Uma breve análise da última Reunião do Conselho Estadual de Representantes
Por Dedé Rodrigues
Fotos da direita para a esquerda- Rita Nascimento, Dedé Rodrigues, Leonardo, Rodolfo Barreto e Ivanilton Júnior.
Nos dia 17 e 18 de março de 2022 ocorreu o 2º encontro do Conselho Estadual de representantes do Sintepe da atual gestão no Recife. Entre os assuntos da pauta estava a “Gestão democrática e o Novo Ensino Médio em Pernambuco”, discorrido por Marília Cibelli e Ana Borba. Além das contribuições das palestrantes precisamos refletir sobre a prática da direção atual do Sintepe em relação a esse tema e propor mudanças de gestão para tornar essa entidade de classe mais transparente e democrática. Diante disso pretendemos responder, mesmo que de forma limitada, a três questões: 1. Existe uma relação entre o tema Gestão democrática nas escolas com a democracia interna do Sintepe? 2. Existem avanços e limitações na práxis democrática da atual direção do Sintepe? 3. É possível propor mudanças democráticas na atual gestão do Sintepe? Abaixo você vai ver algumas fotos de integrantes do Movimento Sintepe Livre.
De acordo com a palestrante Ana Borba, discorrendo no encontro do Conselho sobre Gestão democrática e Novo Ensino Médio em Pernambuco, ela disse que todos nós precisamos fazer opções sobre a concepção de educação e o tipo de gestão que a gente defende. Citando o professor Janine ela disse que estamos aprendendo a fazer gestão democrática, pois “a participação democrática não está consolidada no país e na escola”. Nessa linha de raciocínio ela critica a gestão liberal escolar gerencialista, voltada preferencialmente para o mercado de trabalho. E ainda questiona: Quais processos na escola mudam a direção do pêndulo democrático? Para ela não realizar políticas públicas pelos governos é também uma decisão política, em outras palavras, não cumprir o conteúdo democrático da Constituição Federal de 1988 e, até retroceder nessas conquistas, bem como, as gestões escolares não elaborarem e, ainda, não executarem dispositivos democráticos dos PPPs (Planos Políticos Pedagógicos das escolas) são também decisões políticas de não fazer. Vale ainda ressaltar, com base nesse raciocínio, que o não funcionamento regular dos Conselhos Escolares, a não existência de Grêmios Estudantis nas escolas, ou mesmo o funcionamento deles como “vaquinhas de presépios das direções escolares”, como disse o representante da Artsind, Paulo Ubiratã seria também uma decisão política. Já a palestrante Marília Sibelle defendeu que com essas gestões neoliberais escolares gerencialistas “não formamos mais os alunos para a dimensão humana, mas apenas para se virar e tentar sobreviver na sociedade”.
Mas quando analisamos o termo democracia, questionamos, como fez Rita do Movimento Sintepe Livre, na sua intervenção, quando perguntou a palestrante Ana Borba, em que sentido essa palestra sobre democracia serviria para ampliar a democracia da gestão do Sintepe? Em resposta a palestrante disse que para avançar era preciso propor, não ficar só na crítica e, por isso, foi aplaudida pelos membros da Artsind presente. Mas não é isso que o Movimento Sintepe Livre tem feito quando propôs uma comissão, além do Conselho Fiscal, para fiscalizar as despesas da construção da nova sede do Sintepe? Por que tanta estranheza, além das vaias de militantes da Artsind à corrente da CTB naquela assembleia? Não fomos nós que propomos a presidente do Sintepe, quando ela esteve na EREFEN Arnaldo Alves Cavalcanti, no Pajeú, além de outras questões, que colocasse um representante de cada corrente ideológica da categoria para fazer análise de conjuntura? Como podemos falar em consolidação da democracia sindical em uma entidade que deixa a segunda maior corrente de pensamento ou força política da categoria de fora de um tema tão importante e complexo como a conjuntura?
Por fim, vivemos em mundo onde a própria democracia liberal está em crise precisando de alternativas. É necessário ampliá-la cada vez mais, colocá-la nas mãos dos trabalhadores e impedir que ela retroceda em nosso país e no mundo com o crescimento da extrema direita. Não dá para analisar a democracia nas escolas desconectada da democracia no mundo, no país e no Sindicato dos professores. Não dá para falar em democracia quando companheiros vaiam outros que divergem na assembleia e no conselho. É assim que a gente procede na sala – de – aula quando um aluno ou grupo diverge do outro? Pensamos que os professores, militantes da Artsind, precisam refletir mais sobre educação, pois é necessário desenvolvermos o respeito na entidade com os companheiros que divergem de alguma questão. Temos discordâncias ideológicas, disputamos espaços na entidade, mas não somos inimigos de classes. Parece que se alimenta no Sintepe atual um certo sectarismo e anticomunismo que contribuem para limitar a própria democracia na entidade. Precisamos de mais união na categoria para formatar os nossos planos de lutas, para lutar por mais financiamento do governo em relação ao Sassepe, para reformular o nosso PCC (Plano de Cargos e Carreira) e também de uma frente ampla para derrotar o bolsonarismo neofascista e a extrema direita no país. Se Bolsonaro ganhar as próximas eleições no país o “pau vai cair no lombo de todos nós da esquerda”. Eles não vão perguntar nem a qual corrente pertencemos. O Sintepe precisa dar exemplo de unidade a partir da própria gestão sindical dando vez e voz a CTB para análise de conjuntura. Concluímos dizendo que quem ganha com a divisão na gestão do Sintepe, com as vaias a correntes divergentes em assembleias, com a limitação dos falantes nas análises de conjunturas, são os nossos antagonistas de classes, a grande burguesia nacional e estrangeira e a extrema direita nazifascista que cresce no país.
BIBLIOGRAFIA
PORFíRIO,
Francisco. "Democracia"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/democracia.htm. Acesso em 20 de
março de 2022.
Encontro do Conselho Estadual de Representantes do Sintepe,
Centro de Formação e Lazer do Sindsprev, CFL, Guabiraba, Recife, 2022.
0 comentários :
Postar um comentário