Por Altamiro Borges
O apresentador Fausto Silva anda muito revoltado. Não deve
ser por causa do salário, já que ele recebe uma fortuna da TV Globo e ainda
tira uns “trocados” dos bilionários anunciantes. Nos últimos tempos, ele
transformou o seu programa Domingão do Faustão num verdadeiro palanque, com
duros ataques ao governo Dilma. Neste domingo (1), segundo o site UOL, ele
aproveitou para “criticar a incompetência e a corrupção no Brasil”, reforçando
o complexo de vira-latas das elites tão em moda nas vésperas da abertura da
Copa do Mundo. Vale conferir alguns trechos da reportagem:
*****
“País da Copa do Mundo, mas que não conserta enchente, que
dá serviço péssimo de saúde, escola de quinta categoria, que não oferece
segurança. Esse é o país que quer fazer Copa do Mundo com 17 [12] cidades, mas
que não faz nem com cinco”, entrou no assunto Fausto Silva, durante o
‘Domingão’, deste domingo (1). O apresentador prosseguiu com as críticas, mas
pediu uma trégua à população brasileira em relação às manifestações. "O
Brasil convidou mais de 600 mil estrangeiros para virem aqui. Os nossos
problemas temos de resolver entre nós. Passa a Copa do Mundo e depois o pau
come de novo para a gente resolver", desabafou.
"Já que vai começar dentro dessa bagunça toda, desses
estádios caros, vamos tentar fazer o melhor possível, até porque a minha avó já
dizia 'roupa suja se lava em casa'. Não dá para mostrar para o mundo inteiro
que somos o país da corrupção e da incompetência. Muita gente já sabe",
completou Fausto Silva... Minutos depois, o apresentador voltou a tocar no
assunto. "O Brasil dentro de campo é uma coisa. O Brasil fora é outro. O
povo já percebeu. O Brasil precisa ganhar a Copa da educação, da saúde, contra
o preconceito", avaliou. "A nossa Copa do Mundo é em outubro, época
das eleições", decretou.
*****
Já que anda tão revoltado, tão rebelde, Faustão podia
aproveitar para criticar o império midiático em que trabalha. A TV Globo é uma
das maiores culpadas pelas mazelas históricas do Brasil. Ela sempre apoiou as
forças conservadoras que emperram o desenvolvimento do país. Para erguer sua
rede nacional de televisão, através das afiliadas, ela firmou parceria com as
velhas oligarquias, montando um sistema de coronelismo eletrônico. Em todos os
momentos decisivos da história, a famiglia Marinho se colocou contra o
progresso social, a soberania nacional e a democracia. Foi contra as leis
trabalhistas de Getúlio Vargas, fez campanha contra a Petrobras e sabotou os
governos progressistas.
Recentemente, acuada pelos protestos de rua e os gritos de
“A realidade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”, o poderoso império global
inclusive reconheceu oficialmente que apoiou o golpe de 1964 e a sanguinária
ditadura militar, numa autocrítica meia-sola. Faustão, tão rebelde e corajoso,
poderia aproveitar esta confissão para criticar seus patrões, que fizeram
fortunas exatamente neste período. Como forma de resolver os graves problemas
sociais, o milionário apresentador poderia até defender a urgência de uma
reforma tributária no Brasil, que retire um pouco de grana dos muito ricos para
investir em programas de superação das injustiças crônicas do país.
