Muitos analistas já especulam um número próximo a 2% – o dobro do inicialmente esperado.
por André Cintra
Publicado 12/02/2024 14:09 | Editado 13/02/2024 12:42
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Os analistas do
mercado falharam miseravelmente no final de 2022, ao preverem que o PIB
(Produto Interno do Brasil) cresceria pouco no ano seguinte – o primeiro sob o
governo do presidente Lula. Os mais pessimistas prenunciavam até uma possível
recessão econômica.
Ainda não há
números oficiais sobre o crescimento em 2023, mas a autocrítica está
parcialmente feita: economistas concordam que o País cresceu aproximadamente 3%
no último ano.
Apesar disso, as
estimativas para a economia em 2024 continuaram rebaixadas. Pouco antes de o
novo ano chegar, as previsões apontavam para uma alta de 1% do PIB – ou um
pouco mais. O último boletim Focus, elaborado pelo Banco Central com base em
projeções de agentes financeiros, já revisou o prognóstico para 1,6%.
O mercado, porém,
já admite que o crescimento brasileiro no ano voltará a surpreender. Muitos
analistas já especulam um número próximo a 2% – o dobro do inicialmente
esperado.
A que se deve a
correção? Segundo o Valor Econômico, alguns fatores –
invariavelmente ligados a decisões do próprio governo – vão estimular a
economia. Um crescimento de 2% (em vez de 1%) pode ocorrer em função “do
pagamento dos precatórios e da melhora do crédito”, além “de uma recuperação
parcial da indústria, beneficiada por um exterior benigno, e de um mercado de
trabalho forte ajudando os serviços”.
O Ministério da
Fazenda já traça cenários do tipo. Para a Secretaria de Política Econômica
(SPE), o PIB deve subir 2,3%. Segundo o ministro Fernando Haddad, não há motivo
para um crescimento inferior a 2%, opinião compartilhada até pelo presidente do
Banco Central, o bolsonarista Roberto Campos Neto, afirmou que o crescimento do
PIB em 2024 pode ser um pouco acima de 2%.
Lula terá capitalizado
– conforme o mercado – uma melhoria na economia nos dois últimos meses de 2023,
fator que teria impulsionado um começo de 2024 melhor. “Outubro foi fraco, mas
novembro e dezembro foram melhores”, resume Anna Reis, economista-chefe da GAP
Asset. A consultoria estimava queda de 0,3% do PIB do terceiro para o quarto
trimestre de 2023. Agora, prevê alta de 0,1%.
Segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nunca houve tantos
brasileiros trabalhando simultaneamente. Com o desemprego caindo a 7,4% no
último trimestre de 2023 – menor taxa trimestral desde janeiro de 2015 –, o
País tem uma população economicamente ativa de mais de 101 milhões de pessoas.
Boa parte desses
trabalhadores se beneficiará da retomada da política de valorização do salário
mínimo. Quando Jair Bolsonaro deixou oficialmente a Presidência da República,
em 31 de dezembro de 2022, o piso dos brasileiros era de R$ 1.212. O valor foi
reajustado por duas vezes em 2023 – para R$ 1.302 em 1º de janeiro e para R$
1.320 em 1º de maio. Já em 2024, o mínimo chegou a R$ 1.412, acumulando aumento
real (acima da inflação).
O estímulo à
indústria também deve aquecer a economia, seja pelas obras do Novo PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento), seja pela implantação da NBI (Nova Indústria
Brasil). Com isso, diz Anna Reis, já existem no mercado “algumas pessoas”
falando numa alta do PIB de 2,5% em 2024. É o caso de Igor Barenboim,
economista-chefe da Reach Capital, que estima um PIB de 2,4%.
O resultado só não
será melhor devido à agropecuária, que cresceu 16% em 2023, ano de safra
recorde. Para 2024, é consenso que haverá queda no setor. A GAP Asset, por
exemplo, vê queda de 1,1% na economia do agro. Mas, dado a alta atípica do ano
passado, o recuo neste ano é considerado razoável.
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