E por que não fez ainda uma Ley de Medios ?
Um dos momentos sublimes do PiG (*) no Governo Dilma foi a
“entrevista” da Patricia Poeta – reveja o vídeo inesquecível – em que a Dilma
disse “me dá um dá lá que eu te dou um dá cá”.
A “repórter” da Globo se referia à roubalheira implícita no
toma lá dos cargos …
O Nunca Dantes foi vítima de várias dessas entrevistas.
São as entrevistas em que o repórter chega com muitas
perguntas extraídas dos editoriais dos jornais/emissoras a que serve e faz
muitas perguntas daí originárias – e,
não, as que o leitor, espectador esperasse.
Afinal, o objetivo de uma entrevista, em qualquer quadrante
do universo, é servir o público.
No Brasil, onde, segundo o Mino, o jornalista é pior que o
patrão, a entrevista tem uma outra função.
Pegar o governante trabalhista numa falha irreparável e
entrar para a História como o Bob Woodward da Dilma ou do Lula: eu derrubei o
Presidente, a Presidenta !
No Brasil, como se sabe, com o provisório recesso da dupla
Caneta-Cachoeira, o “jornalismo investigativo” de Woodward é feito em forma de
entrevistas …
O Lula se especializou na matéria: ia ser tosquiado – ser
derrubado por um repórter pigal – e tosquiava.
As perguntas da Folha (**), neste domingo,
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/07/1317877-dilma-afirma-que-nao-havera-volta-lula-porque-o-ex-presidente-nao-saiu.shtml
, não atendem a interesse do leitor.
Mas, à Folha e sua interprete.
Sua “Patricia Poeta”.
Sem a capa Burberry – clique aqui para ler sobre a captura
do Papa pela Globo .
Tornou-se um púlpito para a Dilma esclarecer o que a SECOM
não esclarece.
Muitos sabem, mas a maioria ignora.
Ou seja, a Dilma fez da Folha uma SECOM …
Por exemplo, ao comparar o desempenho do Governo Lulilma com
os sombrios anos FHC.
Ao desmistificar o mito da inflação galopante ou o
descalabro fiscal e chamar – com razão – de “tolice meridiana” essa tese do
Eduardo Campos de que se esgotou o modelo “consumista”.
De resto, diz pela enésima vez que ela e Lula são
indissociáveis e, pela enésima vez, diz que vai fazer uma Ley de Medios.
E não faz.
(…)
O ministro Guido Mantega está garantido no cargo?
O Guido está onde sempre esteve: no Ministério da Fazenda. E
vocês podem me matar, mas eu não vou falar de reforma ministerial.
O desemprego em junho subiu pela primeira vez em quatro
anos, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Querida, o desemprego… [Consulta papéis.] Olha aqui, ó. É
fantástico. Tem dó de mim, né? Como não podem falar de inflação, porque o
IPCA-15 [prévia do índice oficial] deu 0,07% neste mês… E nós temos
acompanhamento diário da inflação, tá? Hoje deu menos 0,02%. Tá? Ela [inflação]
é cadente, assim, ó [aponta o braço para baixo].
E o emprego?
Houve uma variação. Foi de 5,9% para 6%. É a margem da
margem da margem. Foram gerados 123.836 empregos celetistas. Em todo o primeiro
mandato do Fernando Henrique Cardoso foram gerados 824.394 empregos. Eu, em 30
meses, gerei 4,4 milhões. Você vai me desculpar.
Com a inflação, também… Alguém já disse quanto é que caiu o
preço do tomate? Ou só comentaram quando o tomate aumentou? [Pede para uma
assessora checar os números. Ela informa que o tomate está custando R$ 4,50 o
quilo.]
Eu não sou dona de casa, não posso mais ir no supermercado e
não sei o preço do tomate hoje. Mas sei a estatística do tomate. Teve uma
queda, se não me engano, de 16%. Eu ia naquele supermercado ali, ó [aponta a
janela]. Não posso mais.
