Disputa pelo
comando da Casa foi marcada por avalanche de recursos liberados pelo Planalto
nos últimos dias em troca de votos. A líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida
(AC), repudiou a ingerência do presidente para favorecer seu candidato.
por Walter
Félix
Publicado 01/02/2021 23:16 | Editado 02/02/2021 00:34
O novo presidente da Câmara dos Deputado teve apoio de Bolsonaro l Foto:
Reprodução
A Câmara dos
Deputados elegeu na noite desta segunda-feira (1°) seu novo presidente e os
membros da Mesa Diretora da Casa para o biênio 2021-2022. O cargo de presidente
foi disputado por oito deputados: Arthur Lira (PP-AL), lançado por bloco de 11
partidos com apoio do presidente Jair Bolsonaro; Baleia Rossi (MDB-SP), lançado
por bloco de dez partidos e com apoio do ex-presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ); e
os deputados André Janones (Avante-MG); Fábio Ramalho (MDB-MG); General
Peternelli (PSL-SP); Kim Kataguiri (DEM-SP); Luiza Erundina (Psol-SP) e Marcel
van Hattem (Novo-RS). O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) desistiu de sua
candidatura independente e declarou voto em Rossi.
Beneficiado pelo
forte esquema de “toma lá dá cá” de verbas públicas e distribuição de
cargos nos mais altos escalões do governo federal, Arthur Lira foi eleito
presidente da Câmara, por 302 dos 505 votantes, derrotando o deputado Baleia
Rossi, candidato articulada pela oposição e partidos ligados ao centro
político, que obteve 145 votos.
Antes do início da
votação, a líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), usou suas
redes sociais para criticar a ingerência de Bolsonaro para favorecer Lira na
eleição da presidência da Casa. “Interferência nos partidos e bancadas;
incentivo às traições partidárias; R$ 3 bilhões distribuídos em emendas p/
garantir votos no seu candidato. Definitivamente o governo está tomando a
Câmara de assalto”, denunciou em mensagem no Twitter.
Segundo informações
amplamente divulgadas, mais de R$ 3 bilhões em emendas forma prometidas em
troca de votos, além dos generosos cargos no Poder Executivo. As indicações do
alcance da farra com o dinheiro e os cargos públicos, prática tão atacada por
Bolsonaro no passado, é que houve um compromisso de entregar aos apoiadores de
Lira, nada mais nada menos, do que quatro ministérios. Até mesmo a inegociável
posição de chanceler teria entrado na mesa de negociação.
Independência
Ao longo de todo o
processo eleitoral, o PCdoB defendeu a independência da Câmara em relação ao
governo federal, compromisso abraçado pela candidatura de Baleia Rossi em
respeito ao princípio democrático de autonomia entre os Três Poderes.
Em seu discurso
como candidato, o parlamentar emedebista reafirmou a independência da Casa e o
fortalecimento da democracia. “A Câmara independente é para que a gente possa
fazer a diferença. Independente e harmônica com os demais poderes, independente
com diálogo”, disse.
Rossi, que teve o
até então presidente, Rodrigo Maia, como um dos articulares da sua candidatura,
destacou a atuação de Maia para garantir a autonomia do Legislativo. “Se não
fosse a Câmara independente nesses últimos dois anos, os estados não teriam
recursos para pagar os funcionários”, afirmou. O parlamentar destacou ainda a
necessidade de retomar a pauta social voltada para a população vulnerável em
decorrência da pandemia do novo coronavírus.
Demais cargos
A Mesa é composta
pelo presidente, dois vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes. Em
reunião de líderes partidários durante a tarde, foi definida a distribuição dos
cargos segundo a proporcionalidade. O bloco que apoiou o candidato Arthur Lira
(PP-AL), formado por 11 partidos (PSL, PP, PSD, PL, Republicanos, Podemos, PTB,
Patriota, PSC, Pros e Avante) ficou com cinco cargos: 1ª e 2ª
vice-presidências; 3ª secretaria e duas suplências.
Já o bloco que
apoiou a candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), formado por dez
partidos (PT, MDB, PSB, PSDB, PDT, Solidariedade, PCdoB, Cidadania, PV e Rede),
ficou com quatro cargos: 1ª, 2ª e 4ª secretarias e uma suplência. Entretanto, o
novo presidente Arthur Lira, em seu primeiro ato logo após ser eleito, decidiu
extinguir este bloco alegando suposta irregularidade no registro. A consequência
do ato arbitrário poderá ser a exclusão de parlamentares oposicionistas da
composição da nova mesa.
A presidente do
PCdoB também se pronunciou sobre a decisão autoritária de Arthur Lira. Para
Luciana Santos “Arthur Lira comprova ser da mesma linhagem autoritária de
Bolsonaro” ao tomar uma “atitude de revanchismo contra bloco opositor, rasgar
estatuto da Casa e as regras democráticas”.
Fonte: PCdoB na
Câmara
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