Por Dedé Rodrigues
Para compreender o grande e complexo desafio dos
brasileiros que desejam uma independência real dessa pátria nesse início século é
preciso dar um mergulho profundo na sua história, e como sugestão, de acordo com a a nossa
formação itinerante, precisamos ler vários livros, entre eles, A
Formação das Almas – O imaginário da República no Brasil, de José Luiz de Carvalho,
entre outros. Pegando um recorte no trabalho de BEAUREPAIRE (2021), sobre Carvalho ele cita
que:
A
nossa República começa com uma história no mínimo curiosa, para se dizer o
mínimo. A forma como a República se deu foi algo que tinha uma elite
ideologicamente envolvida, sem a presença popular, que fora propositalmente
excluída. As ideologias republicanas permaneceram enclausurados no fechado
círculo das elites educadas. Onde todos os elementos utópicos foram defendidos,
cada um à sua maneira.
A
República não nasce de uma ruptura com o passado. Não representou uma ruptura
significativa com o regime monárquico anterior. Ao contrário da França, onde se
estabeleceu uma ruptura, no Brasil não ocorreu tal fato. Ocorreu apenas uma
formalidade. O Marechal Deodoro da Fonseca, no Campo de Santana, no Rio, reúne
600 militares e uns poucos civis para destituir a Monarquia brasileira, sem
derramamento de sangue. Dom Pedro foi deposto ao som do hino francês La Marseillaise.
(BEAUREPAIRE, apud. CARVALHO, 2021, P. 2).
Um outro livro importante que os professores deveriam ler, quem ainda não leu, principalmente nesse ano de comemoração dos 200 anos da nossa independência, é Os Bruzundangas, de Lima Barreto, (1922), no qual ele trata de forma irônica o povo e a política da “sociedade bruzundanguense” da época, indica muitas incoerências daquele ambiente e cita situações que, “de modo sarcástico e satírico”, condiziam verdadeiramente com a sociedade brasileira. De acordo com Silva, (2009), na sua resenha sobre o livro:
Bruzundanga era um
país onde a nobreza se dividia de duas formas. Uma constituída pelos chamados
doutores. Aqueles que tinham feito medicina, direito, engenharia e de todos que
tinham tal pseudo. A outra era formada por novos ricos que de forma incomum
adquiriam títulos. Iam à Europa e voltavam como conde, príncipes, princesas,
lordes e todo o resto.
A política nesse país era cômica. Políticos eram
nomeados pelo voto, mas quem votava não tinha a mínima idéia do que estava
fazendo. O presidente tratado por Mandachuva e engajado na política através do
sogro que o queria em bom cargo para as filhas, chegou à presidência graças à
sua ignorância e logo que se viu empossado se cercou de sua “clientela”. Cargos
eram entregues devido à beleza dos candidatos que deveriam saber dançar,
cumprimentar e sorrir para impressionar os estrangeiros, sendo que esses eram
de grande valor para os bruzundangas. (SILVA, 2009, P.1).
Diante desse recorte acima torna-se importante
contextualizar aquela realidade com a
nossa política atual, o que faremos na
conclusão desse trabalho respondendo a esses questionamentos. Até ponto a nossa
política atual ainda tem relação com aquele período? Como agem os “patriotas”
que vestem verde e amarelo e balançam a nossa bandeira do Brasil nas passeatas
convocadas pelo presidente da República? Qual é o projeto de nação que defende
o atual mandatário da República brasileira? Qual é projeto dos militares que
estão na atividade política para o nosso país? Qual é o projeto de nação que
precisamos?
É importante destacar, ainda como discussão na formação de história, que, de acordo com novos resgates históricos, as mulheres tiveram importância no processo de luta pela nossa independência. Esse destaque pode ser iniciado por Silva, em História do mundo, acessado em 02 de maio de (2022), quando ele afirma que:
Leopoldina
cumpriu um papel importante na independência
do Brasil, pois ela agiu diretamente para convencer d. Pedro a
seguir o caminho da ruptura com Portugal. Os historiadores destacam que
Leopoldina teve uma ótima leitura política ao perceber que o clima
político poderia conduzir o país a transformar-se em uma república. (SILVA,
2022, p. 1).
Ele afirma que Leopoldina compreendeu a conjuntura política da época e teve capacidade política de convencer D. Pedro que a única forma do Brasil permanecer monárquico era com ele a frente do processo permanecendo no Brasil. De acordo com outra citação de Silva, a historiadora Johanna Prantner, disse que a imperatriz “estava certa que se podia negociar a libertação do Brasil da tutela portuguesa em troca de uma monarquia constitucional apoiada pelos patriotas brasileiros”. Inclusive, segundo Silva (idem), “foi ela quem presidiu uma reunião emergencial que definiu a nossa independência — a carta enviada após essa reunião fez com que d. Pedro declarasse-a em 7 de setembro de 1822”.
Foi
a primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro. Considerada a heroína
da Independência, a baiana fingiu ser homem para poder entrar nas Forças
Armadas.
A
jovem Maria Quitéria juntou-se às tropas que lutavam contra os portugueses em
1822. Ela utilizou o nome de seu cunhado, ficando conhecida como soldado
Medeiros, já que somente homens faziam parte do Exército.
