Em junho de 2012, quando o Uruguai sofria com o avanço de
70% no número de homicídios, o presidente José Mujica anunciou um pacote de
medidas para conter a criminalidade no país. Estudos e pesquisas conduzidos
pela equipe do presidente concluíram que era preciso um conjunto de ações que
atacasse o tráfico de drogas.
Programas policiais que incitam à violência no Brasil.
O documento “Estratégia pela vida e convivência”, que
continha 15 medidas, foi anunciado e se tornou mundialmente conhecido porque
nele o Uruguai anunciava que passaria a gerir a produção e distribuição de
maconha no país. Dessa forma, o Estado assumia o posto de fornecedor da maconha
aos uruguaios, era um golpe econômico nos narcotraficantes.
Na outra extremidade, preocupava a ação policial. Os
superpoderes dos agentes nas ruas precisavam ser combatidos, assim como a
sensação de impunidade. Por isso, entre as medidas tomadas pelo governo, estava
a proibição da exibição de programas policiais [similares ao “Cidade Alerta” e
“Brasil Urgente”] entre 6h e 22h. A alegação é que essas “atrações televisivas”
promovem atitudes ou condutas violentas e discriminatórias.
Dois anos depois, em junho de 2014, o governo uruguaio
anunciou que as mortes ligadas ao tráfico de drogas foram zeradas no país.
No Brasil
Incrédulo, o Brasil assistiu, ao vivo, um policial disparar
quatro tiros contra dois jovens que já estavam rendidos após longa perseguição
de moto. As imagens foram transmitidas, ao mesmo tempo, pelos programas “Cidade
Alerta” e “Brasil Urgente”, apresentados por Marcelo Rezende e José Luis
Datena, respectivamente na tarde do dia 23 de junho deste ano.
Imediatamente, os dois apresentadores saíram em defesa do
policial. “Se ele atirou é porque o bandido estava armado. E ele fez muito
bem”, disse Rezende. “Não sei se os caras apontaram o revólver para o policial,
não vi. Provavelmente, sim”, afirmou Datena.
A postura de Datena e Rezende dá o tom dos programas, que
são reconhecidos por fazer apologia à violência policial, lançando mão do
discurso de que “bandido bom é bandido morto”. Ambos narram com entusiasmo as
perseguições e as ações da PM pelas periferias paulistas.
Logo após o fato, o secretário estadual de Segurança Pública
de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse que o policial cometeu uma "séria
irregularidade" e foi preso administrativamente.
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