sábado, 11 de fevereiro de 2023

Um mergulho na História de Tabira - PE

 Seu Zé Novo e o Bairro das Missões

No dia 04 de fevereiro de 2023 eu visitei José Cesário da Silva Irmão, conhecido como Zé Novo. O objetivo da visita foi iniciar um resgate da História de Tabira, com foco nas pessoas ainda vivas que podem contribuir com a nossa história oral e escrita. Seu Zé Novo, nascido em 09 de janeiro de 1943 é filho de João Cesário da Silva, natural da Zona da Mata, em Pernambuco e Maria José da Conceição, natural do Sítio Monte Alegre de Afogados da Ingazeira. Ele é casado com Maria José Ramos da Silva Filho e tem como filhos Maria de Lourdes Cesário, José Idarlito, Cícero Cesário, Luciana Ramos, Juciana Ramos, Givanildo Ramos, Donato Ramos, Antônio Fábio e Anderson Damião.  

Seu Zé me recebeu na capela Frei Damião, construída por ele mesmo. No momento da nossa conversa recebemos as visitas de Ubirajara Vieira Jucá, ex: Vereador e Vice Prefeito de Tabira e o Comunicador Vagner Leandro. Ao chegar na capela, fiquei surpreso, pois me depararei com uma grande quantidade de fotos de pessoas e autoridades eclesiásticas fixadas na parede da capela que marcaram a vida de Seu Zé. Ele me mostrou um pouco da história de cada um daqueles personagens falando entusiasticamente deles.  Para se ter ideia desses personagens que seu Zé Novo guarda com tanto carinho registramos lá, além da foto em destaque de Frei Damião, vimos as fotos de alguns Padres que passaram por Tabira, Padre Mário - Padre Cícero - Padre Aldo. Além desses ele me mostrou a foto de Padre Antônio, que passou 40 anos em Afogados da Ingazeira – PE. Padre Paulino Baldassari, que morreu de malária na Amazônia. Padre Jorge, que passou 10 anos em Solidão – PE.  Padre Genildo Herculano que atuou e morreu em Santa Terezinha – PE e Padre Sebastião, São José do Egito – PE.

Além dos Padres, seu Zé Novo me mostrou diversos Bispos que chegou a conhecê-los ou conviver com eles, como Dom Mário, Bispo de Paulo Afonso. Dom Luís Gonzaga, Bispo que passou por Caruaru – PE. Dom Francisco, “grande Bispo defensor dos pobres e oprimidos”, aspas e palavras minhas, Afogados da Ingazeira – PE.  Dom Egídio, Bispo de Afogados da Ingazeira – PE. Dom Lucas Neves, Salvador BA. Dom Aloisio Penha, Paulo Afonso, BA. Dom Esmeraldo, Paulo Afonso, BA. Dom Jackson, Paulo Afonso – BA. E Odetinha que será beatificada pelo Papa Francisco, segundo ele, em breve pelo papa.    

Seu Zé me contou um pouco da sua história como operário na Chesf, Paulo Afonso, contratado desde 06 de junho de 1973. Entrou como “trabalhador de campo”, algo como um “ajudante geral”, trabalhando 200 metros abaixo do chão. Segundo ele, a Chesf é uma “Obra extraordinária”.   Depois de 07 anos, saiu de “debaixo do chão”, onde teria morrido mais cedo, pelo tipo de trabalho insalubre de lá e passou a Lubrificador, depois passou a Motorista, “graças a Deus! Disse ele. 

Como rezador seu Zé disse: “sai da Chesf em 1992 e virei missionário”. Tudo começou, segundo ele, quando encontrou Frei Damião, no início da década de 1990, quando o mesmo estava com uma forte dor de bursite e pediu para seu Zé rezar e a dor passou. Depois desse fato, ele conta que de 1990 a 2023, ele rezou e registrou, a pedido da Igreja, em 84.482 pessoas em 21 cadernos que ele me mostrou, até a data que o visitei. “Houve cura até de pessoas com doenças graves”, afirma ele.  Para se ter uma ideia da força da reza de seu Zé, no momento da nossa conversa, Vagner Leandro, que estava com dor de cabeça, pediu pra ele rezar nele.   

Em relação a história do Bairro das Missões seu Zé disse que lembra que no local das casas que existem atualmente, existia um “grande juremal” e uma média de 20 a 30 casas de taipas, antigamente chamado de Favela. O nome de “Bairro das Missões”, segundo ele, tem origem na visita de alguns missionários de fora, liderados pelo Frei Davi, que chegaram ao  Bairro e construíram lá uma Cisterna ou Chafariz para abastecer a comunidade com capacidade de armazenamento em torno de 10 mil litros. Na década de 90 um dos prefeitos de Tabira passou a máquina e derrubou a cisterna, “sem nenhuma necessidade”, disse ele, “pois não construiu nada no local”.    

Segundo ainda seu Zé Novo, no local que hoje é o Bairro das Missões habitou uma Tribo indígena no passado. “Uma Aldeia de índio”, assegurou ele, com base na narrativa oral de um dos descendentes dessa aldeia, o Senhor Abílio, já falecido, que afirmou para ele a existência dessa Aldeia.     

Perguntado sobre pessoas que fizeram história no Bairro das Missões seu Zé fez questão de citar Dona Ieda Melo e Irani Melo que catequizam os jovens da confissão, primeira comunhão até o Crisma da igreja Católica. E Dona Dusanjos, que, segundo ele, foi uma guerreira na construção da Capela do Bairro, “juntamente com os irmãos menores”, “quando passou a dedicar a vida dela ao trabalho missionário no Bairro das Missões até a sua morte.

Nas fotos consta uma segunda visita ao mesmo Bairro que fiz com o camarada Vagner Leandro, em 11 de fevereiro de 2023, nas quais fizemos uma caminhada pelo bairro e registramos diversos locais citados por seu Zé para conferir in loco os relatos dele. Na visita constatamos a praça do Bairro que precisa de uma boa reforma e algumas ruas sem calçamentos que precisam ser limpas pelo Poder Público local.   

Seu Zé Novo ainda mostrou duas fontes bibliográficas nas quais consta parte da sua história como Pifeiro e Rezador. A Revista Continente (Junho de 2010) E o livro Pífanos do Sertão, Recife, (2016) que usaremos a seguir para completar a pesquisa.  Ele lembrou dos companheiros da Banda de Pífanos Frei Damião, Sebastião, Caixeiro, Gabriel Justino, Pifeiro e Valdemar o Zabumbeiro.  










 

  

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