Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Só não vi, em todo o copioso material que traguei, uma
pergunta.
E é a mãe de todas as perguntas. É a questão essencial.
Por que nós?
Por que, mais uma vez, os Estados Unidos são atingidos por
um atentado?
Se e quando esta pergunta um dia for enfrentada, os
americanos terão chances de viver com um pouco mais de tranquilidade.
São eles – os americanos – porque a política externa de
Washington é absurdamente destrutiva, egoísta e desonesta.
Dadas as ações americanas, seria espantoso que eles não
fossem fruto de um ódio universal.
No passado, as coisas ficavam razoavelmente camufladas por
trás da embalagem de “campeões do mundo livre”.
Mas hoje, com a internet, as informações se democratizaram,
e correm o mundo. Uma bomba americana numa aldeia do Paquistão que mata
crianças se torna conhecida rapidamente em todas as partes, num simples tuíte
ou o que valha.
Isso – aliado à desclassificação de documentos secretos —
mostra quem são, de fato, os Estados Unidos.
O economista americano Thomas Naylor, professor emérito
aposentado da Universidade Duke, escreveu um pequeno grande livro que conta
muito sobre o caso americano, Manifesto de Vermont.
No livro, Naylor defende a independência de Vermont, o
estado em que mora. Um dos argumentos é que, se o estado estiver dissociado do
império americano, não será alvo de retaliações de terroristas.
Os vermontianos, consequentemente, poderão viver mais tranquilos.
Não precisarão pensar algumas vezes antes de fazer um programa banal como ver
uma maratona.
Economista brilhante, autor de 30 livros, Naylor sabe que o
custo de manter a segurança interna quando você cria inimigos em escala
industrial uma hora fica maior que a capacidade financeira dos Estados Unidos.
Por isso a causa da vida dele é desligar a pacata Vermont
dos Estados Unidos. (Cuja desagregação ele compara, com propriedade, à da União
Soviética: superpotências que, num determinado momento, foram dominadas por uma
desmedido militarismo.)
Imaginava-se que Obama, depois de Bush, trouxesse ao mundo
alguma coisa de novo.
Não trouxe.
Obama não foi capaz sequer de criar as condições mínimas
para que os americanos se perguntassem: por que nós?
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