Para os 15 mil brasileiros mais ricos, que correspondem a apenas 0,01% da população, o o crescimento médio da renda foi de 96%
por André Cintra
Publicado 17/01/2024 18:25 | Editado 19/01/2024 09:51
O governo de Jair
Bolsonaro (PL) foi um paraíso – mas apenas para os 15 mil brasileiros mais
ricos, que correspondem a apenas 0,01% da população. É o que aponta uma nota
técnica publicada pelo Observatório de Política Fiscal do FGV Ibre (Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
De autoria do
economista Sérgio Gobetti, o estudo mostra que a renda dessa elite praticamente
dobrou de 2017 a 2022. O crescimento médio, no período, foi de 96%. É quase
três vezes o avanço registrado na renda dos 95% mais pobres, que saltou apenas
33%, em média.
Como a inflação
acumulada nesses anos foi de 31%, é como se a imensa maioria da população não
tivesse ganho real nenhum – o que levou ao aumento da desigualdade. “Ao que
tudo indica, o nível de concentração de renda no topo bateu um novo recorde
histórico, depois de uma década de relativa estabilidade”, declarou Gobetti
à Folha de S.Paulo.
O levantamento teve
como base dados das declarações de Imposto de Renda disponibilizados pela
Receita Federal. Mesmo na faixa dos 0,1% mais rico – que inclui 154 mil pessoas
–, a renda média cresceu 87%. Quem já estava num patamar privilegiado ficou
ainda mais rico.
Para o economista,
dois fatores contribuíram especialmente para uma desigualdade maior: o salto na
renda do agronegócio, que é pouco taxada; e a disparada no pagamento de lucros
e dividendos, “que passou de R$ 371 bilhões em 2017 para R$ 830 bilhões em
2022”. O Brasil é um dos poucos países que isentam de impostos quem recebe
dividendos.
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