Estudo divulgado
segunda-feira (25) pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) mostra que
a pandemia da Covid-19 no Brasil teve impacto negativo sobre o emprego quase 2
vezes superior à média mundial
por Altamiro Borges
Publicado 31/01/2021 10:28 | Editado 31/01/2021 13:16
(Foto: Roberto Parizotti / Fotos Publicas)
Como explica Jamil
Chade em artigo publicado na Folha, “esse número inclui as pessoas que foram
demitidas, as pessoas que abandonaram o mercado de trabalho e aquelas que
tiveram suas horas de trabalho reduzidas. Os dados brasileiros revelam um tombo
bem maior que a média global”. Em termos de horas trabalhadas, a perda foi de
15%.
No mundo, a OIT
estima que 8,8% das horas de trabalho foram perdidas no ano passado, o que
seria o equivalente a 255 milhões de empregos em tempo integral. O tombo é 4
vezes maior do que aquele sofrido pelos trabalhadores durante a depressão
global de 2009. “Trata-se da maior crise no mercado de trabalho desde os anos 30”,
afirma Guy Ryder, diretor-geral da OIT.
Perdas em horas
trabalhadas
A estimativa do
órgão é de que 33 milhões de pessoas no mundo foram afetadas pela perda
completa de emprego, elevando o desemprego global para 220 milhões de pessoas.
Mas a OIT avalia que registrar apenas a taxa formal de desemprego subestima o
impacto da Covid-19 no mundo de trabalho. Essa oculta, por exemplo, 81 milhões
que desistiram de procurar emprego.
Daí a gravidade do
caso brasileiro. No Canadá e nos EUA, com quedas em horas trabalhadas foi de
9,2% e 9,3%, respectivamente. Na Europa, o declínio estimado foi de 9,2% no
horário de trabalho. Já na Ásia, a queda média em horas de trabalho foi de
7,9%. Os 2 maiores países da região, China e Índia, registraram perdas médias
anuais estimadas de 4,1% e 13,7%, respectivamente.
A perda de renda do
trabalhador no Brasil também foi superior à média global. De acordo com a OIT,
o declínio foi de 21% no rendimento no segundo trimestre de 2020. No Reino
Unido, a queda foi de 3%; na Itália, de 4%. No mundo, a perda média foi de 8,3%
na renda global do trabalho, o equivalente a US$ 3,7 trilhões ou 4,4% do PIB
(Produto Interno Bruto) global.
Queda de renda
entre as mulheres e os jovens
Quem mais perdeu
foram os trabalhadores de baixa e média qualificação. No Brasil, a queda na
renda desse segmento foi de 28%, contra redução de 17,9% entre os trabalhadores
mais qualificados. As mulheres foram as que sofreram maiores quedas. A taxa de
perda para as brasileiras foi de 22%, contra 20% para os homens. Já os jovens
viram sua renda desabar em 30%.
“Se o discurso do
governo de Jair Bolsonaro era de que precisava manter o foco na garantia da
renda do trabalhador durante a crise sanitária, a realidade é que o país não
teve êxito nem em controlar o vírus e nem em proteger a situação econômica das
famílias”, atesta o jornalista Jamil Chade, um crítico ácido da postura
genocida e incompetente do laranjal bolsonariano.
Em termos de
futuro, o estudo não é nada animador. De acordo com a OIT, existem sinais no
cenário global de recuperação no mercado de trabalho em 2021. Mas essa retomada
não virá nem para todos e nem para todas as regiões. “A entidade teme que, ao
final da pandemia, países como o Brasil se encontrem com taxas de desigualdade
ainda maiores”.
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AUTOR
Jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão
de Itararé e colunista do Portal Vermelho.
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