domingo, 28 de julho de 2013

Dilma faz um toma lá dá cá com a Folha

E por que não fez ainda uma Ley de Medios ?













Um dos momentos sublimes do PiG (*) no Governo Dilma foi a “entrevista” da Patricia Poeta – reveja o vídeo inesquecível – em que a Dilma disse “me dá um dá lá que eu te dou um dá cá”.

A “repórter” da Globo se referia à roubalheira implícita no toma lá dos cargos …

O Nunca Dantes foi vítima de várias dessas entrevistas.

São as entrevistas em que o repórter chega com muitas perguntas extraídas dos editoriais dos jornais/emissoras a que serve e faz muitas perguntas daí originárias  – e, não, as que o leitor, espectador esperasse.

Afinal, o objetivo de uma entrevista, em qualquer quadrante do universo, é servir o público.

No Brasil, onde, segundo o Mino, o jornalista é pior que o patrão, a entrevista tem uma outra função.

Pegar o governante trabalhista numa falha irreparável e entrar para a História como o Bob Woodward da Dilma ou do Lula: eu derrubei o Presidente, a Presidenta !


No Brasil, como se sabe, com o provisório recesso da dupla Caneta-Cachoeira, o “jornalismo investigativo” de Woodward é feito em forma de entrevistas …

O Lula se especializou na matéria: ia ser tosquiado – ser derrubado por um repórter pigal – e tosquiava.

As perguntas da Folha (**), neste domingo,  http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/07/1317877-dilma-afirma-que-nao-havera-volta-lula-porque-o-ex-presidente-nao-saiu.shtml , não atendem a interesse do leitor.

Mas, à Folha e sua interprete.

Sua “Patricia Poeta”.

Sem a capa Burberry – clique aqui para ler sobre a captura do Papa pela Globo .

Tornou-se um púlpito para a Dilma esclarecer o que a SECOM não esclarece.

Muitos sabem, mas a maioria ignora.

Ou seja, a Dilma fez da Folha uma SECOM …

Por exemplo, ao comparar o desempenho do Governo Lulilma com os sombrios anos FHC.

Ao desmistificar o mito da inflação galopante ou o descalabro fiscal e chamar – com razão – de “tolice meridiana” essa tese do Eduardo Campos de que se esgotou o modelo “consumista”.

De resto, diz pela enésima vez que ela e Lula são indissociáveis e, pela enésima vez, diz que vai fazer uma Ley de Medios.

E não faz.

(…)

O ministro Guido Mantega está garantido no cargo?

O Guido está onde sempre esteve: no Ministério da Fazenda. E vocês podem me matar, mas eu não vou falar de reforma ministerial.
O desemprego em junho subiu pela primeira vez em quatro anos, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Querida, o desemprego… [Consulta papéis.] Olha aqui, ó. É fantástico. Tem dó de mim, né? Como não podem falar de inflação, porque o IPCA-15 [prévia do índice oficial] deu 0,07% neste mês… E nós temos acompanhamento diário da inflação, tá? Hoje deu menos 0,02%. Tá? Ela [inflação] é cadente, assim, ó [aponta o braço para baixo].

E o emprego?

Houve uma variação. Foi de 5,9% para 6%. É a margem da margem da margem. Foram gerados 123.836 empregos celetistas. Em todo o primeiro mandato do Fernando Henrique Cardoso foram gerados 824.394 empregos. Eu, em 30 meses, gerei 4,4 milhões. Você vai me desculpar.
Com a inflação, também… Alguém já disse quanto é que caiu o preço do tomate? Ou só comentaram quando o tomate aumentou? [Pede para uma assessora checar os números. Ela informa que o tomate está custando R$ 4,50 o quilo.]
Eu não sou dona de casa, não posso mais ir no supermercado e não sei o preço do tomate hoje. Mas sei a estatística do tomate. Teve uma queda, se não me engano, de 16%. Eu ia naquele supermercado ali, ó [aponta a janela]. Não posso mais.

A senhora acha que os críticos do governo exageram?

Eu propus cinco pactos [depois das manifestações]. E eu tenho um sexto, sabe? Que é o pacto com a verdade. Não é admissível o que se faz hoje no Brasil. Você tem uma situação internacional extremamente delicada. Os EUA se recuperam, mas lentamente. Nós temos um ajuste visível na China. O Fed [Banco Central dos EUA] indicou que deixaria o expansionismo monetário, o que provocou a desvalorização de moedas em todo o mundo. E o país, nessa conjuntura, mantém a estabilidade. Cumpriremos a meta de inflação pelo décimo ano consecutivo. Sabe em quantos anos o Fernando Henrique não cumpriu a meta? Em três dos quatro anos dele [em que a meta vigorou].
A inflação subiu por vários meses no período de um ano.
Nós tivemos a quebra na produção agrícola americana, que afetou os mercados de commodities alimentares. Tivemos uma seca forte no Nordeste e também no sul.
A crítica é que a senhora relaxou no controle da inflação para manter o crescimento.

Ah, é? Tá bom. E como é que ela tá negativa agora?

Há dúvidas também em relação à política fiscal.
A relação dívida líquida sobre PIB nunca foi tão baixa. A dívida bruta está caindo. O deficit da Previdência é 1% do PIB. As despesas com pessoal, de 4,2%, as menores em dez anos. Como é que afrouxei o fiscal? Quero falar do futuro. De agosto até o início do ano que vem, faremos várias concessões, rodovias, ferrovias, aeroportos e portos, o que vai contribuir para a ampliação dos investimentos e para melhorar a competitividade da economia.
Mas o Brasil cresce pouco.
O mundo cresce pouco. Nós não somos uma ilha. Você não está com aquele vento a favor que estava, não. Nós estamos crescendo com vendaval na nossa cara.

O modelo de crescimento pelo consumo não se esgotou?

É uma tolice meridiana falar que o país não cresce puxado pelo consumo.

(…)

Uma das questões que Lula encaminhou no fim do governo foi o da regulamentação da radiodifusão no país. A senhora enterrou esse assunto?

Não. Agora, o que eu e Lula jamais aceitaremos é que se mexa na liberdade de expressão. Vou te dizer o seguinte: não sou a favor da regulação do conteúdo. Sou a favor da regulação do negócio.

O que acha de o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, ser chamado por críticos de “ministro do Plim-Plim”?

É um equívoco, uma incompreensão. Essa discussão [da regulação] está sempre posta. O [ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social] Franklin [Martins] deixou um legado importante. E agora vai ter mais discussão. A regulação em algum momento terá de ser feita. Mas ela não é igual ao que se pensou há três anos. É algo complexo, até o que deve ser regulado terá de ser discutido.

Por quê?

Hoje o que está em questão não é mais empresa jornalística versus telecomunicações, TV versus jornais. Hoje tem a internet. Tem um problema sério, nos EUA, no Brasil, para jornais escritos, revistas. Vai haver problema de concorrência da internet, da plataforma IP, em TV.
Temos de discutir. Eu não tenho todas as respostas. Todo mundo terá de participar. O Google hoje atrai mais publicidade que mídias que até há pouco eram as segundas colocadas. A vida é dura. E não é só para o governo.

Navalha


Por que, em lugar de falar com o PiG (*), a Dilma não faz uma coletiva com todo mundo – inclusive alguns blogueiros sujos, que perguntariam: tá tudo muito bem e por que não fez a Ley de Medios, ainda ?

Deve ser porque o PiG é mais fácil de submeter a um toma lá dá cá.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

0 comentários :

Postar um comentário