Enio Lins*
Terror não é novidade naquele pedaço de terra onde Jerusalém boia num mar de
sangue de gerações. Nas narrações bíblicas, horroriza o massacre sofrido pela população
civil de Jericó, trucidada pelo patriarca Josué, sucessor de Moisés.
Escravizados por várias vezes e escravocratas noutras tantas, os povos hebreus
não são nativos da chamada Palestina – lá chegaram por volta do ano 2.000 a.C.,
fugindo de sua terra natal, a Mesopotâmia, depois de revezes domésticos.
No fio da espada, botaram pra correr parte dos povos originários da palestina e
por ali construíram dois reinos: Judá e Israel. Mas, a partir de 63 a.C.,
ficaram sob domínio do Império Romano, até o ano 73 depois de Cristo.
Nos anos 60/70 d.C., explode uma grande rebelião armada de judeus ligados ao
grupo radical Zelote – terroristas para os romanos. Derrotada a revolta, vem a
punição: dispersão dos hebreus pelo mundo. É a diáspora.
Durante 18 séculos, desde a diáspora, os hebreus remanescentes conviveram em
relativa paz com os árabes na Palestina, e, entre os séculos XI e XIII, ambos
foram vítimas do terrorismo brutal das invasões dos cruzados cristãos.
Depois do século VII, judeus e árabes – povos semitas –, se confundem com as
opções religiosas do judaísmo e islamismo, e – após o surgimento do sionismo –
seguidores de Moisés e Maomé têm abusado do terror.
Migração e conflitos crescentes
“Sionismo” passa a ser o termo utilizado para definir o projeto de um “lar
judeu” nos territórios 18 séculos antes ocupados pelos reinos de Judá e Israel.
Usava a referência geográfica e religiosa do monte Sião, em Jerusalém.
Esse movimento torna-se tendência poderosa na comunidade hebraica europeia a
partir do livro “O Estado Judeu”, escrito em 1896, por Theodore Herlz,
preconizando a criação de um estado-nação racial.
Entre 1882 e 1903, cerca de 35 mil judeus imigraram para a Palestina, então
território otomano. Fugiam das perseguições que sofriam na Europa e se animavam
com a ideia de retorno à “terra prometida”.
Com a derrota do Império Otomano na I Grande Guerra, em 1918, a Palestina
passou para o Império Britânico. A partir daí, a briga semita entre árabes e
hebreus passou a ser mais acompanhada pela imprensa ocidental.
Ocupação avassaladora
Durante a II Grande Guerra aumentou exponencialmente o poder bélico dos
assentamentos judaicos na Palestina, produto de uma ação conjunta entre as duas
potências que se tornariam as mais poderosas no pós-guerra: USA e URSS.
Para a criação da mais tremenda potência militar no Oriente Médio agiram em
comum acordo americanos e soviéticos, estes fornecendo armamento e aqueles
dinheiro, em fluxos semiclandestinos e quantidades astronômicas.
Finda a II Grande Guerra, o movimento sionista estava transformado na mais
poderosa máquina mortífera que o Crescente Fértil jamais enxergara. E o
terrorismo passa a ser adotado por grupos da extrema-direita israelense.
Terror contemporâneo na "Terra Santa"
Mais letal dos grupos terroristas israelenses, o Irgun foi fundado em
1931 como dissidência do também terrorista Haganá (criado em 1920) e
pode ser considerado o inspirador de grupos como o Hamas, inventado em
1987, no lado palestino.
Dos três atentados terroristas mais impactantes feitos pelos israelenses nos
anos 40, dois foram cometidos pelo Irgun (de Menachem Begin) e um
pelo Lehi (de Yitzhak Shamir). Begin e Shamir viraram
primeiros-ministros de Israel.
No atentado contra o Hotel Rei Davi, em Jerusalém, o alvo foi a administração
britânica. Oficialmente, foram assassinadas 91 pessoas (28 britânicos, 41
árabes, 17 judeus e cinco de outras nacionalidades). Os explosivos foram
colocados por terroristas de Menachem Begin. Era 22 de julho de 1946. A meta
era desmoralizar os britânicos.
Entre 9 e 11 de abril de 1948, sionistas do grupo Lehi, com apoio do Irgun,
executaram cerca de 254 civis palestinos (número nunca oficialmente definido)
na aldeia Deir Yassin. A vila tinha 700 habitantes. A meta era causar terror e
expulsar os nativos. Esse ato gerou protestos de judeus famosos como Einstein e
Hannah Arendt, que classificaram os terroristas israelenses como “nazistas e
fascistas”.
Em 17 de setembro de 1948, o herói de guerra Folke Bernadotte, nobre
sueco, foi assassinado em Jerusalém pelos terroristas do Irgun. Durante a II
Guerra, Bernadotte conseguiu a libertação de cerca de 31 mil prisioneiros
judeus dos campos de concentração nazistas, e estava na Palestina a serviço da
ONU para mediar um acordo entre israelenses e árabes. Nem seu heroísmo ao lado
dos judeus o salvou dos terroristas israelenses. O objetivo era dizer que o
sionismo radical não aceitava acordos.
Com atos como esses e a impunidade deles decorrente, o método israelense de
terrorismo fez escola. O Hamas é um aluno do pré-primário dessa Universidade da
morte.
*Arquiteto, jornalista, cartunista e
ilustrador
Minha Casa, Minha Vida: classe média será incluída no programa https://abrir.link/1o3Ju
Postado por Luciano Siqueira às 20:30 Nenhum
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