Secretários de Saúde publicam documento pedindo
medidas de restrição com orientação nacional e outras providências para
controlar crise sanitária e econômica
Publicado 01/03/2021 13:59 |
Editado 01/03/2021 16:13
Foto: Tomaz Silva/Agencia Brasil
O Conselho Nacional
de Secretários de Saúde (CONASS) manifestou-se por meio de carta à população a
respeito do estabelecimento de novas medidas de restrição. Nas últimas semanas,
com o aumento de casos e esgotamento de leitos de UTI, a média móvel de óbitos
subiu e o cenário tende a piorar.
Para os secretários
de saúde, “o relaxamento das medidas de proteção e a circulação de novas cepas
do vírus propiciaram o agravamento da crise sanitária e social”. De acordo com
o documento, é necessário “a adoção imediata de medidas para evitar o iminente
colapso nacional das redes pública e privada de saúde”.
Entre as medidas
defendidas estão a proibição de eventos presenciais, suspensão das aulas,
adoção de toque de recolher, fechamento de praias e bares, instituição de
barreiras sanitárias, medidas para evitar superlotação nos meios de transporte
público e ampliação de testagem. Aliado a essas medidas, os secretários também
defendem o reconhecimento do estado de emergência sanitária, divulgação e
conscientização das medidas, celeridade na compra de vacinas e um Plano
Nacional de Recuperação Econômica.
Leia o documento na
íntegra:
CARTA DOS
SECRETÁRIOS ESTADUAIS DE SAÚDE À NAÇÃO BRASILEIRA
O Brasil vivencia,
perplexo, o pior momento da crise sanitária provocada pela COVID-19.
Os índices de novos
casos da doença alcançam patamares muito elevados em todas as regiões, estados
e municípios. Até o presente momento, mais de 254 mil vidas foram perdidas e o
sofrimento e o medo afetam o conjunto da sociedade.
A ausência de uma
condução nacional unificada e coerente dificultou a adoção e implementação de
medidas qualificadas para reduzir as interações sociais que se intensificaram
no período eleitoral, nos encontros e festividades de final de ano, do veraneio
e do carnaval.
O relaxamento das
medidas de proteção e a circulação de novas cepas do vírus propiciaram o agravamento
da crise sanitária e social, esta última intensificada pela suspensão do
auxílio emergencial. O recrudescimento da epidemia em diversos estados leva ao
colapso de suas redes assistenciais públicas e privadas e ao risco iminente de
se propagar a todas as regiões do Brasil. Infelizmente, a baixa cobertura
vacinal e a lentidão na oferta de vacinas ainda não permitem que esse quadro
possa ser revertido em curto prazo.
O atual cenário da
crise sanitária vivida pelo país agrava o estado de emergência nacional e exige
medidas adequadas para sua superação. Assim, o Conselho Nacional de Secretários
de Saúde (CONASS) manifesta-se pela adoção imediata de medidas para evitar o
iminente colapso nacional das redes pública e privada de saúde, a saber:
a) Maior rigor nas
medidas de restrição das atividades não essenciais, de acordo com a situação
epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região, avaliadas
semanalmente a partir de critérios técnicos1, incluindo a restrição em nível
máximo nas regiões com ocupação de leitos acima de 85% e tendência de elevação
no número de casos e óbitos. Para tanto, são necessárias:
- A proibição de eventos presenciais como shows,
congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo
território nacional;
- A suspensão das atividades presenciais de
todos os níveis da educação do país;
- O toque de recolher nacional a partir das 20h
até as 6h da manhã e durante os finais de semana;
- O fechamento das praias e bares;
- A adoção de trabalho remoto sempre que
possível, tanto no setor público quanto no privado;
- A instituição de barreiras sanitárias
nacionais e internacionais, considerados o fechamento dos aeroportos e do
transporte interestadual;
- A adoção de medidas para redução da
superlotação nos transportes coletivos urbanos;
- A ampliação da testagem e acompanhamento dos
testados, com isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos contatos;
b) O reconhecimento
legal do estado de emergência sanitária e a viabilização de recursos
extraordinários para o SUS, com aporte imediato aos Fundos Estaduais e
Municipais de Saúde para garantir a adoção de todas as medidas assistenciais
necessárias ao enfrentamento da crise;
c) A implementação
imediata de um Plano Nacional de Comunicação, com o objetivo de reforçar a
importância das medidas de prevenção e esclarecer a população;
d) A adequação
legislativa das condições contratuais que permitam a compra de todas as vacinas
eficazes e seguras disponíveis no mercado mundial;
e) A aprovação de
um Plano Nacional de Recuperação Econômica, com retorno imediato do auxílio
emergencial.
Entendemos que o
conjunto de medidas propostas somente poderá ser executado pelos governadores e
prefeitos se for estabelecido no Brasil um “Pacto Nacional pela Vida” que reúna
todos os poderes, a sociedade civil, representantes da indústria e do comércio,
das grandes instituições religiosas e acadêmicas do País, mediante explícita
autorização e determinação legislativa do Congresso Nacional.
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