Publicado 04/02/2021 12:04
Do Editorial do Portal Vermelho
A indicação de Bia Kicis (PSL-DF) à presidência da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados é um termômetro da afronta do bolsonarismo às instituições democráticas. A deputada é conhecida por suas provocações, entre elas incitação à violência contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Pela agressividade de suas manifestações pode-se medir o sentido do projeto de poder que ela representa, explicitamente estampado nas atitudes do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Essa indicação
traduz a tática bolsonarista, leia-se neofascismo, de ocupar espaços
importantes na institucionalidade do país. No passo a passo, essa vertente de
extrema direita avança na direção do aniquilamento do regime democrático,
minando suas instâncias de resistência, como é o caso da CCJ. O bolsonarismo
não faz questão de esconder seus propósitos, mas já se mostrou mestre na arte
da manipulação e da dissimulação, além da persistência no propósito de liquidar
o regime democrático de direito.
A vitória na
disputa pela presidência da Câmara dos Deputados deu a esse projeto um fôlego
extra e abre espaço para a intensificação dessa tática de ocupar espaços para
alavancar seu projeto autoritário. A ordem implícita nessa atitude é de
aproveitar cada oportunidade para conspurcar o instrumento de contenção aos que
afrontam a democracia, a Constituição da República. Em caso de revés, recuam
dizendo que estão jogando o jogo democrático para preparar nova ofensiva.
A indicação de Bia
Kicis para a CCJ é uma evidente prova dessa tática. O bolsonarismo não chegaria
a essa ousadia se não fosse cúmplice das intenções proclamadas pela deputada de
forma estridente, como fez no caso em que agrediu o STF e conclamou ações
violentas para fechá-lo. Um mínimo de bom senso revela que a manobra para
ocupar o posto máximo da CCJ é uma manifestação de que, havendo possibilidade,
a institucionalidade democrática deve ser minada.
No sentido oposto,
surgem ações muito positivas para impedir a manobra bolsonarista, o que
demonstra vigor das forças políticas e ideológicas que lutam pela democracia. A
resposta à indicação dessa deputada para a que é considerada uma das mais
importantes instâncias da Câmara dos Deputados tem sido ampla e firme.
O confronto
expressa a polarização que se formou no país, com a extrema direita atentando
sistematicamente contra o Estado Democrático de Direito e as forças
democráticas respondendo com agilidade e firmeza.
O acirramento desse
combate que se espelhou na disputa à presidência da Câmara dos Deputados,
reafirma a justeza da tática de somar e ampliar as forças da oposição. Exemplo
disso foi a formação da Frente Câmara Livre que abarcou legendas de um arco da
esquerda à direita, tendo como convergência a defesa da democracia.
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