A senhora acha que os críticos do governo exageram?
Eu propus cinco pactos [depois das manifestações]. E eu
tenho um sexto, sabe? Que é o pacto com a verdade. Não é admissível o que se
faz hoje no Brasil. Você tem uma situação internacional extremamente delicada.
Os EUA se recuperam, mas lentamente. Nós temos um ajuste visível na China. O
Fed [Banco Central dos EUA] indicou que deixaria o expansionismo monetário, o
que provocou a desvalorização de moedas em todo o mundo. E o país, nessa
conjuntura, mantém a estabilidade. Cumpriremos a meta de inflação pelo décimo
ano consecutivo. Sabe em quantos anos o Fernando Henrique não cumpriu a meta?
Em três dos quatro anos dele [em que a meta vigorou].
A inflação subiu por vários meses no período de um ano.
Nós tivemos a quebra na produção agrícola americana, que
afetou os mercados de commodities alimentares. Tivemos uma seca forte no
Nordeste e também no sul.
A crítica é que a senhora relaxou no controle da inflação
para manter o crescimento.
Ah, é? Tá bom. E como é que ela tá negativa agora?
Há dúvidas também em relação à política fiscal.
A relação dívida líquida sobre PIB nunca foi tão baixa. A
dívida bruta está caindo. O deficit da Previdência é 1% do PIB. As despesas com
pessoal, de 4,2%, as menores em dez anos. Como é que afrouxei o fiscal? Quero
falar do futuro. De agosto até o início do ano que vem, faremos várias
concessões, rodovias, ferrovias, aeroportos e portos, o que vai contribuir para
a ampliação dos investimentos e para melhorar a competitividade da economia.
Mas o Brasil cresce pouco.
O mundo cresce pouco. Nós não somos uma ilha. Você não está
com aquele vento a favor que estava, não. Nós estamos crescendo com vendaval na
nossa cara.
O modelo de crescimento pelo consumo não se esgotou?
É uma tolice meridiana falar que o país não cresce puxado pelo
consumo.
(…)
Uma das questões que Lula encaminhou no fim do governo foi o
da regulamentação da radiodifusão no país. A senhora enterrou esse assunto?
Não. Agora, o que eu e Lula jamais aceitaremos é que se mexa
na liberdade de expressão. Vou te dizer o seguinte: não sou a favor da
regulação do conteúdo. Sou a favor da regulação do negócio.
O que acha de o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações,
ser chamado por críticos de “ministro do Plim-Plim”?
É um equívoco, uma incompreensão. Essa discussão [da
regulação] está sempre posta. O [ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social]
Franklin [Martins] deixou um legado importante. E agora vai ter mais discussão.
A regulação em algum momento terá de ser feita. Mas ela não é igual ao que se
pensou há três anos. É algo complexo, até o que deve ser regulado terá de ser
discutido.
Por quê?
Hoje o que está em questão não é mais empresa jornalística
versus telecomunicações, TV versus jornais. Hoje tem a internet. Tem um
problema sério, nos EUA, no Brasil, para jornais escritos, revistas. Vai haver
problema de concorrência da internet, da plataforma IP, em TV.
Temos de discutir. Eu não tenho todas as respostas. Todo
mundo terá de participar. O Google hoje atrai mais publicidade que mídias que
até há pouco eram as segundas colocadas. A vida é dura. E não é só para o
governo.
Navalha
Por que, em lugar de falar com o PiG (*), a Dilma não faz
uma coletiva com todo mundo – inclusive alguns blogueiros sujos, que perguntariam:
tá tudo muito bem e por que não fez a Ley de Medios, ainda ?
Deve ser porque o PiG é mais fácil de submeter a um toma lá
dá cá.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais
conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única
rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram
num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler,
porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista
Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação;
da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom
caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e
depois o ressuscitou; e que é o que é,
porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos
torturadores.
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