
As torpezas de
Daniel Silveira são parte de tudo isso. O uivo golpista do dito deputado é o
bolsonarismo, tal como ele é, sem maquiagem. O que se pode esperar, sem margem
para dúvida, é que o governo Bolsonaro seguirá sua marcha autoritária, armando,
sempre que possível, tropas de ataques à institucionalidade democrática.
Sabendo disso,
cumpre a todos os democratas responder energicamente a cada uma dessas ações e,
com base na constatação de que a luta é contra um projeto com pendores
autoritários, formar uma ampla e densa linha de defesa da democracia.
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