segunda-feira, 15 de maio de 2023

NÚMEROS DA ESPECULAÇÃO FINANCEIRA NO MUNDO SÃO ASSUSTADORES E INDIGNANTES

Por Dedé Rodrigues

Foto do Blog do Miro. Altamiro Borges. 

Assistindo uma entrevista na Tutameia TV, em 29 de março de 2023, fiquei assustado com os números apresentados por Ladislau Dowbor sobre diversos aspectos da realidade econômica do mundo contemporâneo e da crise sistêmica altamente volátil sob o comando do capital financeiro. Claro que, para um marxista como eu, essa realidade não deveria ser assustadora, mas confesso que os dados apresentados mexeram com as minhas emoções e me deixaram ainda mais indignado com a irracionalidade do sistema capitalista atual. Segundo Dowbor a liquidez em notas impressas emitidas pelo governo só representa hoje 3% do montante do dinheiro em circulação no mundo. O resto, 97%, são sinais magnéticos online emitidos pelos bancos, que se espalham na internet na velocidade da luz. Os bancos emitem mais esses sinais magnéticos do que os próprios governos para fazer aplicações financeiras. O que essa especulação online está causando no mundo? Quando vai estourar outra crise bancária? Até quando os nossos impostos vão salvar os bancos que quebram? Como enfrentar essa crise sistêmica?

Segundo Dowbor, a especulação financeira vai cada vez mais se distanciando da economia real. Essa economia financeira é controlada no planeta por 193 bancos centrais, cada um puxando a sardinha para o seu lado, o que leva a uma imensa volatilidade por falta de regulação. Ele afirmou ainda que o FMI não apita nada, e, em Basileia, no máximo, aconselham os bancos para não emitirem moedas mais do que 1\9 do que tem em caixa, mas os bancos estão desembestados com sede irracional do lucro. Segundo ainda ele, calcula-se que os bancos hoje emprestam em torno de 31 vezes mais do que têm em caixa, isso está se tornando insustentável. Os derivativos, especulação que comporta vários itens, matérias-primas, etc. Hoje estão em torno de 630 trilhões de dólares, enquanto o PIB mundial é 100 trilhões de dólares, isso representa só 1\6 de toda a riqueza produzida no mundo. Esse dinheiro é drenado da população para os ricos da Faria Lima no Brasil e, para os ricos da BlackRock, empresa de investimentos multinacional estadunidense. Para se ter uma ideia, hoje, essa última, administra 10 trilhões, o governo Bidem só administra 6 trilhões. E quando se junta o total das outras empresas especulativas, elas administram juntas o montante de 20 trilhões. “Essa é a ordem de grandeza que temos hoje no mundo”, afirmou ele.  

As consequências dessa especulação online é a concentração cada vez maior da renda nas mãos de poucas pessoas e a distância crescente entre ricos e pobres, pois a riqueza real vem de algum lugar, ou seja, da sociedade que a produz para ser multiplicada na especulação.  A título de exemplo, Dowbor cita um pequeno bilionário, como Edi Macedo, que tem um bilhão e meio disponível, com juros de 5% ao ano, se alguém investe só 1 bilhão,  ganha em torno de 136. 000,00 ao dia. Como consequência desse modelo, os bancos emprestando o que não tem, aumenta a concentração de renda e a desigualdade no mundo. No Brasil cobraram 600 bilhões no ano passado, com a taxa Selic, que vai para a Faria Lima. Segundo relatório do Banco Central, quando somamos as taxas de juros das pessoas e das empresas dá 1 trilhão e meio de juros por ano, isso não se pratica em nenhum lugar do mundo, afirmou ele. No Brasil cobramos por ano, no rotativo no cartão de crédito, 410% ao ano, no Canadá é 11% ao ano, concluiu.  

Recapitulando os números dos “drenos” pelos sistema financeiro feito pelo computador são: 600 bilhões que vão para a dívida pública; 1 trilhão e meio de créditos privados sobre empresas e famílias; 570 bilhões de evasão fiscal; 470 bilhões em renúncias fiscais e, por aí vai. Para ele é como se no Brasil a gente fosse uma ilha, apresentamos as taxas de juros ao mês, no resto do mundo a taxa de juros é por ano. No caso do Brasil chegamos a cobrar 29% ao ano. Na França é 4,9% ao ano. A Europa só cobra 3% ou 4% de juros ao ano. EUA – 0%. A China só cobra 4,6% de juros, quando se desconta a inflação de lá, fica só 2,6% ao ano. Assim as pessoas podem abrir uma empresa lá e tocar a economia real.  

De acordo com ele, no Brasil o art. 192 da CF\88, condenava o crime de usura a quem emprestasse capital acima de 12% de taxas de juros reais ao ano, mas, com ajuda de José Serra, em maio de 2013, os bancos retiraram esse artigo, agora não é mais crime. Na França, acima de 6 mil euros, se cobrarem mais do que 4,9% ao ano vão em cana.  Isso é considerado crime em boa parte do mundo, só no Brasil é permitido esses juros. Isso evidentemente causa uma desigualdade cada vez maior no Brasil e no mundo, pois quando as crises estouram os governos pegam o dinheiro do povo e salvam os bancos.

As consequências dessa política especulativa: 79% das famílias e 23,1% das empresas brasileiras estão endividadas. 33 milhões de pessoas estão passando fome e mais de 100 milhões estão em insegurança alimentar. Enquanto isso 290 bilionários não pagam impostos e abocanharam os 600 bilhões na especulação financeira em 2022, embalados pelos juros da dívida pública de 13,75%, um presente do presidenta bolsonarista, Roberto Campos, do Banco Central, afirmo.  

 

Diante do exposto muita coisa precisa ser feita para enfrentar esse mundo irracional capitalista que promove a especulação financeira, onde as cinco grandes empresas do mundo que ganham mais na especulação das Bolsas de valores são: a Apple, o Google, a Microsoft, o Facebook e a Amazon. Elas são acompanhada de outras que vivem nesse mar de especulação. São empresas como essas que fazem campanha criminosa contra o PL das Fake News do deputado Orlando Silva, PC do B – SP, que propõe a regulamentação dessas plataforma financiadas pela extrema direita no Brasil. A sede de lucros não tem limites para essa turma. Por isso, mesmo que a proposta de taxação das grandes fortunas, defendida por Dowbor seja muito importante, é preciso trabalhar esses números na educação, nos meios de comunicações alternativos, nas entidades de classes e em todas as instituições sociais, a partir dos nossos municípios. É urgente educarmos as massas por meio da economia política. Precisamos enfrentar a extrema direita que cresce no mundo, último bastião dessa ganância insana do capitalismo financeiro, unindo frentes, as mais amplas possíveis, em todos os municípios e poderes da República em defesa dos direitos sociais e das democracias em construção, mas ameaçadas, em todos os continentes. Vamos defender a ideia de Lula de unir todos os países da América do Sul, formando uma frente ampla contra a extrema direita e também nos municípios.  Precisamos apoiar todos os projetos autônomos, de todos os países que fazem frente ao imperialismo americano, promotor dessa barbárie.  A hora é essa! Fortalecer o governo Lula contra as investidas golpistas da extrema direita e da direita; desenvolver o capitalismo produtivo no Brasil com a reindustrialização; discutir e implantar um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, para continuarmos sonhando com o socialismo brasileiro. Mãos à obra!    

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