Manaus sem oxigênio, Bolsonaro genocida
Publicado 14/01/2021 21:15 | Editado 14/01/2021 21:37
Foto: Guilherme
Silva
Manaus volta ao noticiário como o triste exemplo da
incúria e do desleixo oficiais no combate à pandemia da Covid-19. No
final de abril de 2020 a capital amazonense já havia vivido uma situação
semelhante, inclusive com enormes dificuldades para sepultar todos os mortos
vítimas do coronavírus. Agora, na chamada segunda onda da pandemia, a situação
em Manaus demonstra a falta de coordenação do governo federal no tratamento da
Covid-19, que se mostra incapaz de exercer alguma coordenação no combate à
pandemia e tomar medidas que possam de fato ajudar a resolver essa situação
dramática. Bolsonaro chegou a reconhecer que a situação é grave, mas não sabe o
que fazer e fala apenas em “tratamento precoce”, seguindo a linha do ministro
Eduardo Pazuello, e pressiona a prefeitura de Manaus a usar cloroquina, o
remédio mágico sem qualquer indicação médica ou científica.
A situação é grave.
Em 2020, mostra um levantamento da associação nacional de cartórios, houve no
Amazonas um número de mortos em casa (sem atendimento hospitalar) 38% maior em
comparação a 2019. O total daqueles que morreram em casa passou de 3.201 em
2019, para 4.418 em 2020. Isto indica, diz o pesquisador e epidemiologista
Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia, o colapso hospitalar no Amazonas em 2020 –
e pode se repetir em 2021, teme ele. Os especialistas temem que essa situação
se agrave, ante o descaso, a incúria e o desleixo sobretudo do governo de Jair
Bolsonaro.
A incúria e o
desleixo do governo federal se manifestam agora, em Manaus, na falta do
oxigênio essencial para salvar vidas de pacientes internados em estado grave
nos hospitais da cidade – que, assim, são transformados em verdadeiras “câmaras
de asfixia”. Centenas de pacientes estão sendo transferidos para outros estados
para serem mantidos vivos.
A falta de oxigênio
nos hospitais de Manaus revela, mais uma vez, como o governo federal – em seu
desprezo pela gravidade da pandemia – não tem sequer logística, nem
suprimentos, nesta guerra contra o vírus, e deixa faltar insumos fundamentais
para salvar a vida dos doentes.
O drama de Manaus
atinge pacientes e profissionais de saúde, como revela a médica residente
Gabriela Oliveira, do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV): “O que eu
vivi hoje, nem nos meus piores pesadelos eu pensei que poderia acontecer. Não
ter como assistir paciente, não ter palavras para acalentar um familiar. Isso é
uma coisa que vai ficar uma cicatriz eterna nos nossos corações”.
A situação também
provoca indignação e solidariedade, como manifestou o governador Flávio Dino, do
Maranhão. “Impossível não se indignar e não se emocionar. O
Maranhão está pronto para ajudar no que for necessário, como já informei ao
governador Wilson”, afirmou Dino. Já a ex-senadora do Amazonas, Vanessa Grazziotin, em depoimento emocionado, fala
do momento dramático provocado pelo novo colapso do sistema de saúde de Manaus
e do Amazonas. Citando as enormes carências do estado na área da saúde e a
morte de entes queridos dos todos os amazonenses, Vanessa afirmou que a “hora é
de solidariedade, precisamos nos unir para ajudar uns aos outros”. Ela lembra,
porém, que passada a situação grave, é preciso conversar sobre a situação
insustentável que vive o estado e o país.
O drama que tem
comovido o país é mais uma demonstração de que Bolsonaro não tem condições de
dar conta das necessidades da população e despreza uma crise sanitária que já
provocou a morte de mais de 206 mil brasileiros. Defender a vida, o bem maior
das pessoas, é motivo mais do que suficiente para que o Brasil una amplas forças
para dar um basta a esse governo irresponsável e genocida.
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