Em discurso de posse, presidente argentino declara começo de “nova era”; promete mudanças radicais, ajuste fiscal severo e busca por reconstrução após décadas de declínio
por Bárbara Luz
Publicado 10/12/2023 18:22 | Editado 10/12/2023 18:26
Javier Milei durante discurso de posse | Foto: Agustin
Marcarian/reprodução/AgBr
O recém-empossado
presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza), fez seu aguardado
discurso inaugural a apoiadores, das escadarias do Congresso Nacional, marcando
oficialmente o início de sua gestão na manhã deste domingo (10).
Diante de uma
multidão predominantemente vestida com as cores da seleção argentina, Milei
proclamou o advento de uma nova fase no país, caracterizando-a como o término
de décadas de declínio e o ponto de partida para a reconstrução.
“Hoje começa uma
nova era na Argentina. Hoje damos por terminada uma longa e triste história de
decadência e começamos o caminho de reconstrução do país”, afirmou o
presidente.
Em um discurso que
se estendeu por cerca de 30 minutos, Milei enfatizou a vontade expressa pelos
argentinos por “mudança que já não tem retorno”, apontando para o “décadas de
fracasso e disputas sem sentido”. Contudo, alertou a população sobre a
necessidade de paciência diante do desafiador ajuste fiscal que se avizinha.
“Não há alternativa
possível que não seja o ajuste. Logicamente isso vai impactar no nível de
atividade, emprego, salários reais e na quantidade de pobres e indigentes.
Haverá inflação, é certo. Mas não é algo diferente do que ocorreu nos últimos
12 anos”, disse.
“Há mais de uma
década vivemos com essa inflação. Esse será o último momento ruim para começar
a reconstrução da Argentina”, disse ele. “Depois desse ajuste macro que vamos
impulsionar, a situação começará a melhorar. Haverá luz no final do túnel”,
enfatizou.
Milei anuncia forte
ajuste nas contas públicas: ‘não há mais dinheiro’
Milei apontou o
setor público como foco principal do ajuste da economia argentina: “a única
possibilidade é o ajuste. Um ajuste organizado, que entrará com força sob o
Estado e não no setor privado. Sabemos que será duro”, falou.
Ele também destacou
que nenhum governo precedente enfrentou uma situação tão crítica quanto a
atual, enfatizando a ausência de recursos financeiros. “Muito se fala da
herança que vamos receber. Nenhum governo recebeu uma situação pior do que
estamos recebendo.”
“Vou dizer isso de
uma vez: não há dinheiro”, afirmou Milei. “Não há alternativas ao ajuste e ao
choque. Naturalmente vai afetar o nível de emprego e de pobres e Miseráveis,
nas nada diferente do que aconteceu nos últimos 12 anos. É um primeiro gole
amargo para começarmos a reconstrução da Argentina”
“Em todas as
esferas, a situação da Argentina é de emergência”, alertou Milei, destacando a
necessidade de ações imediatas para superar os desafios. (Assista a íntegra
do discurso abaixo)
Futuro sólido
O presidente
reconheceu a dificuldade a curto prazo, mas expressou confiança de que os
esforços resultarão em um crescimento sólido e sustentável. “Sabemos que nem
tudo está perdido. Os desafios que temos são enormes. Mas temos capacidade para
superá-los. Não será fácil, 100 anos de fracasso não se desfazem em um único
dia. Mas começam em um dia e hoje é esse dia”, afirmou Milei.
Ao encerrar seu
discurso, o presidente recém-empossado tranquilizou a população ao afirmar que
não perseguirá opositores e se mostrou aberto ao diálogo com dirigentes
políticos e sindicais. “A todos os dirigentes políticos e sindicais, nós os
receberemos com braços abertos”, disse.
Após o
pronunciamento, Milei seguiu em carro aberto para a Casa Rosada, onde recebeu
líderes estrangeiros, entre eles o rei da Espanha, os presidentes de Paraguai,
Armênia, Uruguai, Chile, Equador, Ucrânia e, depois, o primeiro-ministro da
Hungria.
Além disso,
participaram da posse o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky; o presidente
da Armênia, Vahagn Khachaturyan; o presidente do Chile, Gabriel Boric; o rei da
Espanha, Filipe 6 ; o presidente do Paraguai, Santiago Peña; o presidente do
Uruguail, Luis Alberto Lacalle; o presidente do Equador; Pou Daniel Noboa e
primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. O presidente brasileiro, Luiz
Inácio Lula da Silva, não compareceu à posse, enviando o chanceler Mauro Vieira
como representante do Brasil no evento.
O ex-presidente
Jair Bolsonaro também compareceu ao evento. Ele estava acompanhado de Michelle
Bolsonaro, do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de seus filhos, o senador
Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e
também de seu assessor Fabio Wajngarten.
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com agências
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