Publicado 01/04/2021 21:58
Vacinas no Brasil
O cenário do
combate à Covid-19 e aos seus efeitos pelo governo Bolsonaro é cada vez mais
sombrio. Nem suas previsões de vacinação estão no campo das possíveis
realizações. A inépcia se agrava com as notícias de que a oferta de vacinas no
mundo são cada mais escassas, tendo em vista as prioridades dos países
produtores. A irresponsabilidade segue o ritmo de sempre; a negação do problema
desde as primeiras notificações de casos em território nacional.
A sequência de
descasos é bem conhecida. Entre outras, a título de exemplo cabe lembrar a
rejeição da oferta da Pfizer, a ruptura do contrato com o Butantan – que
ofereceria 46 milhões de doses – e os próprios ataques infames de Bolsonaro à
vacina de um modo geral. Há ainda as seguidas cobranças do STF de um plano de
vacinação, que sempre foi postergado e modificado.
O mundo da ciência
e da medicina tem recomendado a vacinação – há exemplos de sucesso no mundo -,
mas o Brasil sequer consegue viabilizar a aquisição. Enquanto isso, bate
recordes seguidos de contágio e mortes. Por essas e outras, é possível, sim,
dizer que o governo Bolsonaro – em especial o presidente da República – é o
grande responsável por essa tragédia social de enormes proporções.
A grande interrogação
é a forma de enfrentar essa situação calamitosa. Por óbvio, ela passa por
conter os desatinos do bolsonarismo. Urge a formação de um campo político com
forças suficientes para vencer o negacionismo e a irresponsabilidade do
governo, a começar pelas medidas de distanciamento social, seguidamente
sabotada por Bolsonaro. Delas decorrem outras, como o socorro às emergências
para evitar que o povo – especialmente os trabalhadores – sigam se expondo à
contaminação.
O dilema passa pelo
conceito de administração dos recursos públicos, que, diante da urgência da
situação, devem estar prioritariamente a serviço do combate à pandemia a seus
efeitos. É preciso prospectar possibilidades e concentrar esforços para
viabilizá-las, o que implica somar forças políticas para quebrar as barreiras
impostas por uma orientação macroeconômica contracionista e a serviço de uma
ciranda financeira que, sobretudo diante dessa situação de tragédia social, não
faz sentido.
A administração
orçamentária deve obedecer às prioridades, que nesse caso salta à vista. Os
dogmas do ministro da Economia, Paulo Guedes, seguidos à risca pelo governo
Bolsonaro, já estão suficientemente desmontados teoricamente. Com base nessa
premissa, o desafio é transformar essa constatação em ação política capaz de
vencer os parâmetros ultraliberal e neocolonial da agenda bolsonarista para que
o país possa enfrentar a sua emergência principal.
O grande problema
está exatamente nesse ponto: somar forças, formular políticas urgentes e
ampliar o leque de possiblidades para que as medidas sabidamente necessárias e
reconhecidas como eficientes sejam adotadas. Não há como esperar por outra
saída. O governo Bolsonaro tem dado demonstrações sistematicamente de que não
seguirá pelo caminho da ciência, do bom senso e da responsabilidade social.
O povo brasileiro
precisa, sem mais demora, de perspectiva principalmente de vacinação. É preciso
a busca intensa e urgente de fontes para essa necessidade. Sem isso, a
perspectiva do bolsonarismo é a de continuidade dessa insana escalada de mortes
e contaminação. Todos os empenhados na busca de meios para conter essa tragédia
têm a responsabilidade de somar forças, de forma unitária, e agir com a
urgência cobrada pelos números decorrentes da pandemia.
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