Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
Isso tá bem divertido! Hoje, o Reinaldo dá um piti em seu
blog na Veja contra Miriam Leitão. Diz que ela é ainda pior que os blogueiros.
Aliás, um dos saldos interessantes dessa lavação de roupa
suja no quintal da Casa Grande, à vista de todos, é mostrar como os outrora
poderosos colunistas da grande mídia estão preocupados com a gente, os
bagrinhos da blogosfera. Eles brigam entre si, mas sempre apontando para gente.
Eles só se referem a nós, claro, como mercenários pagos pelo
governo, estatais e gestões petistas.
Qualquer dia, eu vou publicar aqui fotografias do meu
extrato bancário dos últimos 12 anos, para os leitores me ajudarem a procurar
os depósitos do governo, que eu nunca achei. O blog sempre viveu de seus
leitores, além de alguma coisa em publicidade privada. Não sou contra
publicidade estatal, não. Sou pobre demais para ter esses escrúpulos. Mas
publicidade estatal para mim é uma ficção. Na era Lula, ainda havia esperanças
de que a blogosfera fosse contemplada. Desde que Helena Chagas assumiu a
presidência na Secom, porém, junto com Roberto Messias, os tubarões da mídia
voltaram a dominar.
Talvez eu publique também fotos do apartamento de um
conhecido blogueiro paulista, que eu visitei há algumas semanas em São Paulo,
um imóvel simples, de uma pessoa que leva uma vida humilde e franciscana.
Esses são os blogueiros terríveis que, segundo os
rottweilers e outros cães da mídia, recebem milhões do governo para atacar a
nossa mídia angelical, pura, isenta.
Tive a impressão que Azevedo, que já andou fazendo
referências estéticas ao Eduardo, sentiu-se tentado a citar este modesto blog,
ao dizer o seguinte em seu post de hoje:
Como sabem que nunca me deixei impressionar pela lisonja
fácil — nem a graça de um simples cafezinho lhes dei —, também não me intimidam
os ataques os mais grotescos.
Hehehehe.
Eu acho que o governo deveria financiar sim a blogosfera,
mas para ser republicano, podia fazer assim: chamava os partidos de oposição e
combinava o seguinte: o governo financiará 200 blogs de política, com vistas a
cumprir o princípio constitucional que defende a pluralidade. A oposição indica
100, e a base aliada, outros 100.
Republicano, equilibrado, justo. A oposição, mesmo
minoritária, teria direito ao mesmo volume de financiamento dado às forças
governistas.
Cada governo estadual, cada prefeitura, podia fazer a mesma
coisa. Iríamos gerar milhares de empregos na área de comunicação, e salvar as
novas gerações de jornalistas do triste destino de serem novos rottweilers dos
barões da mídia, além de promover um grande desenvolvimento na cultura política
do país. Seria um excelente estímulo inclusive à cultura, pois esses blogs
falariam de arte, cinema e literatura com uma independência muito maior que
vemos na grande mídia. Veríamos, finalmente, florescer um jornalismo literário
decente, e um jornalismo investigativo verdadeiro.
Isso poderia constar, no futuro, numa lei de mídia, mas por
enquanto os governos podiam aprovar essas estratégias via decreto, projeto de
lei ou medida provisória. De nada adiantará fazer uma lei de mídia quando todas
as forças independentes, que minguam a cada ano, já estiverem mortas,
asfixiadas à sombra dos gigantes. Gigantes, repito pela milionésima vez, que se
fizeram com dinheiro público, e o apoio de ditaduras e governos estrangeiros.
O que não tem sentido é, entre as mídias que falam de
política, só as corporações receberem recursos públicos. E não adianta nada a
Secom distribuir recursos para blogs de moda que já estão nadando em dinheiro e
não falam de política. Também não adianta dar um caraminguá para dois ou três
blogs e sites políticos mais famosos, de forma intermitente.
A vida de blogueiro tem ficado mais difícil. De um lado, a
grande mídia nos ataca cada vez com mais virulência, sempre repetindo que
recebemos dinheiro oficial; de outro, o governo dá cada vez mais dinheiro para
a grande mídia, asfixiando o pensamento divergente, e não inventa um mísero
plano para distribuir os recursos para a internet de maneira mais equitativa e
inteligente.
A extrema esquerda, por sua vez, se junta à extrema direita
para nos caluniar, num vergonhoso abraço de amargurados e desonestos
intelectuais.
Por que vocês acham que há cada vez menos blogs políticos?
Infelizmente, não estamos crescendo. Estamos sendo massacrados, com auxílio do
mesmo campo político que defendemos.
Não fosse o sucesso do Cafezinho junto a seus leitores, que
têm nos ajudado de maneira emocionante nos últimos anos, não daria para
continuar trabalhando.
Os poucos que restaram ainda tem de lidar com pesados
processos de políticos de oposição e até de ministros do STF!
Esperar o que de uma Secom chefiada por uma tucana pró-Globo
(Helena Chagas) e um reaça obtuso e raivoso (Roberto Messias)?
Mas eu queria vir aqui mesmo é para publicar essa charge do
Angeli, estampada hoje na página 2 da Folha. A coisa tá mesmo feia por lá!
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