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Os jornais deram destaque à operação de alto
risco do Planalto nesta terça-feira. No Painel, da Folha, é comparada à uma
jogada "all in", na qual o jogador aposta todas as suas fichas de uma
só vez. A jogada foi levar à votação os vetos às pautas bombas. O governo
ganhou o primeiro round. Ainda falta a pauta dos aumentos para o judiciário.
Mas se a maioria dos deputados se posicionou contra as pautas bomba, é mais que
provável que permaneçam nessa linha.
No Valor, especula-se que a crise econômica assustou os
partidos de oposição, que não querem ficar com a pecha de irresponsáveis. As
bancadas foram liberadas e, segundo fontes do Valor, parte do próprio PSDB
votou em favor do governo, sobretudo após alarmismos de que a moeda americana
poderia chegar a R$ 6 caso os vetos fossem derrubados.
Ainda no Valor, temos várias fofocas palacianas. A negociação de Dilma
diretamente com as bancadas do PMDB, saltando por cima de Temer e Renan, acabou
sendo uma jogada bem sucedida.
A figura em relevo no momento é o deputado federal Leonardo Picciani, filho de
Jorge Picciani, presidente do PMDB no Rio de Janeiro e dono de poderosa máquina
política no estado.
Jorge Picciani foi o principal articulador do movimento Aezão no Rio. É um
fisiologista clássico, conservador, com tendência a apoiar o PSDB e Eduardo
Cunha. Mas está sob esfera de influência de Pezão, governador do Rio, um aliado
forte de Dilma Rousseff.
O Cafezinho apurou que Pezão, atualmente o principal estado governado pelo
PMDB, operou fortemente para enquadrar caciques do partido que andavam
resvalando para a oposição. Pezão teria ido pessoalmente a Brasília para
convencer os deputados de seu partido e/ou aliados.
Outra fonte do Valor confirma que Dilma, diante da pressão para substituir
Mercadante, ameaçou trocá-lo por Katia Abreu. Nervosas com essa possibilidade,
lideranças petistas atuaram para deixar Mercadante em seu lugar. O jornal
levanta a hipótese de tudo ter sido uma operação do próprio Planalto para
segurar Mercadante.
Os nomes indicados do PMDB para o eventual novo ministro da Saúde - a principal
promessa de Dilma para cooptar a bancada do PMDB - são Manoel Júnior (PB),
Marcelo Castro (PI) e Saraiva Felipe (MG).
O grupo de oposição dentro do PMDB discorda do placar de 42 a 9 informado por
aliados de Picciani sobre a votação dentro da bancada do partido na Câmara
sobre apoiar ou não o governo. Segundo esse grupo, o placar teria sido de 26 a
13.
O Valor traz matéria enviesada sobre eventual apoio do PSB ao impeachment. A
matéria confunde o leitor sobre a posição dos governadores do partido quanto a
isso. Num primeiro momento, a matéria diz que os governadores do DF e
Pernambuco, "manifestaram-se favoravelmente à oposição a Dilma, embora
mais cautelosos com relação ao impeachment". Logo em seguida, o texto diz
que o governador de Pernambuco "é contra o impeachment de Dilma e propõe
oposição responsável"; e que o governador do Distrito Federal, Rodrigo
Rolemberg, "não é favorável ao impeachment".
O terceiro governador do PSB, Ricardo Coutinho, é obviamente contra o
impeachment, embora isso também seja omitido na matéria, que, no entanto,
informa que ele "manteve-se mais moderado quanto ao papel do
partido", ou seja, não aprovou a guinada contra Dilma.
No Painel da Folha, o destaque vai para o uso da votação dos vetos de Dilma
como "termômetro para o impeachment". A matéria parece ter sido
escrita antes da vitória parcial do governo.
O golpômetro está estável em 13 pontos, mas a linha ficou mais tensa, com a
oposição puxando mais para cima, em virtude da posição mais dura da bancada do
PSB na Câmara, e o governo puxando para baixo, com o acerto do Planalto com o
grupo de Picciani e a vitória na votação dos vetos.
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