Semanas
depois de entrar para o Exército, Maria Quitéria teve sua identidade revelada.
No entanto, o major Silva e Castro não permitiu que ela saísse das tropas, já
que era importante para a luta contra os portugueses por sua facilidade com o
manejo de armas e sua disciplina em batalha." (COSTA, 2022, P. 1).
Maria Quitéria, de acordo com o autor acima, após ser
descoberta adotou o seu nome verdadeiro, trocou o uniforme por outra roupa e
formou um grupo de mulheres para lutar pela nossa independência, comandado por
ela. Ela fez parte de diversas lutas com o batalhão, entre os embates que
participou, defendeu a “Ilha da Maré, da
Barra do Paraguaçu, de Itapuã e da Pituba."
As
elites brasileiras que tomaram o poder em 1822 compunham-se de fazendeiros,
comerciantes e membros de sua clientela, ligados à economia de importação e
exportação e interessados na manutenção das estruturas tradicionais de produção
cujas bases eram o sistema de trabalho escravo e a grande propriedade. Após a
Independência, reafirmaram a tradição agrária da economia brasileira;
opuseram-se às débeis tentativas de alguns grupos interessados em promover o
desenvolvimento da indústria nacional e resistiram às pressões inglesas visando
abolir o tráfico de escravos. Formados na ideologia da Ilustração, expurgaram o
pensamento liberal das suas feições mais radicais, talhando para uso próprio
uma ideologia essencialmente conservadora e antidemocrática. (COSTA, 1999, P.
10).
No caso dos Bruzundanga é preciso contextualizar que boa parte dos nossos “doutores atuais”, descendente daqueles, ainda continuam com uma mentalidade eurocêntrica e “americanizada”, neoliberal e entreguista. Os patriotas de verde e amarelo que saem às ruas hoje, em apoio ao atual presidente, são na prática antipatriotas. A consciência política no país para votar por propostas e por partidos ainda é muito insuficiente para fazermos as mudanças que queremos desde a base ao poder central. O atual presidente, ignorante e subserviente ao imperialismo americano e ao capital financeiro, chegou ao poder graças a crise complexa nacional e mundial do neoliberalismo, prometeu romper com a “velha política” mas aliou-se a ela. Prometeu acabar com a corrupção, mas ela continua com muita força em nosso país. Na essência o atual presidente tem um projeto na cabeça de voltar no tempo, como em Bruzundanga, empregou os aliados oportunistas do centrão para impedir o seu impeachment no Congresso Nacional, criou um orçamento secreto para desviar recursos para aliados, dificultou o combate a corrupção, desarticulando os órgãos de fiscalização, trocou também comandantes da Polícia Federal para impedir fiscalização contra as denúncias de corrupção dos seus próprios filhos etc. O “projeto” do atual mandatário da nação é possível denominá-lo de “neonazifascista, ultra neoliberal, entreguista, privatista e antipatriota”, um sonho da maior parte da elite burguesa brasileira, da extrema direita do país e do mundo atual em substituição as democracias liberais brasileira e ocidental que estão em profunda crise e não dão conta de solucionar os problemas gerados pelo capitalismo. Para piorar o projeto dos nossos militares, envolvidos na política, elaborado recentemente, é também entreguista, privatizante e ultra neoliberal. Essa política atual desses militares, do presidente e de sua família tem muitas semelhanças com o Bruzundanga.
Em ano de eleição, nesses 200 anos da nossa independência os
candidatos precisam dizerem ao povo quais são as propostas deles para o país em
relação a esse tema. Propomos aos colegas trabalharem essas propostas com os
alunos e, entre alguns temas importantes, sugerimos observar deles o
posicionamento sobre as seguintes propostas, que farão parte de Um Novo Projeto
Nacional de Desenvolvimento e que, a nosso ver, estão intrinsicamente ligados
a nossa “nova independência do Brasil”.
1. PRESENÇA MAIOR DO ESTADO NA ECONOMIA. (ROMPER COM O NEOLIBERALISMO ATUAL).
Obs. Para inspirar e trabalhar em sala de aula sobre o meio ambiente acesse a música nova no Youtube ou no Google gravada por vários cantores brasileiros com o título: Salve-se a selva ou não se salva o mundo
Bibliografia
BEAUREPAIRE, Luiz Guilherme de, Bons livros para ler,
2021
CAMPOS, Lorraine Vilela. "Maria
Quitéria"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/maria-quiteria.htm. Acesso em 02 de
junho de 2022.
COSTA, Emília Viotti da Da monarquia à república:
momentos decisivos/Emília Viotti da Costa. – 6.ed. – São Paulo: Fundação
Editora da UNESP, 1999. – (Biblioteca básica).
SILVA, Daniel Neves,
História do mundo, Maria Leopoldina, Vida e papel na Independência, acesso em
02 de maio de 2022
SILVA, Francis Paulina Lopes da, O discurso nacionalista
de Lima Barreto, MG, UNEC, Brasil. Acesso em 05 de junho de 2022.
SILVA, Marina Cabral da, Os Brunzundanga, 2009
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