Por Dedé Rodrigues
Foto do Blog do Miro. Altamiro Borges.
Assistindo uma entrevista na Tutameia TV, em 29 de março de
2023, fiquei assustado com os números apresentados por Ladislau Dowbor sobre
diversos aspectos da realidade econômica do mundo contemporâneo e da crise
sistêmica altamente volátil sob o comando do capital financeiro. Claro que,
para um marxista como eu, essa realidade não deveria ser assustadora, mas confesso
que os dados apresentados mexeram com as minhas emoções e me deixaram ainda
mais indignado com a irracionalidade do sistema capitalista atual. Segundo
Dowbor a liquidez em notas impressas emitidas pelo governo só representa hoje 3%
do montante do dinheiro em circulação no mundo. O resto, 97%, são sinais
magnéticos online emitidos pelos bancos, que se espalham na internet na
velocidade da luz. Os bancos emitem mais esses sinais magnéticos do que os
próprios governos para fazer aplicações financeiras. O que essa especulação
online está causando no mundo? Quando vai estourar outra crise bancária? Até
quando os nossos impostos vão salvar os bancos que quebram? Como enfrentar essa
crise sistêmica?
Segundo
Dowbor, a especulação financeira vai cada vez mais se distanciando da economia
real. Essa economia financeira é controlada no planeta por 193 bancos centrais,
cada um puxando a sardinha para o seu lado, o que leva a uma imensa
volatilidade por falta de regulação. Ele afirmou ainda que o FMI não apita
nada, e, em Basileia, no máximo, aconselham os bancos para não emitirem moedas
mais do que 1\9 do que tem em caixa, mas os bancos estão desembestados com sede
irracional do lucro. Segundo ainda ele, calcula-se que os bancos hoje emprestam
em torno de 31 vezes mais do que têm em caixa, isso está se tornando
insustentável. Os derivativos, especulação que comporta vários itens,
matérias-primas, etc. Hoje estão em torno de 630 trilhões de dólares, enquanto
o PIB mundial é 100 trilhões de dólares, isso representa só 1\6 de toda a
riqueza produzida no mundo. Esse dinheiro é drenado da população para os ricos da Faria Lima no Brasil e, para os ricos da BlackRock,
empresa de investimentos multinacional estadunidense. Para se ter uma ideia, hoje,
essa última, administra 10 trilhões, o governo Bidem só administra 6 trilhões.
E quando se junta o total das outras empresas especulativas, elas administram juntas
o montante de 20 trilhões. “Essa é a ordem de grandeza que temos hoje no mundo”,
afirmou ele.
As consequências dessa especulação online é a concentração
cada vez maior da renda nas mãos de poucas pessoas e a distância crescente
entre ricos e pobres, pois a riqueza real vem de algum lugar, ou seja, da
sociedade que a produz para ser multiplicada na especulação. A título de exemplo, Dowbor cita um pequeno
bilionário, como Edi Macedo, que tem um bilhão e meio disponível, com juros de 5% ao ano, se alguém investe só 1 bilhão, ganha em torno de 136. 000,00 ao dia. Como
consequência desse modelo, os bancos emprestando o que não tem, aumenta a
concentração de renda e a desigualdade no mundo. No Brasil cobraram 600 bilhões
no ano passado, com a taxa Selic, que vai para a Faria Lima. Segundo relatório
do Banco Central, quando somamos as taxas de juros das pessoas e das empresas
dá 1 trilhão e meio de juros por ano, isso não se pratica em nenhum lugar do
mundo, afirmou ele. No Brasil cobramos por ano, no rotativo no cartão de
crédito, 410% ao ano, no Canadá é 11% ao ano, concluiu.
Recapitulando os números dos “drenos” pelos sistema
financeiro feito pelo computador são: 600 bilhões que vão para a dívida
pública; 1 trilhão e meio de créditos privados sobre empresas e famílias; 570
bilhões de evasão fiscal; 470 bilhões em renúncias fiscais e, por aí vai. Para
ele é como se no Brasil a gente fosse uma ilha, apresentamos as taxas de juros
ao mês, no resto do mundo a taxa de juros é por ano. No caso do Brasil chegamos
a cobrar 29% ao ano. Na França é 4,9% ao ano. A Europa só cobra 3% ou 4% de
juros ao ano. EUA – 0%. A China só cobra 4,6% de juros, quando se desconta a inflação
de lá, fica só 2,6% ao ano. Assim as pessoas podem abrir uma empresa lá e tocar
a economia real.
De
acordo com ele, no Brasil o art. 192 da CF\88, condenava o crime de usura a
quem emprestasse capital acima de 12% de taxas de juros reais ao ano, mas, com
ajuda de José Serra, em maio de 2013, os bancos retiraram esse artigo, agora
não é mais crime. Na França, acima de 6 mil euros, se cobrarem mais do que 4,9%
ao ano vão em cana. Isso é considerado
crime em boa parte do mundo, só no Brasil é permitido esses juros. Isso
evidentemente causa uma desigualdade cada vez maior no Brasil e no mundo, pois
quando as crises estouram os governos pegam o dinheiro do povo e salvam os
bancos.
As
consequências dessa política especulativa: 79% das famílias e 23,1% das
empresas brasileiras estão endividadas. 33 milhões de pessoas estão passando
fome e mais de 100 milhões estão em insegurança alimentar. Enquanto isso 290
bilionários não pagam impostos e abocanharam os 600 bilhões na especulação financeira
em 2022, embalados pelos juros da dívida pública de 13,75%, um presente do
presidenta bolsonarista, Roberto Campos, do Banco Central, afirmo.
Diante
do exposto muita coisa precisa ser feita para enfrentar esse mundo irracional
capitalista que promove a especulação financeira, onde as cinco grandes empresas
do mundo que ganham mais na especulação das Bolsas de valores são: a
Apple, o Google, a Microsoft, o Facebook e a Amazon. Elas são acompanhada de
outras que vivem nesse mar de especulação. São empresas como essas que fazem
campanha criminosa contra o PL das Fake News do deputado Orlando Silva, PC do B
– SP, que propõe a regulamentação dessas plataforma financiadas pela extrema
direita no Brasil. A sede de lucros não tem limites para essa turma. Por isso,
mesmo que a proposta de taxação das grandes fortunas, defendida por Dowbor seja
muito importante, é preciso trabalhar esses números na educação, nos meios de
comunicações alternativos, nas entidades de classes e em todas as instituições
sociais, a partir dos nossos municípios. É urgente educarmos as massas por meio
da economia política. Precisamos enfrentar a extrema direita que cresce no
mundo, último bastião dessa ganância insana do capitalismo financeiro, unindo
frentes, as mais amplas possíveis, em todos os municípios e poderes da
República em defesa dos direitos sociais e das democracias em construção, mas
ameaçadas, em todos os continentes. Vamos defender a ideia de Lula de unir
todos os países da América do Sul, formando uma frente ampla contra a extrema
direita e também nos municípios. Precisamos apoiar todos os projetos autônomos, de todos os países que
fazem frente ao imperialismo americano, promotor dessa barbárie. A hora é essa! Fortalecer o governo Lula
contra as investidas golpistas da extrema direita e da direita; desenvolver o
capitalismo produtivo no Brasil com a reindustrialização; discutir e implantar um
novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, para continuarmos sonhando com o
socialismo brasileiro. Mãos à obra!
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