A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (7) o texto principal da medida provisória que reformula o ensino médio (MP 746/16). Foram 263 votos favoráveis, 106 contrários e 3 abstenções. Os destaques, que podem modificar o texto, serão analisados na próxima terça-feira (13). Já foram apresentados 11 pedidos de modificação.
Agência Câmara
Para a deputada federal Luciana Santos (PE), presidente nacional do PCdoB, o projeto "rasga tudo que há do Plano Nacional de Educação, que estabeleceu metas e que foi debatido com as forças vivas que fazem a educação nacional, e se impõe de maneira burocrática um medida provisória para poder diminuir e fazer com que a educação brasileira retroceda décadas".
A deputada reforçou ainda que a medida retira o curriculo nacional básico, que pelo projeto, será definido pelo mercado de cada região. "Isso acentua as desigualdades regionais e criar uma escola de segunda categoria", destacou Luciana. O texto determina que 60% da carga horária de todo o ensino médio sejam obrigatórias. Nos 40% restantes, os alunos poderão escolher as disciplinas de acordo com seus interesses e com o marcado da região.
"É um grave erro a votação dessa medida provisória. Fazer um projeto que reforma o ensino médio com essa rapidez é ineficiente, pois na Educação ou se tem um processo de debate, mobilização e engajamento ou nada acontece. As diretrizes devem ser incorporadas no projeto político pedagógico de cada escola. E um processo como esse, açodado, tem um impacto muito negativo no ambiente escolar", afirmou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP).
Orlando salientou que, além de desprezar a proposta que já estava sendo debatida pelo Congresso Nacional há três anos, o governo de Michel Temer enviou uma nova proposta que piora as condições do ensino médio. "Eu chamo a atenção para as responsabilidades que serão transferidas para Estados e municípios, sem ter recursos colocados à disposição, ou seja, é uma farsa. Não vai acontecer. Isso sobretudo no que diz respeito ao atendimento integral das escolas do ensino médio", frisou Orlando.
Durante a votação, a bancada do PCdoB estava em obstrução na tentativa de barrar o atropelo do governo Temer. Como a cotação prosseguiu, a estratégia foi tentar reduzir danos, apresentando destaques que pudessem diminuir o prejuízo que a educação brasileira terá com a aprovação do projeto.
O líder do Psol, deputado Ivan Valente (SP), disse que a realidade da educação brasileira é de escassez de recursos. “Falar em reforma do ensino médio massacrando professores com a reforma da Previdência e a PEC dos Gastos é uma mentira”, disse ele. Para Valente, a proposta tem um viés elitista do ensino público, ao focar em educação profissionalizante.
Os professores foram defendidos pelo deputado Chico Alencar (Psol-RJ). “Qualquer mudança educacional precisa do envolvimento não só do setor docente, mas da valorização de sua formação educacional”, afirmou.
O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que poucos alunos serão beneficiados. “A proposta traz aumento de 1.400 horas só no enunciado, mas a meta é de 500 mil alunos e somos 8,3 milhões de estudantes. Estamos fazendo duas escolas no País: uma que vai ter tudo e uma que não vai ter nada”, declarou.
Do Portal Vermelho, com informações de Agência Câmara
0 comentários :
Postar um comentário