Enio Lins*
No falar alagoano, e de parte do
Nordeste, "trupé" significa algazarra, batida de pés com força,
tumulto, bagunça, barulho. Apois a zuada está grande nos Estados Unidos, e no
resto do mundo pelos primeiros e temerários passos dados na campanha 2024 pela
Casa Branca.
Trump venceu as primeiras primárias de seu partido, em Iowa, com mais do dobro
de votos do segundo colocado e comprovou que o porralouquismo ianque está
vivinho da Silva, baby. Tal qual seu love you brasileiro, Donald tem um
exército de patos à sua disposição.
No sistema político dos Estados Unidos, as tais primárias são uma pré-eleição,
disputa intestina nos partidos, estado a estado, para ver quem será indicado
como candidato para disputar a Casa Branca. Na prévia de Iowa, nesse 15 de
janeiro, o ex-presidente levou 51% dos votos dos republicanos locais.
Confuso, complexo e retrógrado, o processo eleitoral americano é caldo de
cultura para fraudes e, independente dos roubos, pode - ao fim e ao cabo -
apresentar resultado desconectado da maioria dos votos diretos depositados nas
urnas. Trump está de butuca, conhece o caminho do Colégio Eleitoral.
CHANCES DO MENOS VOTADO
Nas eleições presidenciais de 2016, Hillary Clinton obteve 65.853.514 votos
(48,18%) contra 62.984.828 (46,09%) votos dados a Donald Trump. Hillary perdeu.
Simples assim. Em outras quatro ocasiões isto se repetiu.
1ª) Em 1824, o general Andrew Jackson perdeu as eleições mesmo recebendo mais
votos que seu oponente John Quincy Adams, que findou empossado.
2ª) Em 1876, o democrata Samuel J. Tilden levou a maioria dos votos populares,
mas quem ganhou a parada foi o republicano Rutherford B. Hayes.
3ª) Em 1888, o presidente Grover Cleveland, buscando a reeleição, foi o mais
votado, e foi devorado no tal colégio eleitoral pelo republicano Benjamin
Harrison.
4ª) E temos o famoso e recente caso das eleições do ano 2000, quando
Al Gore venceu no voto direto (50.999.897 votos contra 50.456.002), mas
quem levou foi George W. Bush. Além da votação menor, paira sobre Bush a
suspeita de fraude escandalosa na contagem dos sufrágios da Flórida - o que lhe
deu os votos decisivos da delegação daquele Estado para o Colégio Eleitoral.
RISCO GRAVE À VISTA
Isto posto, se o famigerado Trump
passar pelas primárias de seu partido, mesmo sendo considerado inelegível nos
estados do Colorado e Maine (isso pode ser revertido na Suprema Corte), estará
no páreo para voltar à Casa Branca.
Fundamental é neste momento prestar atenção na presença em vários cantos do
mundo das forças mais retrógradas, perniciosas e autoritárias, que ressurgem
com ânimo redobrado tal qual o acontecido nos anos 20 e 30.
Na Itália, o fascismo floresceu a partir de 1922; na Alemanha, criado em 1920,
o partido nazista cresceu nos anos 30, e tomou o poder em 1933; na década de 20
o Japão imperial, baseado em concepções do “Memorando Tanaka”, tornou-se
crescentemente agressivo, com o militarismo tornando-se dominante em 1932. Em
comum essas ideologias foram (são) nacionalistas, militaristas, racistas e
antissociais.
DESUMANIDADE COMO PRINCÍPIO
Pouco utilizado, o vocábulo “misantropia” é antônimo de “humanismo” – mas é
suave para significar os males da desumanidade expressada nas ideias que animam
essas massas milicianas, nazifascistas, militaristas em todos os tempos.
Darwinismo social, aversão à paz, repulsa à Natureza, supremacismo são algumas
das desumanidades que marcam as teorias e práticas políticas dessa gente.
Donald e Jair, para citar só esses dois meliantes que dizem se amar, são
misantropos viscerais. Representam, apesar de diferenças pontuais, o
anti-humanismo que sai das covas onde se pensou que estava sepultado desde
1945, quando da derrota do Eixo Nazifascista.
Essa tendência rediviva não se envergonha de reunir milhares de
fascistas na Itália (além do governo neofascista) perfilados em
saudação ao Duce, como se nada tivesse acontecido entre 1922 e 1945. Japão e
Alemanha procuram se rearmar a todo custo, Israel inverte posição e passa a
sacrificar os palestinos em Holocausto, em semelhança ao que a Alemanha fez
contra os judeus. Tempos de horror!
Biden é uma droga, mas Trump é overdose. O mundo não vai bem, mas ficará pior
se um desqualificado como Donald voltar a presidir a maior potência econômica e
militar do planeta.
*Arquiteto, jornalista, cartunista e
ilustrador
Cota
de tela como incentivo ao cinema nacional http://tinyurl.com/ysdbf9wc
Postado por Luciano Siqueira às 10:07 Nenhum
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