No mês passado, a revista Forbes publicou a lista das 15
famílias mais ricas do Brasil, que juntas possuem uma fortuna de US$ 122
bilhões – o equivalente a 5% de todas as riquezas produzidas no país (PIB). No
topo do ranking aparece a famiglia Marinho, dona das Organizações Globo, com
uma fortuna estimada de US$ 28,9 bilhões. No próximo “Domingão do Faustão”, o
indignado apresentador bem que poderia citar os nomes dos bilionários nativos,
maiores responsáveis pelas mazelas nacionais. Como forma de ajuda a Fausto
Silva, publico abaixo a lista da Forbes:
As 15 famílias mais ricas do Brasil
1- Marinho (Mídia):
Os três irmãos que controlam as Organizações Globo são
bilionários: Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho, José Roberto
Marinho. Juntos, eles têm uma fortuna estimada em US$ 28,9 bilhões
2- Safra (Banco)
São três parentes, todos bilionários graças ao império do
banco Safra: Joseph Safra, Moise Safra e Lily Safra. Eles têm a fortuna
estimada em US$ 20,1 bilhões quando somada
3- Ermírio de Moraes (Conglomerado Votorantim)
São seis parentes, todos bilionários –Antonio Ermírio de
Moraes, Ermírio Pereira de Moraes, Maria Helena Moraes Scripilliti, José
Roberto Ermírio de Moraes, José Ermírio de Moraes Neto e Neide Helena de
Moraes–, com fortuna estimada em US$ 15,4 bilhões. A riqueza veio do grupo
Votorantim, fundado por José Ermírio de Moraes Juntos em 1918, e que hoje
inclui de banco a siderúrgica
4- Moreira Salles (Banco)
Reúne quarto irmãos, todos bilionários: Fernando Roberto
Moreira Salles, João Moreira Salles, Pedro Moreira Salles e Walter Moreira
Salles Junior. A fortuna deles vem da herança do Unibanco, incorporado ao Itaú,
e de uma empresa de mineração de nióbio. Somando tudo, dá US$ 12,4 bilhões
5- Camargo (Conglomerado Camargo Corrêa)
São três irmãs, todas bilionárias: Rossana Camargo de Arruda
Botelho, Renata de Camargo Nascimento e Regina de Camargo Pires Oliveira Dias.
Juntas, elas têm um fortuna avaliada em US$ 8 bilhões, vinda do império Camargo
Corrêa, que têm negócios de engenharia, construção, energia e transportes,
entre outros
6- Villela (Itaúsa)
São cinco parentes, dois deles bilionários graças à herança
do banco Itaú: Alfredo Egydio de Arruda Villela Filho e Ana Lucia de Mattos
Barretto Villela. Juntos, eles têm US$ 5 bilhões
7- Maggi (Soja)
São cinco parentes, quatro deles bilionários graças a uma
das maiores produções de soja do mundo: Lucia Borges Maggi, Blairo Borges
Maggi, Marli Maggi Pissollo, Itamar Locks e Hugo de Carvalho Ribeiro. A fortuna
em conjunto é estimada em US$ 4,9 bilhões
8- Aguiar (Banco)
São três irmãs, todas bilionárias graças à herança do banco
Bradesco: Lina Maria Aguiar, Lia Maria Aguiar e Maria Angela Aguiar Bellizia.
As três juntas têm uma fortuna estimada em US$ 4,5 bilhões
9- Batista (Carnes)
São dez parentes herdeiros da fortuna de José Batista
Sobrinho, fundador da produtora de carne JBS –hoje uma das maiores empresas de
alimentos do mundo. Nenhum deles é bilionário, mas juntos somam US$ 4,3 bilhões
10- Odebrecht (Vários setores)
São 15 parentes herdeiros da empresa fundada pelo engenheiro
pernambucano Norberto Odebrecht. O grupo atua em diversos setores, entre eles
engenharia, construção, produtos petroquímicos e químicos. Sozinho, nenhum dos
parentes é bilionários, mas juntos eles reúnem US$ 3,9 bilhões
11- Civita (Mídia)
São três irmãos (Giancarlo Francesco Civita, Anamaria
Roberta Civita e Victor Civita Neto) herdeiros da editora Abril. Juntos, têm
fortuna avaliada em US$ 3,3 bilhões
12- Setubal (Banco)
São 25 parentes de uma das famílias fundadoras do banco Itaú
(foram os Villela junto com os Setubal). Nenhum dos Setubal é bilionário, mas
juntos eles têm uma fortuna estimada em US$ 3,3 bilhões
13- Igel (Petróleo e petroquímicos)
São sete parentes herdeiros do grupo Ultra, dono de marcas
como Ipiranga e Ultragás, com fortuna avaliada em US$ 3,2 bilhões. Dos sete, um
deles é bilionário: Daisy Igel
14- Marcondes Penido (Rodovias pedagiadas)
São duas irmãs herdeiras da CCR, maior operadora brasileira
de rodovias pedagiadas por valor de mercado, com fortuna estimada em US$ 2,8
bilhões. Uma delas é bilionária: Ana Maria Marcondes Penido Sant’Anna
15- Feffer (Celulose e papel)
São cinco irmãos, herdeiros da Suzano. Nenhum deles é
bilionário, mas, juntos, eles têm uma fortuna estimada em US$ 2,3 bilhões
0 comentários :
Postar um comentário