Nota publicada pelo Sindicato dos Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais de Xapuri (Acre), fundado por Chico Mendes, contesta
afirmações da candidata, como a de que ele seria representante da "elite
nacional"; assinado pelo atual presidente do sindicato, José Alves, texto
coloca Chico, morto por fazendeiros em 1988, como um sindicalista, não um
ambientalista que se une ao capital; sindicato também condena a política
ambiental "idealizada pela candidata Marina Silva enquanto Ministra do
Meio Ambiente, refém de um modelo santuarista e de grandes Ong's internacionais"
28 de Agosto de 2014 às 15:36
Blog do Esmael - Um texto que circula pelas redes sociais
desde ontem (27), data da sua publicação, chama a atenção por expor
contradições da candidata à presidência, Marina Silva, em relação a sua origem
ambientalista no Acre. O texto é assinado pelo presidente do Sindicato dos
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri (Acre), José Alves e pelo
assessor jurídico, Waldemir Soares. Chico Mendes foi um dos fundadores desse
sindicato em 1975. Ele foi assassinado em 1988 por fazendeiros contrários a sua
luta pelos direitos dos trabalhadores extrativistas da floresta.
Como o sindicato não possui página na internet, o Blog do
Esmael entrou em contato por telefone com a entidade e em conversa com o
presidente José Alves foi verificada a autenticidade do texto que reproduzimos
a seguir:
Diante da declaração da candidata à Presidência da República
para as próximas eleições, Marina Silva, onde esta coloca o companheiro Chico
Mendes junto a representantes da elite nacional, o Sindicato dos Trabalhadores
e Trabalhadoras Rurais de Xapuri (Acre), legítimo representante do legado
classista do companheiro Chico, vem a público manifestar-se nos seguintes
termos:
Primeiramente, o companheiro Chico foi um sindicalista e não
ambientalista, isso o coloca num ponto específico da luta de classes que
compreendia a união dos Povos Tradicionais (Extrativistas, Indígenas,
Ribeirinhos) contra a expansão pecuária e madeireira e a consequente devastação
da Floresta. Essa visão distorcida do Chico Mendes Ambientalista foi levada
para o Brasil e a outros países como forma de desqualificar e descaracterizar a
classe trabalhadora do campo e fortalecer a temática capitalista ambiental que
surgia.
Em segundo, os trabalhadores rurais da base territorial do
Sindicato de Xapuri (Acre), não concordam com a atual política ambiental em
curso no Brasil idealizada pela candidata Marina Silva enquanto Ministra do
Meio Ambiente, refém de um modelo santuarista e de grandes Ong's
internacionais. Essa política prejudica a manutenção da cultura tradicional de
manejo da floresta e a subsistência, e favorece empresários que, devido ao alto
grau de burocratização, conseguem legalmente devastar, enquanto os habitantes
das florestas cometem crimes ambientais.
Terceiro, os candidatos que compareceram ao debate estão
claramente vinculados com o agronegócio e pouco preocupados com a Reforma
Agrária e Conflitos Fundiários que se espalham pelo Brasil, tanto isso é
verdade, que o assunto foi tratado de forma superficial. Até o momento, segundo
dados da CPT, 23 lideranças camponesas foram assassinadas somente neste ano de
2014. Como também não adentraram na temática do genocídio dos povos indígenas
em situação alarmante e de repercussão internacional.
Por fim, os pontos elencados, são os legados do companheiro
Chico Mendes: Reforma Agrária que garanta a cultura e produção dos
Trabalhadores Tradicionais e a União dos Povos da Floresta.
Xapuri, 27 de agosto de 2014
José Alves – Presidente
Waldemir Soares – Assessor Jurídico
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