quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Mercado já admite: crescimento do Brasil em 2024 voltará a surpreender

 

Muitos analistas já especulam um número próximo a 2% – o dobro do inicialmente esperado.

por André Cintra

Publicado 12/02/2024 14:09 | Editado 13/02/2024 12:42

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Os analistas do mercado falharam miseravelmente no final de 2022, ao preverem que o PIB (Produto Interno do Brasil) cresceria pouco no ano seguinte – o primeiro sob o governo do presidente Lula. Os mais pessimistas prenunciavam até uma possível recessão econômica.

Ainda não há números oficiais sobre o crescimento em 2023, mas a autocrítica está parcialmente feita: economistas concordam que o País cresceu aproximadamente 3% no último ano.

Apesar disso, as estimativas para a economia em 2024 continuaram rebaixadas. Pouco antes de o novo ano chegar, as previsões apontavam para uma alta de 1% do PIB – ou um pouco mais. O último boletim Focus, elaborado pelo Banco Central com base em projeções de agentes financeiros, já revisou o prognóstico para 1,6%.

O mercado, porém, já admite que o crescimento brasileiro no ano voltará a surpreender. Muitos analistas já especulam um número próximo a 2% – o dobro do inicialmente esperado.

A que se deve a correção? Segundo o Valor Econômico, alguns fatores – invariavelmente ligados a decisões do próprio governo – vão estimular a economia. Um crescimento de 2% (em vez de 1%) pode ocorrer em função “do pagamento dos precatórios e da melhora do crédito”, além “de uma recuperação parcial da indústria, beneficiada por um exterior benigno, e de um mercado de trabalho forte ajudando os serviços”.

O Ministério da Fazenda já traça cenários do tipo. Para a Secretaria de Política Econômica (SPE), o PIB deve subir 2,3%. Segundo o ministro Fernando Haddad, não há motivo para um crescimento inferior a 2%, opinião compartilhada até pelo presidente do Banco Central, o bolsonarista Roberto Campos Neto, afirmou que o crescimento do PIB em 2024 pode ser um pouco acima de 2%.

Lula terá capitalizado – conforme o mercado – uma melhoria na economia nos dois últimos meses de 2023, fator que teria impulsionado um começo de 2024 melhor. “Outubro foi fraco, mas novembro e dezembro foram melhores”, resume Anna Reis, economista-chefe da GAP Asset. A consultoria estimava queda de 0,3% do PIB do terceiro para o quarto trimestre de 2023. Agora, prevê alta de 0,1%.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nunca houve tantos brasileiros trabalhando simultaneamente. Com o desemprego caindo a 7,4% no último trimestre de 2023 – menor taxa trimestral desde janeiro de 2015 –, o País tem uma população economicamente ativa de mais de 101 milhões de pessoas.

Boa parte desses trabalhadores se beneficiará da retomada da política de valorização do salário mínimo. Quando Jair Bolsonaro deixou oficialmente a Presidência da República, em 31 de dezembro de 2022, o piso dos brasileiros era de R$ 1.212. O valor foi reajustado por duas vezes em 2023 – para R$ 1.302 em 1º de janeiro e para R$ 1.320 em 1º de maio. Já em 2024, o mínimo chegou a R$ 1.412, acumulando aumento real (acima da inflação).

O estímulo à indústria também deve aquecer a economia, seja pelas obras do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), seja pela implantação da NBI (Nova Indústria Brasil). Com isso, diz Anna Reis, já existem no mercado “algumas pessoas” falando numa alta do PIB de 2,5% em 2024. É o caso de Igor Barenboim, economista-chefe da Reach Capital, que estima um PIB de 2,4%.

O resultado só não será melhor devido à agropecuária, que cresceu 16% em 2023, ano de safra recorde. Para 2024, é consenso que haverá queda no setor. A GAP Asset, por exemplo, vê queda de 1,1% na economia do agro. Mas, dado a alta atípica do ano passado, o recuo neste ano é considerado razoável.

 

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