Relatório de instituições e agências da ONU aponta que elevação das temperaturas em dois graus pode afetar ainda mais a vida humana. Idosos e bebês são os mais vulneráveis
por Redação
Publicado 15/11/2023 15:44
Foto: Tania Rego/Agência Brasil
Até 2050, as mortes
resultantes do calor extremos podem crescer quase cinco vezes em todo o mundo,
um reflexo direto das severas mudanças climáticas pelas quais o planeta vem
passando. O alerta foi feito em um relatório que reuniu mais de 52 instituições
de pesquisa e agências da ONU.
Para chegar nesse
cenário, o documento, publicado na revista médica The Lancet,
considera a possibilidade de um aumento médio da temperatura de dois graus Celsius
na comparação com o período pré-industrial.
O calor extremo
expõe especialmente as populações de idade mais avançada, bem como os bebês.
Essas faixas estão ainda mais vulneráveis por terem de enfrentar o dobro de
dias de ondas de calor do que havia entre 1986 e 2005. No caso dos idosos,
desde a década de 1990, o número de pessoas acima dos 65 anos que perderam a
vida devido às altas temperaturas já aumentou 85%.
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“Perdemos anos
muito preciosos de ação climática e isso teve um custo enorme para a saúde”,
disse Marina Romanello, diretora-executiva do relatório, conhecido como The
Lancet Countdown.
Outro dado
alarmante diz respeito à relação entre a crise climática e a fome. Somente em
2021, estima-se que 127 milhões de pessoas a mais tenham vivido graus de
insegurança alimentar de moderada a grave, quadro que pode piorar muito com o
aumento da temperatura.
Em meio a tantas
constatações trágicas, ao menos uma é positiva: de acordo com o estudo, mortes
por poluição do ar relacionada a combustíveis fósseis diminuíram 15% desde
2005.
Relatório ONU
Outra análise sobre
as mudanças climáticas, contida em relatório da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC), divulgado em função da realização da
COP28 — a ser realizada entre 30/11 e 12/12 em Dubai —, aponta que os planos
nacionais de ação climática continuam insuficientes para limitar o aumento da
temperatura global a 1,5 grau Celsius.
Mesmo com o aumento
dos esforços de alguns países, o documento mostra que ações contundentes são
necessárias agora para reduzir a trajetória das emissões mundiais e
evitar os piores impactos da mudança climática.
De acordo com a
ONU, as evidências científicas mais recentes compiladas pelo Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que as
emissões de gases de efeito estufa precisam ser reduzidas em 43% até 2030, em
comparação com os níveis de 2019. Isso é fundamental para limitar o aumento da
temperatura a 1,5 grau Celsius até o final deste século e evitar os piores
impactos da mudança climática, inclusive secas, ondas de calor e chuvas mais
frequentes e severas.
“O relatório mostra
que os governos, juntos, estão dando passos tímidos para evitar a crise
climática. E revela por que os governos precisam dar passos decisivos na COP28
em Dubai, para entrar no caminho certo. Isso significa que a COP28 deve
ser um ponto de virada claro. Os governos não só devem concordar sobre quais
ações climáticas mais robustas serão tomadas, mas também começar a mostrar
exatamente como implementá-las”, salientou Simon Stiell, secretário-executivo
da UNFCCC.
Com agências
(PL)
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